Liverpool, 1908.
Devorava cada palavra dos textos, e cada letra também.
A matéria falava de um vagabundo, conhecido como Mr. Mustard, havia ganhado na loteria. A vida dele tinha dado um disparo e tanto, mas foi fatalmente morto atropelado, por não ter visto as luzes do semáforo mudarem. Sua irmã, Pam, ficou com seu dinheiro. E gastou tudo com politileno.
Aquela história, mesmo sendo triste, me fez rir. A foto da matéria estava muito engraçada.
Bom, meu nome é Eleanor Rigby. Elle para os íntimos.
Eu estava lendo o jornal a caminho do cinema com algumas amigas, para ver o filme The War Of Fools.
Pelo o que me contaram, ele era sobre uma guerra onde o exército inglês vencia. Muitos não conseguiram aprovar o filme, se retirando da sala de cinema.
Pode não parecer, mas era um filme de comédia. Literalmente.
Tudo retratado lá era uma sátira deliciosa de vários fatos ocorridos em diversas guerras, em vários períodos históricos.
Adorei o filme.
Escrevi grandes elogios no meu diário pessoal sobre ele, e desenhei algumas partes dele que mais me fizeram rir.
A noite, fui até a cabeceira de minha cama ler mais um pouco de Frankenstein.
Eu estava adorando ler esse livro. Tão trágico e tão emocionante ao mesmo tempo.
Logo depois de ler uns três capítulos, fui dormir.
Meus sonhos são estranhos demais para eu compreender. Ontem sonhei estar em um barco num rio, com árvores de tangerina no solo e céus de marmelada. E uma garota que identifiquei como Lucy pairava neles com diamantes.
Estranhíssimo, não é?
Minha família me chama de muito imaginativa. E condenam isso.
Argh.
Então o sol bateu em meu olho pela manhã, e acabei caindo da cama.
Tratei de me levantar antes que minha mãe me visse e me desse um esporro por não estar sendo delicada como uma madame.
Fui direto pentear meu cabelo encaracolado, enquanto botava um vestido simples e então desci pra tomar café.
Minha família é simples, moramos em uma casa velha e pequena.
A minha mãe quer que eu me comporte como uma dama, para que eu consiga arrumar um marido rico, mas nem ligo pra isso.
Só quero escrever histórias, mas minha família não aprova, pois acha que eu vou passar fome vivendo de escritora.
Meu pai é severo, sempre com um cachimbo na boca.
O cheiro daquele negócio não é bom, mas já o fumei quando ele não via.
Tenho um pequeno irmão, Maxwell. Tem um jeito de psicopata aquele menino...
Depois de tomar o café, inventei a desculpa que iria dar uma saída para a biblioteca.
Mas o que eu fiz na verdade foi fumar junto com uma amiga, no andar de cima da casa dela.
E enquanto ela falava, eu estava sonhando de olhos abertos com qualquer coisa.
Depois de me despedir e sair de lá, peguei mais um jornal.
Haviam se formado quatro mil buracos em Blackburn, Lancashire. Eram muito pequenos, mas contaram eles um a um. Graças a isso, já sabem quantos buracos são necessários para preencherem o Albert Hall.
Curioso, não?
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