sexta-feira, 19 de julho de 2013

Chaos And Creation - A biografia não autorizada da Whereland, capítulo 2

Se os Beatles e os Rolling Stones eram considdrados rivais, Whereland e The Who seriam os amantes. Literalmente. Jayne Greene e Pete Townshend namoraram por 3 anos e até chegaram a ficar noivos, mas romperam assim que Jayne descobrira que Pete passara uma noite com uma antiga namorada, Karen Astley, e que esta estava grávida.
Evelyn Blen e Keith Moon tiveram um relacionamento deveras conturbado. Noites regadas à álcool, sexo e destruição de quartos, infidelidades, e histórias curiosas, sendo a mais conhecida a em que fugiram junto com um casal de adolescentes, passaram duas semanas sumidos, e só depois foram encontrados num barco próximo do porto de Liverpool.
Roger Daltrey namorou por um ano e meio Betty Martin, com quem tivera uma filha, Sue Lee Martin.
Mas a relação entre Whereland e The Who era muito mais do que amorosa. As bandas possuem um dos maiores números de apresentações colaboradas, entre 1967 até 1978.
No primeiro show em que Whereland e The Who dividiriam o palco, também foi o show que Evelyn Blen acabou tendo o braço quebrado acidentalmente por Keith Moon, enquanto este destruía seu kit de bateria. Uma parte não muito conhecida da história seria quando Pete Townshend parara para dar uma enorme explicação sobre a próxima música que o The Who iria apresentar, mas fora cortado por Evelyn Blen, que disse:
  - Petey,  fique quieto. Eles pagaram ingresso para ouvir vocês tocarem, não para assistir uma palestra. Dê pra eles o que foi prometido.
O resto vocês já sabem. Um pequeno boato que andava era que Moon provocara o acidente intencionalmente, na tentativa de vingar o colega de banda. Mas o próprio Moon carregara Blen quando esta se feriu.
A única foto divulgada de Evelyn Blen com gesso foi tirada neste festival, enquanto esta conversava com um fã, que seria Ian Gillan, futuramente conhecido como vocalista na formação mais famosa da bem-sucedida banda de Heavy Metal, Deep Purple.
Mas nem tudo estava perdido. No dia seguinte, Blen recebeu uma ligação de uma velha amiga de infância, Mary Barton, que estava na cidade.
Após trocarem ideias por meia hora, Blen convidou-a para vir em sua casa tocar um pouco, relembrando os velhos tempos.
Após tocar vários de seus clássicos de blues favoritos, Evelyn, impressionada, exclamou:
  - Nossa Mary, você é muito boa!
  - Obrigada... Mas preciso ajeitar melhor as cordas.
  - É sério! Olha, você já tocou em alguma banda séria?
  - Fui guitarrista de uma bandinha chamada The Parkers por uns 6 meses.Gravamos um compacto, mas depois disso nos separamos.
  - Bom, já é alguma coisa... Você se importaria de trazê-lo para ouvirmos?
  - Bem, se insiste...
Meia hora depois Mary retornara com seu empoeirado compacto, colocando na vitrola de Evelyn. E ao terminarem de ouvirem, não havia mais dúvidas: Mary estava na banda, pelo menos até Evelyn Blen recuperar-se.
O que parecia uma simples substituição temporária, era na verdade um marco na história do rock n' roll como conhecemos hoje.




sexta-feira, 12 de julho de 2013

Chaos And Creation - A biografia não autorizada da Whereland, capítulo 1

"Eu me lembro muito bem daquele dia.
Tinha acabado de ganhar meu primeiro salário, e resolvi gastá-lo comprando um disco. Fui até a loja da cidade, e levei o compacto de uma banda estreante, Whereland, que continha Jeanie Liar, o primeiro hit delas. Ao ouvir, senti-me surpreso por várias coisas, o som, por exemplo, diferente, uma mistura insana de agressividade e harmonia. O vocal poderoso de Evelyn Blen, diferente de muitas vozes femininas que já ouvira. O fato de todas serem mulheres, no momento, o rock era só dos homens. E a letra controversa, que pertubava meus pais conservadores toda vez que eu colocava Jeanie Liar na vitrola de casa. Eu só sabia de uma coisa: o rock n' roll iria revolucionar o mundo."
                                         Henry Teller, colecionador de discos e um grande fã da Whereland.

As rádios inglesas iam a loucura. Havia algumas semanas que um compacto circulava entre os jovens ouvintes, causando um impacto surpreendente.

"Quem são as integrantes da Whereland? De onde elas vieram?" Eram algumas das perguntas que se fixavam nos jornais e noticiários.
Lançaram um álbum homônimo,  também um sucesso de vendas. Tudo isso foi o bastante para chamar a atenção dela. Não tinham empresário, "somos autônomas", declarava a exótica Evelyn Blen, líder da banda, quando um destes se oferecia.
Ou eram. Em 5 de novembro de 1966, às 3 horas e quinze minutos da tarde, mais uma proposta empresarial fora-lhes oferecida. E dessa vez, elas não iriam recusar.
  - De jeito nenhum. - Evelyn Blen, a loira de cabelos curtos e bagunçados e grandes óculos redondos negou friamente. - Sua proposta é no mínimo tentadora, mas não iremos receber ordens de ninguém, nem de você, srta. Hicks.
Mas Alice Hicks não era uma empresária qualquer. Em apenas 22 anos de idade, a esperta garota de óculos quadrados  já era bastante influente e uma verdadeira amante do rock n' roll.
  - Evelyn, pense bem, precisamos do dinheiro... - A ruiva baterista Elizabeth Martin, mais conhecida como Betty, sugeria.
  - É verdade... - Jayne Greene, a morena baixista, também preocupava-se com a carreira das três.
Embora boas instrumentistas, as duas eram fracas quando tratava-se de negócios, fazendo de Evelyn a cabeça criativa e dominante do grupo.
  - Boa tarde, srta. Hicks. - Ela disse com desprezo.
  - É uma pena que seja tão cabeça dura, srta. Blen. - Alice comentou tristemente. - Me pergunto o que será de Jeanie, e tantos outros personagens que estão para vir em suas futuras composições, se é que já não foram criados.
Evelyn virou seu pescoço imediatamente, mas não parecia surpresa.
  - Quem te contou sobre as músicas?
  - Ninguém. Tenho o costume de pesquisar e conhecer as coisas que empresario, não quero administrar negócios de um bando de lixos como muitos fazem.
  - Evy, ela não está mentindo. - Jayne afirmou na hora.
Evelyn pensou bem, e na hora tomou o contrato da mão de Alice, examinando todas as entrelinhas.
  - Preciso de uma caneta tinteiro.
Alice, sorridente, tirou a sua do bolso do paletó, entregando para a guitarrista, que logo passou para a baixista e baterista. O contrato estava pronto.
  - Arranjarei uma turnê por toda Europa para vocês assim que puder, vocês realmente precisam fazer sucesso em mais lugares. Ligarei assim que conseguir.
  - Toda, toda a Europa? Até a França? - Betty perguntou pasma.
  - Isso mesmo.
Betty gritou de alegria, abraçando sua nova empresária firmemente.
  - Eu sempre quis conhecer Paris! Você é incrível, Alice!
  - Mas como você vai conseguir isso? - Jayne perguntou, insegura.
  - Eu me viro, sempre dou um jeito. - Gabou-se, ajeitando seu óculos.
E não estava mentindo. Mais ou menos uma semana depois, a Whereland já estava na estrada, fazendo seu primeiro show em Dublin, Irlanda.
Já em seu quinto cigarro e décima música, Evelyn tinha ainda uma enorme energia para continuar, assim como as outras. Betty distraía o público com curtos mas eficientes solos de bateria, enquanto Jayne afinava discretamente seu baixo.
As garotas provaram naquela noite não serem apenas eficientes musicalmente, como agressivas. Uma das primeiras bandas, a primeira feminina, a fazer uma apresentação completamente agitada, consequentemente atraente para muitos ouvintes no local.
"Elas eram como animais, inquietas, selvagens e instintivas. Lembro da platéia indo ao delírio, pedindo para Evelyn Blen se agitar mais pelo palco, embora ela negasse. Sabia que seu corpo chavama atenção da platéia, cuja maioria era masculina. E realmente, para nós, o homem que levasse ela para cama naquela noite seria o mais abençoado de todos."
                    Kyle McKenna, cidadão irlandês e amante do rock n' roll.
Mas isso não era o mais importante. Horas depois, Alice acordava calmamente no quarto de um ótimo hotel irlandês, e lia as notícias sobre o show, muito bem elogiado.
"*Os Beatles pararam os Estados Unidos por 5 minutos, mas essas garotas pararam a Irlanda por mais de 2 horas." Afirmava um crítico no jornal.
Enquanto isso, Evelyn Blen assistia sentada em uma poltrona fumando um cigarro, pensando em como seria o futuro da banda.



sexta-feira, 5 de abril de 2013

Sufoco


Ocorreu-me, hoje, de ter sido roubada. Pela primeira vez. E do jeito mais idiota que há nesse mundo. Estava na rua mandando uma sms, e veio o sujeito de bicicleta e tomou meu celular. Demorei uns segundos até reparar, devido a meu comportamento lerdo, mas logo tentei correr atrás do maldito. Como de esperar, não consegui. Enfim, ainda bem que tinha meu celular antigo, inferior ao outro, mas me adaptarei (de novo) com esse pequeno. (deixando claro que não morreria sem um, mas tem muita coisa que faço com ele)
Fazer o que, né? Acontece...  (claro que tive que ouvir aquelas frases típicas e levar mais em conta essas lições de moral de sempre)
Enfim, não sei direito o que dizer nesse texto. Podia falar do ladrão, cuja pobreza o força a roubar e fazer críticas ao capitalismo. (também olha como sou a graaaaande “comunista” de plantão) Talvez um texto de humildade. Ou podia fazer umas reflexões muito loucas de lições que a vida nos ensina.
Mas, uma coisa me intriga. Todos dizem que “ah a vida ferra todo mundo” “ah viver não é fácil”. E o que muitos tentam fazer e buscar é o prazer dela. (já outros indivíduos, bem da minha laia, somos todos submetidos a reclamar em sites da internet e sermos tristinhos, “coitadinhos” de nós) Ok. Estou certa até esse ponto, não? Mas será mesmo que é a vida que quer nos ferrar, ou falar dela como a culpada do nosso sofrimento é apenas uma simples metáfora atribuída pelas pessoas desde os primórdios do planeta que vivemos sobre conseguir viver? Não seríamos nós, as pessoas, que tornamos a nossa vida e da dos outros, complicada, mesmo que não queiramos? Seria a vida mais produtiva e agradável se não houvesse certos empecilhos que tanto nos frustram?

sábado, 30 de março de 2013

Cymbaline, capítulo 1

- Mas mãe, eu não quero ir! - Protestava o pequeno Roger, choramingando e se debatendo de pirraça.
- Já chega, Rog! - Sua mãe, Mary, irritada largou sua mão e lhe deu um tapa no rosto, fazendo o garotinho se encolher e começar a chorar alto. - John, por favor leve seu irmão pra sala.
O irmão obedeceu, puxando o caçula rapidamente para dentro do lugar que se tornaria o inferno de sua vida: A escola.
Andando pelos corredores, os dois finalmente chegaram na sala aonde Roger iria estudar, e este perguntou ao seu irmão mais velho:
- Você vem?
- Não, eu estudo em outra sala... - John respondeu e abriu a porta para seu irmão. - Tchau Roger, nos vemos no recreio.
O pequeno Roger se virou para frente, vendo que o frio professor o encarava rigidamente, com um aspecto maligno.
- Diga seu nome pra classe, garoto. - O educador ordenou.
- G-George Roger Waters... - Ele respondeu, trêmulo, enquanto a classe em silêncio o olhava indiferente.
- Muito bem, Roger... Sente-se ali.
O tímido garoto logo se dirigiu até o lugar, mas não sem antes levar uma rasteira de um colega e cair no chão, provocando altas risadas da classe.
- CALADOS! - O professor gritou, olhando rispidamente para todos os alunos. - Quem deu a rasteira?
Roger não teve medo de dedurar, apontando até o garoto que o fizera cair no chão. O professor enfurecido logo foi até este, acertando sua mão com uma régua.
- E Sr. Waters, levante-se do chão. - Mandou, e Roger engoliu o choro e andou depressa até seu lugar.
Logo a aula começara. O professor iria ensinar leitura e caligrafia aos alunos, o que levaria alguns meses até a matéria de verdade começar.
Roger já sabia ler e escrever há tempos, pois sua mãe era uma professora e o ensinou, alegando que seria bom ele aprender essas coisas logo para começar a aprender de verdade. Então, as aulas foram inúteis para o garoto, que começou a fazer rabiscos na carteira e observar o lado de fora pela janela.
Mas isso não durava muito, logo o professor o chamava atenção batendo na sua mão com uma régua e mandando-o prestar atenção na aula.
E isso não fora apenas nas primeiras aulas. Este e vários professores que Roger teve iriam puni-lo psicologica ou fisicamente caso não obedecesse as regras da escola, atormentando boa parte de sua vida escolar.
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Não demorou muito até o intervalo do almoço chegar, para o alívio do pequeno Roger.
Após encher o prato com o almoço do dia, enrolado de carne, arrumou um lugar pra sentar e começou a comer.
Olhava para os lados, vendo vários grupos de amigos conversarem e rirem juntos e se sentiu solitário, encolhendo-se na cadeira por timidez.
- Olha só, o novato! - Uma voz falou ameaçadora, fazendo Roger se virar pra trás no mesmo instante. Era o mesmo colega que lhe dera uma rasteira, junto com mais outros dois delinquentes juvenis. - Rapazes, por favor...
Os dois cúmplices agarraram Roger pelos braços, o arrastando até perto do corredor do banheiro.
- Então, me dedurou não é? - O bully falou com agressividade. - Me fez levar uma reguada na mão... Pois bem, veremos se você vai gostar disso!
O garoto deu um soco no estômago de Roger, fazendo este se encolher de dor e choramingar.
- Own, o bebê chorão não gostou de apanhar? - Um dos amigos do bully provocou de deboche.
Roger levantou o rosto com ódio e já iria praguejar, mas na hora recebera um soco no rosto, que lhe proporcionou um nariz sangrando e um olho meio roxo.
- Ei, parem com isso! - Uma voz fina gritou, fazendo os três garotos olharem pro lado e verem quem era.
- Vamos embora daqui pessoal, é uma garota! - O bully que agredira Roger exclamou, e os outros dois largaram o menino e saíram correndo de lá.
A garota olhou com pena para Roger, que agonizava em dor, e foi até ele estendendo a mão e o ajudando a levantar.
- Calma, eu te levo na enfermaria. - Ela o apoiou nos ombros, o ajudando a andar.
Roger observava admirado a garota. Ela tinha cabelos castanhos claros, olhos cinzentos e era um pouco pálida, parecia uma bonequinha. O garoto a observava em transe, até chegarem a enfermaria.
A enfermeira, uma senhora bem gorda, deu duas bolsas de gelo para Roger colocar no olho roxo e na barriga, e um lenço para este preenssar no nariz, avisando ao professor que ele ficaria ali de repouso pelo resto do dia.
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- Ei, garoto, espera aí! - Uma voz chamou Roger, que estava indo para casa, sozinho, já que seu irmão fora antes, depois do término da aula. Ele se virou e viu que era a mesma garota que o ajudara mais cedo.
- O q-que foi? - Ele gaguejou tímido.
- Você está melhor? - Ela perguntou num ar de preocupação, que deixava Roger constrangido.
- Eu vou ficar... Mas então, qual é seu nome?
- Joan Powell. E o seu?
- Roger Waters...
- Prazer em conhecê-lo, Roger.
Então os dois conversaram bastante enquanto iam para suas casas, trocando várias ideias. Tinham muito em comum, Roger perdera seu pai na Segunda Guerra Mundial e Joan também, além de seu irmão mais velho voltar desta sem uma das pernas e virar um fardo para sua família.
- Mas e então... - Roger falou num tom brincalhão. - Quer me ajudar a dar uma desculpa para minha mãe sobre esse olho roxo?
Joan riu, e os dois foram para a casa de Roger, aonde a Sra. Waters preparava o almoço.
- Mãe, cheguei! - Roger falou tentado esconder ao máximo seu olho roxo.
- Por que não veio com seu irmão? - A Sra. Waters perguntou um pouco rigorosa, até notar que o filho tinha companhia.
- O relógio tinha quebrado e o professor não notou, então acabou atrasando a aula. - Joan mentiu rapidamente.
- É... - Roger falou baixinho, apoiando a mentira.
- Tudo bem... E Roger, quem é a sua amiguinha?
Joan não demorou e já fora apertar a mão da Sra. Waters, falando:
- Meu nome é Joan Powell, muito prazer em conhecê-la, Sra. Waters!
- Que gracinha... - A mãe de Roger sussurrou. - Vai lanchar conosco, Joan?
- Bem, acho que eu devia perguntar pra minha mãe antes... - A garota falou sem jeito. - Espere um momento!
Ela saiu correndo de lá, sabe-se lá pra onde.
- Acho que já vi essa menina antes, Rog... - A Sra. Waters comentou, tentando se lembrar. - Ela mora no finzinho da rua, com a mãe e o irmão inválido dela.
Roger assentiu, feliz até por saber isso.
- Agora fale a verdade... - A mãe falou num tom mais sombrio. - O que houve no seu rosto?
- C-como assim? - O garoto gaguejou, temendo que ela suspeitasse de algo.
- Andou brigando na escola?! Meu filhinho, tão novinho... Como pôde? Você podia ter se machucado pior ainda!
- Não, mãe! Foram eles que bateram em mim!
- Ah é? Espera só que eu vou falar amanhã com o seu professor sobre isso, onde já se viu!
- Não precisa mãe!
Roger temia apanhar mais ou ser vigiado constantemente por um professor de escola se aquilo acontecesse. Mas nada adiantou, nada impediria a Sra. Waters de fazer aquilo. A ausência do pai de Roger a afetara muito, fazendo ela ficar superprotetora demais, o que incomodava ele e seu irmão bastante.
Após a discussão, Roger correu para seu quarto, só saindo de lá quando Joan finalmente voltou.
A garota tentou consolá-lo, explicando que sua mãe também tinha alguns problemas parecidos, ainda mais porque tinha que cuidar de seu irmão mais velho.
Enfim, não foi o suficiente, mas ter alguém para compartilhar seu sofrimento já era alguma coisa. E desde aquele dia, Roger Waters fora apaixonado pela garota.
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Alguns anos se passaram, e logo entrou na escola também um sujeito chamado Roger Keith Barrett, que um tempo depois adotaria o apelido Syd, supostamente em homenagem a um contrabaixista de jazz local, Sid "the Beat" Barrett, apenas mudando o "i" pelo "y".
Mas enfim, isso não era o mais importante. O garoto logo ficou bastante amigo de Roger, e Joan, que acabou desenvolvendo uma paixonite de infância por ele, para o temor de Roger. Syd era muito talentoso, fazia poemas, desenhava e sabia tocar alguns instrumentos, o que encantava muito a garota, que sempre gostou de artistas.
Mas os anos naquele colégio estavam no fim. Roger e Syd logo foram para outra escola, que era apenas para garotos, e Joan para outra, que era apenas para garotas, o que fez o trio se ver um pouco menos.
E as coisas ainda continuavam tensas para Roger em relação a sua vida escolar. Odiou cada vez mais aquele sistema rigoroso de ensino, o que influenciaria muito sua vida, mesmo naquele momento não tendo ideia disso. Durante a adolescência sentiu vontade de aprender a tocar algum instrumento, em parte para chamar atenção de Joan, mas nunca conseguia e acabava desistindo rapidamente. Provavelmente acabaria fazendo arquitetura, e ficou com essa ideia até o dia de sua formatura, quando estava pensando na faculdade que iria.
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- Mas que orgulho do meu filhinho! - A Sra. Waters se gabava orgulhosa, beijando o rosto de Roger com carinho, deixando o filho embaraçado. - Se formou!
- E o que ele vai fazer? - Uma senhora que era vizinha dos Waters perguntou, dando um sorriso banguela.
- Arquitetura! - A mãe de Roger gritou orgulhosa. - Tenho certeza que será o melhor, mas me dói o coração pensar que terei que deixar meu pequeno Rog ir embora...
- Mãe, pare com isso, está me envergonhando... - Roger sussurrou sem jeito.
- Ah filhinho, mas é um momento especial! Vamos pra casa comemorar!
- Espere, eu quero falar com a Joan primeiro...
- Tudo bem Rog... Mas não demore muito! Tem um bolo guardado na geladeira só pra nós!
Roger assentiu e procurou sair de lá o mais rápido o possível para evitar mais constrangimento, indo até o local onde ele e Joan marcaram de se encontrar naquela noite.
E lá estava ela, mais linda do que nunca, com um vestido branco e o cabelo preso, sorrindo para seu amigo embaixo de um poste de luz fraca naquela densa noite.
- Bela beca. - Ela deu uma leve risada, enquanto Roger reparava na antiga beca que usava.
- É alugada - Ele explicou colocando a mão na cabeça, com cuidado para não derrubar seu capelo. - Daqui a pouco tenho que devolver...
- Teria, se eu não pegasse... Isso!
Joan logo tirou o capelo da cabeça de Roger e saiu correndo como se fosse na época que eram crianças. O recém-formado riu, correndo atrás dela até que foram parar num campo local.
- Há, te peguei! - Roger agarrou Joan por trás fazendo os dois tropeçarem e rolarem pela grama. Riram de si mesmos, e olharam para o lindo céu estrelado que aquela noite proporcionara por um tempo.
- E então... - Joan começou a puxar papo. - O que pensa em fazer?
- Arquitetura. - Roger respondeu, respirando fundo. - Uma faculdade me aceitou, porém fica em Londres...
- Que fica a 95 km de Cambridge...
- Sim... Eu vou ter que morar lá.
- Entendo, Rog. Vou te escrever todo dia, e ai de você se não responder pelo menos uma vez!
Roger riu de leve, e se levantou, estendendo a mão para Joan, o que os forneceu uma breve nostalgia do dia que se conheceram.
A garota se levantou com a ajuda do amigo, sendo abraçada por este.
- Vou sentir sua falta, JoJo...
- Eu também, Rog... Procurarei te visitar em alguns finais de semana, quando der.
- Ótimo - Ele sorriu, pegando seu capelo da mão da garota. - Eu parto amanhã, vai na estação comigo?
- Claro! Eu não perderia isso.
Os dois riam sem jeito, um pouco tímidos.
- Ei vocês dois! - Alguém gritou de longe, se aproximando. - Estão comemorando sem mim?
Era Syd, que estava com sua beca ligeiramente detonada e os olhos meio amarelados, devido ao uso do rapaz de ácidos como LSD, que preocupava as pessoas a sua volta, mesmo na época não sendo comprovado que aquilo era prejudicial. Mas sempre haviam boatos.
- Syd! - Joan deu um abraço no amigo e Roger só chegou mais perto, levando um tapinha nas costas deste. - Vai estudar aonde?
- Aqui mesmo, na Anglia Ruskin. - Ele respondeu alegre, levemente chapado.
- Artes? - Joan perguntou ansiosa.
- Isso mesmo!
- Ah meu Deus, eu também! Vamos ser colegas!
Os dois se abraçaram felizes, sendo observados por Roger, que se sentia excluído da conversa.
- Caham - Ele pigarreou, tentando cortar o clima que o incomodava severamente. - Vamos lá?
- Ah sim! - Syd concordou, mas não sem antes virar pra Joan e perguntar: Jo, você está muito linda hoje, gostaria de dançar?
- Mas é claro! - A garota concordou feliz, para a tristeza de Roger. - Ahn, Rog... Tudo bem se nós formos lá?
- C-claro! - Ele gaguejou enrolado, tentando esconder seu desânimo. - Divirtam-se!
Então os dois amigos, senão melhores, de Roger foram até lá, deixando-o sozinho e ligeiramente confuso. Mas este nem resolveu esquentar a cabeça, só foi até a festa aproveitar o que seria sua última noite em Cambridge por um bom tempo.
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Eram dez pras sete. Roger esperava na estação de Cambridge o trem que o levaria pra Londres, levando uma grande mala de rodinhas com suas coisas e algumas bolsas com livros e o dinheiro que usaria lá.
Fora um sufoco se despedir de sua mãe, que chorava alto e não queria de jeito nenhum que seu filho fosse. Mas enfim, aquilo acabara, e Roger suspirou aliviado ao pensar nisso. Agora mal esperava ver Joan, antes da Grande Partida...
E não demorou muito até ele avistar de longe a garota vindo até ele, porém não sozinha: Syd também vinha junto.
- George Roger Waters, nem pense que você vai embora sem se despedir dos seus amigos! - Joan falou chegando perto dele, o abraçando fortemente. - Quando chegar, mande um telefonema para nós.
Roger abraçou a garota de volta, sorridente, e sentiu o cheiro do cabelo dela. Tinha um leve aspecto de pêssego, que o deixava louco. O momento estaria perfeito, se Syd não viesse chamar a atenção deles para fazer um comentário:
- Quando terminar a faculdade, também irei pra Londres. Não pense que vai se livrar de min tão fácil!
Roger deu uma risada de leve, para não ilustrar um pouco da chateação que tivera por ser interrompido. Nada pessoal. Adorava Syd, era como um irmão pra ele. Porém também o invejava, pois além de ser supertalentoso, chamava a atenção de Joan, deixando-o com ciúmes.
Mas os pensamentos foram interrompidos ao escutar um apito vindo de longe: O trem se aproximava.
Roger deu um abraço rápido nos dois, pegou sua bagagem e foi até a plataforma de embarque.
Ao entrar no trem, sentou-se num lugar perto da janela abriu-a, debruçando-se para acenar para Syd e Joan, que vieram o mais próximo o possível para verem Roger indo.
Enquanto Joan acenava alegremente para Roger, Syd tomou coragem e agarrou a garota, beijando ela apaixonadamente.
Roger quase gritou indignado ao ver a cena, e se sentou em seu lugar rapidamente, desejando dormir a viagem toda para não pensar naquilo.

quarta-feira, 27 de março de 2013

O que é ser diferente?

As pessoas estão com esse padrão agora de "serem diferentes". Mas me vem a dúvida: O que é ser diferente?
Segundo nosso velho camarada Aurélio, diferente é "Que apresenta uma diferença, que não é igual."
Mas... Igual ao que? Para ser igual, precisaria ter algo em comum, certo?
Assim como a verdade, não há comum absoluto. É variado dependendo do povo, dos costumes, da cultura, hábitos, etc. E ser diferente de um desses grupos não quer dizer que você será diferente de tudo.
Tem muita gente que vê a diferença como algo bom, algo para se destacar ou boa característica. E procura exibir isso. Porém, não demorou muito para as outras pessoas, as quais esses "diferentes" consideram comuns e tentarem agir como eles para não se sentirem excluídas. É o que gera várias críticas, não?
Pois bem... Por que as pessoas sempre querem ser diferentes das outras mas sempre soltam frases como: "Somos todos iguais" ou "Temos os mesmos direitos"?
Na minha visão, ser diferente não é uma característica, e sim uma consequência. E vai ser boa ou ruim dependendo de você e de quem você se difere. Não adianta tudo que você faça para se sentir diferente dos outros, como diz a letra de All You Need is Love: "There's nothing you can do that can't be done." Enfim, sempre terá alguém que pensa e age como você, mesmo que ele esteja muito longe.
E por que é tão ruim ser igual? Talvez porque esse igual que vocês tanto criticam é ruim aos seus olhos? Pois se você se juntasse a um grupo de pessoas diferentes desses "iguais" e parecidos com você, não haveria mais diferença, certo?

sexta-feira, 15 de março de 2013

Homenagem (atrasada) ao Dia do Poeta

Ontem, numa ida à biblioteca da escola, fui informada que era Dia do Poeta, devido a uma gincana que fizeram que consistia em escrever um poema próprio ou copiar um de um poeta popular, colando na parede.
Não sou muito de ler poesias e nem tenho poetas favoritos, mas admiro a arte. Nunca me considerei nem me considero agora uma poetisa, mas resolvi colaborar fazendo uma poesia, pelo meu próprio entretenimento, e devo admitir que ficou legal, pelo menos relativamente. Aqui está:

A vida é um sofrimento
É o que todo homem diz sem consentimento
De que este mundo é tão belo
Mas ele estraga com seu ego
Em desespero, chora por sua morte
E quem sabe talvez isso seja uma sorte
Para que o sofrimento que tanto pragueja
Se finde, sem que ele veja.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Feliz Aniversário

Não lembro exatamente quando fora o dia, mas lembro a vontade que eu tive... De escutar a tão aclamada Here Comes The Sun. 
Era uma música altamente familiar aos meus ouvidos, devido a alguns covers que escutara por aí (sendo o mais conhecido destes para mim o do filme Bee Movie). Era algo mágico, me acalmava... E sempre tive uma mania de conhecer a versão original de covers (O que me levou a conhecer bandas simpáticas como Pilot e Katrina And The Waves), e logo descobri que essa música era dos Beatles. Eles já haviam sido mencionados durante a minha infância, e inclusive já escutara algumas de suas músicas, Yellow Submarine, na primeira série, e tinha uma leve lembrança da melodia de I Want To Hold Your Hand de algum lugar.
Porém nunca foram meu centro de atenções. Não tinha muitos gostos formados, principalmente na música. Escutava o que ouvia em séries de tv, já que mal sabia (ou podia) mexer em um computador, devido a vários problemas internos... Mas isso não é o ponto principal. O que vinha ao caso é que nada conhecia sobre essa banda, principalmente seus integrantes (quando Paul McCartney veio tocar no Brasil pela segunda vez, gerou uma enorme repercussão e várias matérias de jornal falando de sua época nos Beatles, e eu simplesmente fiquei impressionada em descobrir que ele era um Beatle, aliás). Mas nunca tive curiosidade (ou oportunidade) em conhecer... Então um dia aprendi como baixar músicas do jeito mais simples (4shared), e logo a vontade de baixar essa música na versão original veio. Descobri que era dos Beatles, e logo li esse nome pela primeira vez: George Harrison. Compositor e cantor dessa música. Baixei, de primeira não tendo muito interesse. Mas um tempo depois, comecei a ouvir mais vezes e quando me dei conta, já não largava de ouvir. (curioso que um dos meus fones estava quebrado, então não ouvira de primeiro a linda introdução com aquele violão tão gostoso de ouvir, só desfrutando dessa sensação tempos depois) A voz de George era incrívelmente doce, e tão natural... A música não era composta de efeitos eletrônicos e muito menos tinha uma letra fútil...  Na época estava com alguns problemas emocionais, confusa, perdida... E aquela canção veio a calhar. Logo fui conhecendo mais sobre Beatles, baixando em seguida I Want To Hold Your Hand e lendo sobre a banda, principalmente sobre George... Ele parecia tão diferente.
Eu observava pessoas (via internet) em sua maioria admirarem mais John Lennon, mas não sei por que, apenas não simpatizava tanto com este... A música de George parecia tão mais interessante aos meus ouvidos do que qualquer um deles. Era um homem tão simples. E foi o único que ouvi alguma coisinha da carreira solo, mesmo que não tanto (não se enfureçam comigo, posso não ter escutado agora mas nada garante que nunca escutarei). Sou uma admiradora tão recente dele... (um ano mais ou menos) E de música também. Mas já acho que comecei bem. As cítaras que George colocava nas músicas influenciadas pela cultura indiana eram mágicas, um som tão místico. E acho que isso me influenciou a criar um gosto por música psicodélica, por mais que eu não seja uma expert no assunto. Muitos dizem que psicodelia é tudo uso de drogas, e talvez seja mesmo. Mas o som soa tão amável no meu ouvido, me fazendo imaginar estados de paz... Não sei como explicar direito. E gosto de letras com assuntos variados, não apenas músicas românticas ou críticas sociais.
Hoje em dia não escuto tanto Beatles. Outros sons me puxaram, e me agrado com eles... Não conheço tanto ainda, mas pretendo.
Mas sempre que me dá uma vontade, ligo o Windows Media Player ou o meu celular, havendo 90% de chance de ser uma música composta por George.
Hoje este gênio faria 70 anos, se estivesse aqui. Antes meu conceito de morte era algo trágico, mas fui mudando... Por mais que ele não possa mais comemorar de fato um aniversário, o lado bom é que ele está livre, espero que aonde ele acredita ir após a morte...
Feliz aniversário, George Harrison, e muito obrigada por me fazer realmente gostar de música.