sábado, 23 de fevereiro de 2013

Feliz Aniversário

Não lembro exatamente quando fora o dia, mas lembro a vontade que eu tive... De escutar a tão aclamada Here Comes The Sun. 
Era uma música altamente familiar aos meus ouvidos, devido a alguns covers que escutara por aí (sendo o mais conhecido destes para mim o do filme Bee Movie). Era algo mágico, me acalmava... E sempre tive uma mania de conhecer a versão original de covers (O que me levou a conhecer bandas simpáticas como Pilot e Katrina And The Waves), e logo descobri que essa música era dos Beatles. Eles já haviam sido mencionados durante a minha infância, e inclusive já escutara algumas de suas músicas, Yellow Submarine, na primeira série, e tinha uma leve lembrança da melodia de I Want To Hold Your Hand de algum lugar.
Porém nunca foram meu centro de atenções. Não tinha muitos gostos formados, principalmente na música. Escutava o que ouvia em séries de tv, já que mal sabia (ou podia) mexer em um computador, devido a vários problemas internos... Mas isso não é o ponto principal. O que vinha ao caso é que nada conhecia sobre essa banda, principalmente seus integrantes (quando Paul McCartney veio tocar no Brasil pela segunda vez, gerou uma enorme repercussão e várias matérias de jornal falando de sua época nos Beatles, e eu simplesmente fiquei impressionada em descobrir que ele era um Beatle, aliás). Mas nunca tive curiosidade (ou oportunidade) em conhecer... Então um dia aprendi como baixar músicas do jeito mais simples (4shared), e logo a vontade de baixar essa música na versão original veio. Descobri que era dos Beatles, e logo li esse nome pela primeira vez: George Harrison. Compositor e cantor dessa música. Baixei, de primeira não tendo muito interesse. Mas um tempo depois, comecei a ouvir mais vezes e quando me dei conta, já não largava de ouvir. (curioso que um dos meus fones estava quebrado, então não ouvira de primeiro a linda introdução com aquele violão tão gostoso de ouvir, só desfrutando dessa sensação tempos depois) A voz de George era incrívelmente doce, e tão natural... A música não era composta de efeitos eletrônicos e muito menos tinha uma letra fútil...  Na época estava com alguns problemas emocionais, confusa, perdida... E aquela canção veio a calhar. Logo fui conhecendo mais sobre Beatles, baixando em seguida I Want To Hold Your Hand e lendo sobre a banda, principalmente sobre George... Ele parecia tão diferente.
Eu observava pessoas (via internet) em sua maioria admirarem mais John Lennon, mas não sei por que, apenas não simpatizava tanto com este... A música de George parecia tão mais interessante aos meus ouvidos do que qualquer um deles. Era um homem tão simples. E foi o único que ouvi alguma coisinha da carreira solo, mesmo que não tanto (não se enfureçam comigo, posso não ter escutado agora mas nada garante que nunca escutarei). Sou uma admiradora tão recente dele... (um ano mais ou menos) E de música também. Mas já acho que comecei bem. As cítaras que George colocava nas músicas influenciadas pela cultura indiana eram mágicas, um som tão místico. E acho que isso me influenciou a criar um gosto por música psicodélica, por mais que eu não seja uma expert no assunto. Muitos dizem que psicodelia é tudo uso de drogas, e talvez seja mesmo. Mas o som soa tão amável no meu ouvido, me fazendo imaginar estados de paz... Não sei como explicar direito. E gosto de letras com assuntos variados, não apenas músicas românticas ou críticas sociais.
Hoje em dia não escuto tanto Beatles. Outros sons me puxaram, e me agrado com eles... Não conheço tanto ainda, mas pretendo.
Mas sempre que me dá uma vontade, ligo o Windows Media Player ou o meu celular, havendo 90% de chance de ser uma música composta por George.
Hoje este gênio faria 70 anos, se estivesse aqui. Antes meu conceito de morte era algo trágico, mas fui mudando... Por mais que ele não possa mais comemorar de fato um aniversário, o lado bom é que ele está livre, espero que aonde ele acredita ir após a morte...
Feliz aniversário, George Harrison, e muito obrigada por me fazer realmente gostar de música. 


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Blue, Red And Grey, Capítulo 16

– E o próximo... - A enfermeira olhou a prancheta. - Srta. Evelyn Blen.
Na mesma hora uma jovem com um gesso se levantou, indo até lá acompanhada de um rapaz, que a enfermeira deduziu ser seu namorado.
Logo ela foi pegar uma tesoura, começando a cortar o gesso.
– Como você machucou o braço? - Ela perguntou curiosa enquanto cortava um terço do gesso.
– Ele derrubou um tambor nele. - Evelyn respondeu apontando pra Keith, e logo viu a enfermeira fazer uma cara de espanto. - Não se preocupe, foi um acidente.
– Ah sim... - A enfermeira voltou a cortar o gesso, se calando.
– Mas se ele tentasse me atacar, pegava meu canivete e cortava a garganta dele. - Evy acrescentou com uma expressão facial de indiferença, como se já fosse acostumada com coisas desse tipo.
– M-meu Deu... - A enfermeira pulou ao ouvir isso, com medo e receando em chamar a polícia.
– Eu tava brincando! - Evelyn deu uma risada leve, mas logo voltou a fazer uma cara de séria. - Continue com o seu trabalho, por favor...
– O-ok... - Ela voltou a cortar, até que viu Keith mexendo com algumas coisas de sua mesa, como seringas. - Ei, senhor...
– Meus amigos me chamam de Keith, você me chama de John. - Ele disse com um olhar indiferente para a insegura enfermeira enquanto espetava seu dedo de leve na agulha. - Podia levar uma dessas pra botar heroína.
– Pode largar isso, por favor? - A enfermeira pediu impaciente.
– Keith, por que você não preenche aquela ficha por mim? - Evelyn pediu com calma e um ar leve de impaciência.
– Por quê? - Ele perguntou, provocando.
– Porque eu mandei – Ela respondeu com um olhar malvado – E é melhor eu não estar chateada com você depois que eu tirar esse gesso.
– Tá, tá... – Ele pegou a prancheta em cima da mesa, apertando o botão da caneta. – Nome?
– Evelyn Margareth Blen – Ela disse, com um pouco de ódio, como se não quisesse lembrar esse nome.
– Então o seu nome do meio é Margareth? – Ele comentou risonho enquanto escrevia.
– Não me lembra disso, por favor... – Evelyn grunhiu. – Eu odeio esse nome.
– Ah é? – Ele deu um riso. – Então vou te chamar de Maggie agora.
– Se foder, vai... – Evy falou mostrando o dedo do meio.
– Hummm, tá bom... – Ele olhou malicioso e voltou a olhar para a ficha. – Sexo? Essa é a mais fácil de se preencher. Todos os dias...
– Aff, você é um chato, Keith Moon – Evelyn falou risonha. – Mas eu te amo.
– Vocês dois são engraçados... – A enfermeira riu, finalmente acabando de cortar o gesso. – E esquisitos também.
– Obrigada, mas você ainda tem um gesso pra tirar. – Evy não deixou de comentar, impaciente.
– Calma... – Finalmente ela tirou o gesso da frustrada garota. – Consegue mover o braço?
– Acho que sim... – Evy começou a girar e balançar o braço aleatoriamente, tentando recuperar os movimentos. – Espera aí... Keith vem aqui...
– O que é? – Ele chegou perto e levou uma tapa no rosto, que provocou um sorriso na garota.
– Pois é, consigo mexer muito bem. – Ela sorriu diabolicamente para a enfermeira, que estava sem graça. – Agora vamos dar o fora daqui.
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Mary estava sentada no seu sofá, pensativa. Não conseguia se distrair com nada, e estava se sentindo muito sozinha. Sua situação na banda também era preocupante. Já que Evy já estava possibilitada de tocar de novo, ela ia ser dispensada e teria que arrumar outro emprego.
“Devia parar de pensar nos meus problemas” Ela pensou trêmula, tomando um gole de conhaque. “Eles me deixam nervosa demais.”
Nem tocar a distraía. Tentou dormir, mas não conseguia. Só ficava duvidosa.
Até que seus pensamentos preocupantes foram interrompidos pelo telefone tocando. Correu até o móvel perto do sofá e o tirou do gancho.
– Alô? – Ela perguntara sem um pouco de seu fôlego, devido ao breve esforço.
– Oi Mary – A voz do outro lado da linha respondeu e Mary reconheceu como Evelyn. – Como está?
– B-bem... – Ela gaguejou, temendo que fosse dispensada naquela hora. – Por que ligou?
– Nada, só que eu e o Keith vamos dar uma festinha... Queria saber se você quer ir.
– Você dando festas, Evy? Não parece muito da sua natureza.
– Não sabe que dia é hoje, não é?
– 9 de março?
– Também... Não me diga que você esqueceu...
– Ahh é... Seu aniversário, certo?
– Sim. Eu nem queria lembrar, mas quando o Keith ficou sabendo... Cara, ele ficou enchendo o saco para eu comemorar.
– Hahaha, é que horas a festa?
– Daqui a uma hora...Tempo suficiente pra você dar uma retocada e comprar um presente.
– Ok...
– É sério, se é pra todo mundo ficar me lembrando de que eu um ano mais perto de morrer quero algo pra recompensar.
– Tá certo Evy, eu compro alguma coisa...
– Então te vejo lá, tchau.
– Tchau...
Ao colocar o telefone de volta no gancho, a garota correu para o banheiro se arrumar.
– Então, o que você espera fazer nesse ano? – Dani falou enquanto via a fumaça do cigarro de Pete subir, se apoiando na parte de trás da cadeira com os braços.
– Bem... – Ele assoprou fumaça para fora da boca, e depois voltou a olhar para a namorada. – Estou pensando no próximo álbum que eu vou gravar com a banda... Tenho algumas ideias, mas ainda não estou certo.
– Ah sim... Ainda não sei o que eu vou fazer... Vou esperar a Evy ter algumas ideias e aí acho que começamos a trabalhar...
– Você não precisa depender dela, sabe...
– Pete, eu só fiz umas duas composições até agora. Dá no máximo pra fazer um single com isso. A Evy é uma máquina humana de composições...
– Vocês devem ter sorte em ter ela na banda... Mas você tem que saber ser independente também, apesar de ela ser a líder.
– Você fala isso porque é o líder da sua banda. Não quero liderar, não sei fazer isso.
– Está bem, deixa pra lá...
– Você parece estar mais calmo ultimamente. Menos ciumento.
– Acha mesmo?
– Sim...
– É que eu te amo muito, e notei que você também... Seria besteira ficar sendo possessivo.
Dani riu e o beijou carinhosamente, por uns segundos.
– Sim, te amo muito.
Então o telefone tocou, cortando o clima do casal.
– Deixa que eu atendo. – Dani falou indo até a sala, deixando Pete na varanda de casa.
Ele olhou pensativo para a garota, pensando sobre o futuro dos dois.
Os dois estavam muito bem durante esses sete meses. Mas e depois? Continuariam juntos? Ele queria pensar muito bem antes de fazer qualquer coisa, mas já estava cogitando em pedi-la em casamento. Ele a amava muito, e não se importava em passar o resto da vida junto com ela.
– Era a Evy. – Dani falou ao voltar para a varanda. – Nos convidou para a festa de aniversário dela, você vem?
– Claro... – Pete respondeu indiferente.
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– Já vai! – Evelyn gritou correndo até a porta, vendo John ao abrir. – Oi Ox, chegou cedo.
– Eu sei. – Ele falou já entrando. – Não tinha mais o que fazer, então vim pra cá direto. Cadê o Keith?
– Aqui! – Ele falou sentado em um sofá do outro lado da sala, sem fazer nada.
– Não vai fazer nada não? – John perguntou chegando perto do colega de banda, fazendo um cumprimento inventado pelos dois e sentando no sofá mais próximo.
– E você acha que eu sou trouxa de deixar ele fazer alguma coisa? – Evelyn falou enquanto olhava pros dois. – Pra depois ter alguma coisa explodida nessa casa?
– É, tem razão. – John concordou, enquanto se ajeitava no sofá.
– Acho que já tá tudo pronto... – Ela disse dando uma olhada geral no ambiente. – Agora eu quero mais é que vá tudo se fuder, vou descansar um pouco.
Então ela se jogou no sofá, enquanto John a observou caindo nele e não deixou de perguntar:
– Não vai se arrumar não?
– Eu já estou arrumada... – Ela disse com um olhar impaciente.
– Você que sabe né... – John respondeu sem jeito.
– Ei, eu já posso sair dessa cadeira? – Keith perguntou.
– Sim, pode... – Evelyn respondeu, roendo a unha. – Fica lá na porta pra poder atender quem chegar.
– Senão? – Ele perguntou em um tom desafiador.
– Você já sabe. – Ela o fitou com um olhar de predadora. – Agora vai.
– Tá... – Keith foi andando impaciente até a porta, virando pra John sussurrando: “Ela vai me matar”
Passada meia-hora, a campainha tocou de novo. Era Mary.
– Oi... – Ela disse baixinho, entrando na casa.
– Oi Mary – Evy falou deitada do sofá.
– Oi Evy... – Mary respondeu indo até mais perto da amiga, com um embrulho nas mãos. – Feliz aniversário, espero que goste do presente...
A garota pegou o pequeno embrulho das mãos da guitarrista substituta, já abrindo.
– Cordas novas? – Ela disse empolgada. – Obrigada, tava precisando.
– De nada... – Mary falou dando um sorriso tímido e procurando um lugar vago para se sentar, que coincidentemente era do lado de John, que olhava surpreso para a garota.
– Nossa Mary... – Ele disse maravilhado. – Você está muito bonita hoje.
– O-obrigada... – A garota corou, se encolhendo na poltrona onde estava sentada.
Então os quatro ficaram conversando, até que chegaram mais pessoas: Roger e Belle.
E essa segunda não ficou muito feliz de encontrar Mary lá, se sentando um pouco longe dela junto com Roger.
– Belle, não precisa ter ciúmes... – Roger falava tentando quebrar o gelo. - Eu amo você, minha pequenininha.
– Aposto como você dizia isso para Mary sempre.
– Pare de implicar com a Mary! Acabou tudo entre mim e ela. Vocês deviam ser amigas.
– Como vou ser amiga de uma rival em potencial? Ela quer tirar você de mim!
– Não quer, não.
– Como pode ter tanta certeza?
– Porque olha ela e o Ox conversando ali. Veja como estão se dando bem...
Belle olhou os dois por um breve momento, vendo que estavam mesmo se dando bem. Riam bastante.
– Então isso significa que ninguém vai te tirar de mim... – Ela riu, dando um selinho nele.
– Sim, meu amor...
Os dois sorriam um pro outro, apaixonados.
E então a campainha tocou de novo. Eram Dani e Pete.
– Eles foram os últimos convidados, posso agora fazer alguma coisa? - Keith perguntou impaciente.
– Sim. - Evy respondeu indo até ele. - Pode me beijar.
– Tá bom... - Ele a agarrou a beijando como em filmes franceses.
– Perfeito... - Ela disse mordendo os lábios levemente. - Agora pode ficar a toa, só não suma do meu ponto de vista, senão...
– Já sei, já sei...
– Ótimo.
– Ei, é impressão minha, ou a Evy está fazendo o Keith se comportar? - Pete falou pra Dani.
– Meu caro... - Evy falou indiferente. - Eu tenho que mostrar quem manda aqui nessa porra.
– E você deixa ela mandar em você, Moon? - Pete perguntou com um ar de sacanagem, rindo.
– Se você soubesse do que ela tá falando... - Keith não deixou de comentar - Nem brincava com isso.
Logo o clima ficou meio pesado, até que a campainha tocou.
– Agora deixa que eu atendo... Mas estranho, não tinha chamado mais ninguém... - Evy falou indo até a porta e abrindo.

E a pessoa que estava do outro lado da porta surpreendeu a todos. 

Blue, Red And Grey, Capítulo 15

– Não e aquela vez que... – Roger ria com John enquanto deixava a fumaça do seu cigarro subir pra cima. Logo uma pessoa chegara à porta do estúdio aonde os dois conversavam. Era Mary.

– Roger – Ela começou a dizer – Podemos conversar lá fora, sozinhos?

O vocalista do The Who deu um forte suspiro, e olhou pra John, que assentiu entendendo sua situação.

– Tudo bem... – Ele se levantou, apagando o cigarro em um cinzeiro próximo, e indo até a porta.

Quando ele saiu do lado de dentro, Mary deu um aceno rápido pra se despedir de John, que ficara sozinho lá.

– O que é? - Roger perguntou um pouco impaciente.

– Por favor, volta pra mim... – Ela colocou os braços em volta dele, dando um abraço apertado. – Não faz ideia de como sinto sua falta...

Roger fez uma expressão triste, e logo tocou no queixo de Mary levantando sua cabeça, a encarando de um jeito mais delicado o possível.

– Desculpe Mary... – Ele começou a dizer calmamente, procurando ser o mais delicado possível. – Você pode me amar ainda, mas eu não... Não como antes.

Lágrimas começaram a rolar do suave rosto da garota. Não queria perder Roger, não mais. Ele se soltou dela, ainda olhando triste.

– Não faça isso! – Ela começou a soluçar.

– Desculpe... – Ele respondeu tristemente. – Acho que nós dois sabemos que é a hora de conhecermos novas pessoas.

– Elas não importam! – Ela gritou, chorando. – O que eu quero é você!

– Mas eu não quero você. – Ele disse, enfim. E Mary sentiu seu coração rachar, bem profundamente, ao ouvir aquelas palavras.

Roger a deixou lá, enquanto voltava pro estúdio.

– E então? – John perguntou ao vê-lo entrar.

– Já conseguir dispensar ela. Ela nem era tão legal assim, sabe... – Ele respondeu aliviado. – Acho que eu vou pra casa, Ox... Estou cansado.

– Tudo bem, até mais.

– Até.

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– Sabe o que a gente esqueceu? – Dani falou quando finalmente se soltara do abraço de Pete. – Hoje completamos 7 meses de namoro.

– Ahn... – Pete falou de um jeito estranho, a deixando desconfiada.

– O que é que você andou tramando?

– Eu sabia disso... – Ele falou com um sorriso sem graça. – Ia te levar em um restaurante chique pra comemorarmos. Fiz as reservas a uma semana atrás, é um lugar meio difícil de se conseguir uma mesa.

– Awn, Pete! – Ela abraçou o seu pescoço, espalhando muitos beijos em seu rosto. – Você fez isso por mim?

– Por nós, meu doce.

Ela sorriu, dando um selinho rápido nele.

– Vou me arrumar logo e nós vamos lá! – Ela falou pegando umas roupas no armário e indo pro banheiro.

– Não demora, viu... – Ele falou rindo.

– Não vou.


E nem demorou mesmo. Uma meia hora depois Dani já estava pronta, e os dois saíram.

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John estava arrumando suas coisas para ir embora, até que ouviu um choro fino.

“Devia me preocupar com isso?” Ele se perguntou um pouco aflito.

O choro não era tão alto, mas era de se dar agonia. Logo ele ignorou seus pensamentos e foi até aonde aquele som depreciante vinha. O banheiro feminino.

– Olá? – Ele perguntou num tom de voz médio, perto da porta.

O choro se interrompeu um pouco, e uma voz fina respondera:

– O que é?

– Ouvi você chorando lá do estúdio onde eu estava. – Ele começou a explicar. – Fiquei intrigado com o que aconteceu.

Logo ele viu a maçaneta da porta girar, e uma moça saindo assim que a porta abriu.

– Não é nada demais... – Ela secava uma lágrima, com a maquiagem um pouco borrada.

– Espera, você não é a ex do Roger? – Ele perguntou prestando mais atenção em sua aparência.

– Sou... Por mais estúpido que seja, estou chorando por causa dele.

– Eu tenho umas vagas lembranças de você... Mas ele quase nunca te levava pra coisas relacionadas com a banda, e ainda mais nem chegamos a conversar... Seu nome é Mary, certo?

– É sim.

– Bom, Mary... Não fique assim por causa do Roger. Você é uma moça bonita, tenho certeza que vai achar alguém logo!

– Não tão rápido... As garotas caem matando nele, já no meu caso é meio complicado alguém se interessar tão fácil.

– Vai saber...

Logo os dois ficaram conversando no corredor por um tempo, aproveitando o momento.

Mas o que ninguém esperava é que uma forte tempestade invadiria aquela linda tarde londrina.

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Evelyn fitava o papel a sua frente, segurando um lápis com a mão esquerda, a que não estava quebrada.

Pensava loucamente em uma ideia para o próximo álbum de sua banda. Mas era meio difícil, principalmente porque não podia nem ao menos tocar alguma coisa para se inspirar. Colocara um velho vinil de Beethoven para tocar, mas música clássica já estava começando a irritá-la de certa forma.

“Que ódio estar presa sem o que fazer aqui...” Ela pensou raivosa, até que ouviu alguns trovões. “E pra piorar tudo, vai chover... Que legal.”

E na mesma hora caiu uma pancada forte de chuva, o que a fez ir para um canto se encolher. Não tinha medo de tempestades, mas aquele clima tedioso e tenebroso da tarde causava uma depressão.

E ela acabou tirando um cochilo, pois gostava de fazer isso quando se sentia deprimida.

E um tempo depois muitas batidas na sua porta a acordaram.

Quando voltou a si, viu que já era noite, e a chuva estava mais forte do que nunca.

– Evelyn! – Era Keith, que batia desesperado. – Me deixa entrar, por favor!

– Por que eu deveria? – Ela perguntou impaciente.

–Você vai me deixar nessa chuva forte? Tudo bem. Acho que vou acabar pegando uma pneumonia, mas tudo bem...

Ela suspirou impaciente e abriu a porta.

– Muito obrigado! – Ele falou, todo molhado com a chuva. – No máximo eu só pego uma gripe...

Ela o encarou com um pouco de raiva, e olhando pro chão.

– O que foi? – Ele perguntou intrigado.

– Bem... É a primeira vez em muito tempo que eu limpo esse chão. – Ela explicou. - E você tá sujando ele todo!

Ele olhou pra baixo e viu as pegadas de sujeira que havia deixado.

– Puta que pariu, Keith... – Ela grunhiu, chateada. – Olha, você tá todo sujo, é melhor você tomar um banho.

– Hummm, um banho? – Ele falou com malícia enquanto ela o empurrava até a porta do banheiro.

– Cala a boca. Depois me dá as suas roupas pra eu botar pra secar.

E então ela fechou a porta na sua frente, voltando pra sala.

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– Acho que vai chover... – Pete falou receoso, enquanto saía do carro.

– Tem razão. – Dani falou, enquanto estendia sua mão para ele. – Espero que seja depois que voltarmos. Não estou a fim de pegar uma gripe.

– Bom, acho que não devíamos nos preocupar muito com isso. Vamos lá?

– Sim.

Eles foram andando até o restaurante, e Pete foi até a recepção pedir que levassem ele e Dani a mesa que reservara. Era um lugar bem chique.

– Luz de velas, hein? – Dani falou enquanto observava o lugar. – Que romântico.

– Obrigado, obrigado... – Ele se gabou, enquanto pediu uma garrafa de champanhe. – Conheço uns lugares legais.

– Estou vendo... – Eles se beijaram por um breve momento. O garçom chegara com a garrafa em um balde, deixando em cima da mesa. - Obrigada.

– Então, vamos brindar? – Ele falou, enchendo as taças.

– A nós? – Ela perguntou segurando sua taça com os dedos.

– A nós!

Então os dois brindaram, e tomaram o champanhe.

Tudo parecia perfeito, até que um cara na outra mesa começou a fitar Dani. E é claro que Pete não gostara daquilo nem um pouco.

– Dani, você não acha que seria melhor botar o seu suéter? – Ele perguntou amargamente.

– Por quê? – Ela ficou intrigada. – Não estou com frio!

Então ela olhou para o canto e viu o cara que a paquerava, que na hora disfarçou. Claro que estava de olho nela por estar usando um vestido decotado.

– Quem é ele? – Pete perguntou meio desesperado.

– E eu vou saber? – Ela se fez de desentendida – Nunca vi mais gordo.

– Nunca se sabe...

– Pete, você está com ciúmes de novo. Para com isso, poxa! Eu te amo, não vou te trocar por qualquer um!

– Tá bom...

Logo o garçom chegou com o prato, e o casal foi se ajustar na mesa para comerem.

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A campainha da casa de Belle tocou. Ela foi correndo até lá, e quando abriu viu Roger.

– Roger! – Ela falou surpresa. – O que faz aqui?

– Belle, eu, eu... – Não falou mais nada, agarrou a garota na hora e a beijou apaixonadamente. – Eu quero você. Só você.

– R-Rog... – Ela corou, tocando seus lábios. – Sim, sim! Eu também quero você!

Belle o abraçou muito feliz, enquanto Roger acariciava seus longos cabelos negros.

Logo um trovão veio e ela se encolheu assustada.

– Você tem medo de tempestade? – Ele perguntou docemente.

– Sim... – Ela disse baixinho. – Trovões me assustam muito, eu sei que é ridículo... Pode rir de mim.

– Não, que isso... Eu te protejo.

– Awn, obrigada Roger...

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– Ei! – Evelyn bateu na porta do banheiro. – Você pode usar um roupão que está no quarto de hóspedes, amanhã as suas roupas devem estar relativamente secas pra você ir pra casa.

– Ok! – Keith gritou lá de dentro. – Mas eu vou dormir aqui então?

– A menos que você queira ir andando naquela rua alagada, sim.

Logo ela voltou pra sala pegando alguns papéis no chão e foi até seu quarto, colocá-los em cima do criado-mudo.

“Tomara que eu nunca mais tenha que passar por isso de novo.” Ela pensou um pouco frustrada.

Quando saiu do quarto, viu a porta do banheiro se abrir e muita fumaça saiu. Keith saiu de lá, com uma toalha amarrada na cintura, uma visão que deixou Evy quase babar.

– Ahn... – Ela tentou sair do transe, piscando. – O quarto de hóspedes fica ali no fim do corredor!

– Ok... – Ele disse passando por ela, e Evy pode até sentir o cheiro do seu sabão nele, a fazendo delirar.

“Mas o que eu estou fazendo?” Voltou a si, finalmente, e então após pendurar as roupas dele num varal, foi de volta para a sala, tentar escrever alguma coisa.

Ficou fitando o papel até conseguir pensar em alguma coisa, mas seus pensamentos estavam bagunçados demais.

– Que merda... - Ela xingou baixinho. – Se eu pudesse falar sobre...

Logo teve uma ideia, começando a escrever. E logo já estava ocupando metade da folha.

– O que você tá fazendo? – Keith perguntou, apoiando as mãos na mesa, colocando os braços entre ela.

– Escrevendo... – Ela suspirou nervosa. – Ainda é um protótipo, mas se quiser ver...

Então Evy tentava se concentrar, mesmo com o gesso atrapalhando e Keith colocando os braços em volta dela, o que dificultava muito.

– Quer saber? – Ela levantou, tentando disfarçar o nervosismo. – Eu faço isso depois.

Evelyn podia quase tentar fugir de lá, mas algo a impedia.

– Evy... – Ele sussurrou perto de seu ouvido.

– Sim? – Ela sussurrou também.

Nenhum dos dois disse mais nada. Ela se virou e beijou Keith com toda a vontade que tinha.

– Que se foda tudo. – Ela falou baixinho.

– É assim que se fala. - Ele riu, a beijando mais.

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– Dani, eu vou ao banheiro, ok? – Pete falou, se levantando.

– Tudo bem, meu amor... – Ela sorriu. – Vou ficar aqui esperando.

Ele foi andando até os corredores, até entrar no lugar. Após terminar de urinar, foi lavar as mãos, jogou um pouco de água no rosto e se olhou no espelho.

“Hoje a noite está ótima, nada vai estragar, nada vai estragar...” Ele torcia em seus pensamentos, procurando manter a calma.

Mas quando saiu, viu aquele mesmo cara que estava paquerando Dani ir até a mesa onde eles estavam. E ficou com um olhar odioso.

– Com licença... – Ele disse grosseiramente. – Pode sair daqui?

– Não. – Ele respondeu sem nem ter medo de Pete. – Antes eu quero o que eu pedi.

– Calma, Pete... – Dani falou, enquanto escreveu seu nome no papel, dando para o cara. - Aqui está.

– Muito obrigado! - Ele disse empolgado, enquanto saía. – Espero que vocês gravem seu próximo disco logo, estou ansioso!

– Sim! – Ela acenou, e logo voltou à atenção para seu namorado. – Era só um fã... Não tem o que se preocupar...

– Nunca se sabe... – Pete falou com um olhar desconfiado. – Vamos lá pagar a conta e ir pra casa, acho que essa chuva vai piorar.

Blue, Red And Grey, Capítulo 14

2 semanas depois

– Dani, eu já voltei do mercado... - Pete falou alto ao abrir a porta, enquanto tentava passar por essas, com um pouco de dificuldade por segurar as sacolas.
– Haha, não, você que é um amor... - Ela falou do quarto de Pete, que deduziu que esta estava no telefone, já que não ouvia mais nenhuma voz vinda de lá.
Curioso em saber quem era, pegou o telefone da sala e colocou no ouvido, procurando não fazer barulho.
E a voz do outro lado da linha era de um homem, que parecia ter muita intimidade com Dani. E isso deixou Pete irado de ciúmes.
Logo ele escutou sua namorada se despedindo do sujeito e desligando o telefone, e fez o mesmo quando ouviu os passos dela saindo de lá para a sala.
– Oi meu amor, que bom que você voltou... - Ela falou até que notou melhor a expressão facial no rosto de Pete, que não parecia nada feliz. - O que aconteceu?
– Eu ouvi você falando no telefone... - Ele disse com uma voz de desgosto.
– E o que que tem demais? - Ela perguntou, preocupada com o namorado.
– O que que tem demais? - Ele deu um sorriso forçado, altamente irônico. - O que que tem demais, Dani?
– É, pode me explicar?
– Você tá me trocando! Pensa que eu não senti a intimidade que você e aquele cara estavam?
– Para com isso, por favor... - Ah sim, e deixar você me chifrar cada vez mais é? Talvez seja melhor você deixar um cara tão sem graça como eu logo... As vezes dá um ódio de ser tão idiota...
– PETER DENNIS BLANDFORD TOWNSHEND! - Dani gritou, quase chorando. - Qual é o seu problema?
– Qual é o meu problema?! Olha só...
– Cala a boca, cala a boca! Era o meu primo que não vejo a anos no telefone, tá? Encontrei ele ontem e dei o meu número pra poder me ligar.
Pete se calou na hora. Tinha sido um imbecil, mas um grande imbecil.
– Você é muito ciumento! Olha, eu te amo demais, mas nunca vamos conseguir prosseguir com o nosso relacionamento se você continuar assim.
– Dani, eu tenho medo... Medo de ser trocado...
– Trocado? Eu nunca faria isso, a menos que você fizesse uma merda das grandes e me magoasse. Para com isso, não foi pra ser alvo constante de ciúmes que eu aceitei morar com você.
– Mas...
– Nada de mas! E você não tem moral nenhuma pra ficar falando de mim. Pensa que eu não te vi paquerar umas garotas quando saímos juntos?
E Dani estava certa. Pete era o que estava sendo mais infiel no fim das contas.
– Escuta, eu ainda te amo... - Algumas lágrimas começaram a rolar do rosto da garota - Mas você me magoou muito. Muito mesmo.
Dani saiu correndo de lá, se trancando no quarto, abandonando Pete, cheio de remorso e arrependimento pelo o que dissera.
Na mesma hora ele correu para a porta do quarto, batendo nela desesperadamente.
– Dani! Qual é... - Ele se arrastava na porta escorregando para o chão, chorando também. - Abre essa porta, por favor...
Dani ouvia ele clamar cada vez mais, porém não sabia se era uma boa abrir mesmo. Estava magoada demais.

– Por favor... – Pete batia na porta, até cair enquanto se arrastava nela até o chão.

E nesse momento Dani a abriu. Ela estava com o rosto vermelho de tanto chorar, inchado também.

– Ah meu amor... – Pete se levantou na hora, a abraçando apertadamente. – Me perdoa, por favor...

– Tá bem... – Ela disse baixinho, o apertando no abraço. – Mas para com esses ciúmes, por favor...

– Vou tentar... - Ele tocou em seu rosto, enxugando algumas lágrimas. – Prometo.

– É bom mesmo hein...

Pete empurrou o queixo dela pra cima, a beijando apaixonadamente.

– Eu te amo, saiba disso... – Ele sussurrou em seu ouvido.

– Eu também te amo, seu viado... – Os dois riram muito, se abraçando mais ainda.

________________________________________________________________________________________

Mary entrara no estúdio, caminhando tensa.

Não havia razão de estar lá, afinal ninguém marcara um ensaio nem nada. Mas ela precisava muito vir, muito mesmo. Precisava distrair um pouco sua mente.

Conectou sua guitarra no amplificador e começou a tocar e cantar aleatoriamente. Se divertia muito com isso, fazendo até algum solinho improvisado.

– Oi, quem tá aí? – Uma voz falou do lado de fora, e Mary ouviu seus passos ficando mais altos até que esta entrou no estúdio. Era Belle. – Ah, é você...

– Sim, Belle... – Mary disse com um certo desprezo na voz.

– O que tá fazendo aqui? Não tem ensaio hoje, não tem porque ter vindo.

– Eu vim porque quis... Se importa?

– Sim, me importo. Você não faz parte da banda, é só uma música paga.

– Como se só vocês usassem esse estúdio.

– Bem, mas você vai gravar algo?

– Não...

– Então pra que veio aqui?

– Ah, e por que se importa? Tá toda puta da vida porque eu vou pegar o que me pertence de volta né?

– O Roger? Se ele te pertencesse mesmo não teriam terminado...

– Ah, cala a boca!
Então Mary bateu no rosto de Belle, com ódio.

– Então você quer briga? – Ela gritou para a guitarrista substituta. – Tudo bem!
Ela pegou dois pratos de bateria, atirando na direção de Mary, que se desviou rapidamente.

– Ora sua... – Mary pegou na hora dois cabos, fazendo de chicote e lançando nela.

As duas brigaram muito, destruindo o estúdio inteiro. Evy e Dani não tinham nem ideia do que estava acontecendo com elas agora, mas tenho certeza de que quando soubessem, ficariam iradas.

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Evelyn estava abrindo a porta para sair, quando viu alguém deitado na varanda de sua casa. Era Keith. Este abriu os olhos e se levantou devagar na mesma hora.

– Não acredito, você dormiu aqui? – Ela perguntou não muito preocupada, porém surpresa.

– Pois é... – Ele disse se espreguiçando.

– Nossa, você curte mesmo insistir em ir atrás de mim, né... É o que pareceu nessas últimas semanas.

Ele nada disse, apenas deu uma risada leve, mas Evy pareceu continuar séria.

– Agora dá licença que eu vou à padaria... – Ela disse, se afastando. Mas Keith a seguiu. De novo. – Você é insistente hein...

– E você adora bancar a difícil. – Ele respondeu. – Mas não tem problema... É assim mesmo que é interessante.

Quando os dois chegaram à padaria, Evelyn foi atrás de pães franceses e nem viu o que Keith ficou fazendo. Tinha sumido.

“Aleluia” Ela pensou aliviada. “Achei que ele não ia sumir mais.”

Ele ficara indo atrás dela, praticamente todo o dia naquelas duas semanas. Podia jurar que tinha algum interesse nela. Mas nunca se sabe né? Podia estar querendo usá-la.

– São cinco libras. – O caixa falou,enquanto Evy desdobrava algumas notas de seu bolso.

– Aqui. – Ela botou umas notas encardidas no balcão, enquanto o caixa entregou o saco de pães. – Muito obrigada.

Então ela saiu de lá, e viu que Keith estava lá fora.

– Sabia que tinha algo estranho... – Ela disse ironicamente. – Você não ia sumir tão cedo.

– Eu fui comprar sorvete... – Ele estendeu-os, dando um pra ela.

– Obrigada, eu acho... Como sabe que eu gosto de morango?

– Não sabia, comprei por acaso.

– Ah tá...

Então ela ia andando de volta, irritada com ele seguindo como sempre, lambendo o sorvete.

– Para de olhar eu lambendo! – Ela falou impaciente para Keith, que a fitava com um olhar malicioso.

– Sua língua é bonita, fazer o que? – Ele deu uma mordida no sorvete, rindo levemente.

– E você é um grande pervertido hein...

– Muito obrigado.

Evy mostrou o dedo médio, fazendo uma careta.

– Você consegue ser irritante e engraçado ao mesmo tempo... - Ela disse não deixando de rir um pouco. – Curioso...

– Sou almaldiçoado...

– Pior que deve ser mesmo.

Eles ficavam conversando, discutindo um pouco, até que chegaram à porta da casa de Evelyn.

– Tchau Keith, e não durma na minha varanda de novo! – Ela quase gritou, deixando claro que falava sério.

– Mas antes vou fazer isso... – Então no mesmo minuto puxou a garota e a beijou, o que durou por uns dois segundos e meio, até que ela largou-se dele e deu um soco no rosto.

– Eu hein, você pirou?! – Ela gritou surpresa.

– Sempre... – Ele tocou na área aonde levara o soco. – Mas eu sei que você gosta de mim, eu sinto isso...

– Não mais... Cara, pare de ficar atrás de mim.

– Para de bancar a difícil, Evy... Eu gosto de você.

– Não gosta não. Só está com remorso do que aconteceu.

– Isso vai demorar mais do que eu pensava...

– Você não me convenceu, Keith! Vai ter que fazer mais para conseguir isso.

Então ela fechou a porta na cara dele, com um pouco de ódio. Mas curiosamente começou a imaginar aquela cena de novo.

Blue, Red And Grey, Capítulo 13

– Boa tarde, meninas. - Evelyn falou ao entrar no estúdio, com um pouco de dificuldades por causa do gesso. - Prontas pra ensaiar?

– Evy - Belle falou com uma cara mal humorada e desanimadora. - Você quebrou o braço, quem vai tocar?

– Eu. - Uma figura atrás da vocalista se manifestou, sendo que ninguém a notara antes.

– Quem é você? - Dani falou a encarando, achando ela familiar. - Mary?

– Sim! - Ela sorriu, fazendo Dani ficar bem feliz.

– Caramba! - A baixista correu pra abraçá-la. - Você tinha sumido, nem mandou uma carta ao menos.

– Pois é - Ela disse um pouco sem jeito.

– Mas quem é a Mary, não conheço... - Belle falou com uma expressão de perdida.

– Nossa amiga de infância. - Evelyn começou a explicar. - Nós até tínhamos uma bandinha, mas ela se mudou... Você não chegou a conhecê-la.

– Mas como achou a gente? - Dani perguntou curiosa.

– Eu estava na cidade e fiquei sabendo que a Evy quebrou o braço. Então procurei o número dela na lista telefônica e sugeri tocar guitarra na banda enquanto ela se recupera.

– Mas eu continuo cantando. - Evelyn acrescentou, pois não queria parecer inútil. - E vamos ter que pagar, a Mary não vai fazer isso de graça.

– Quanto? - Belle perguntou tentando se achar na conversa.

– 30 por demo, 40 por single ou faixa de álbum, 10 por cada música em show e 100 por álbum gravado.

– Porra, tudo isso... - Dani falou desanimada.

– São os tempos modernos Dani, o que posso fazer? - Mari falou sem expressão. - Tenho direito de ganhar bem também, sabe...

– Mas ela vai tocar apenas o que pedirmos e não vai interferir nas composições. - Evelyn falou, mesmo isso não mudando nada para as outras duas.

– Tudo bem, tudo bem... - Belle falou, tentando quebrar o gelo. - Vamos ensaiar ou não?

– Vamos. - Dani falou, já levantando da cadeira, enquanto Evelyn e Mary iam atrás delas.

– Então, estava compondo isso semana passada... - Dani falou, distribuindo algumas folhas para as colegas.

– Que ótimo, Dani! - Evelyn se empolgou, enquanto lia a folha dela. - Gostei da letra.

– Obrigada - Ela disse sorrindo de leve, enquanto voltava a falar. - Então, queria que ensaiássemos ela, só pra ver como fica.

– Tá bem. - Belle falou enquanto terminava de memorizar a parte dela.
– Vamos. - Dani falou, já levantando da cadeira, enquanto Evelyn e Mary iam atrás delas.

– Então, estava compondo isso semana passada... - Dani falou, distribuindo algumas folhas para as colegas.

– Que ótimo, Dani! - Evelyn se empolgou, enquanto lia a folha dela. - Gostei da letra.

– Obrigada - Ela disse sorrindo de leve, enquanto voltava a falar. - Então, queria que ensaiássemos ela, só pra ver como fica.

– Tá bem. - Belle falou enquanto terminava de memorizar a parte dela.

Evelyn tentou ajeitar o microfone, com um pouco de dificuldade.

– Quer uma ajuda, Evy? - Mary perguntou ao perceber.

– Não, obrigada. - Ela disse meio frustrada, pois não queria ser tratada diferente por estar com o braço engessado. - Eu estou bem.

– Ok... - Mary respondeu sem acrescentar mais nada, enquanto pegava uma palheta do bolso.

– E 1, 2, 3, 4... - Dani começou a falar.

E o ensaio começara.

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– Chega... - Evelyn falou, com um pouco de dor no braço. - Acho que já deu por hoje, vamos embora, por favor...

– Tá bem, Evy - Dani falou, com pena dela. - Tchau pra vocês...

Logo ela e Belle saíram do estúdio, enquanto Mary terminava de ajeitar algumas coisas.

– Você teve um ótimo desempenho, Mary. - Ela falou com um leve sorriso, enquanto observava ela arrumar algumas cordas.

– Obrigada, Evy... - Ela agradeceu enquanto se concentrava nas cordas desalinhadas.

Naquela mesma hora entrara uma mulher de uns prováveis 40 anos na sala. Era a secretária.

– Srta. Blen, tem alguém querendo falar com você. - Ela avisou, enquanto Evelyn deu de ombros.

– Aonde é o telefone? - Ela perguntou sem muita curiosidade.

– Não. - Ela corrigiu. - Lá fora.

– Ah sim... - Evelyn virou o olhar para Mary, que parecia ocupada. - Eu vou lá então, tá bem Mary?

– Sim, até mais... - Ela acenou, demostrando que estaria tudo bem.

– Ok, vamos lá. - Evelyn falou virando para a secretária, a acompanhando.

Apesar das dificuldades, ela estava até tranquila sobre a sua situação. Mary não era uma guitarrista medíocre e até poderia contribuir com algumas músicas, e talvez ela até poderia realizar uma vontade que queria: Fazer um show pendurada de cabeça pra baixo uma camisa de força.

"Até que foi útil isso..." Ela sorriu um pouco. "Mas ainda quero matar aquele merda do Keith."

E logo voltou a sentir um pouco de raiva.

E falando no diabo, olha só quem estava lá. Evelyn não ficou nada empolgada ao vê-lo.

– Oi Evelyn... - Ele disse acenando.

– O que você quer? - Ela disse friamente, queimando de ódio por dentro.

– Saber como você está.

– Bom, eu estou bem, ou estava antes de você aparecer.

– Hummmmm... Então você está melhor ainda?

– Não enche. Aliás, nem devia ficar atrás de mim, sabe. Se não fosse por esse gesso te dava um soco agora.

– Não faz mal, você fica sexy sendo violenta.

Evelyn lutou pra não corar, e então fez uma cara de desgosto.

– Ah, cala a boca. - Ela disse de mau humor. - Pare de me procurar, ok?

– E se fazendo de difícil também... - Ele comentou com uma cara maliciosa, o que irritava e excitava a garota mais ainda.

– Não vou perder meu tempo com você, até mais. Ela saiu de lá, mas Keith a seguiu. De novo.

– Escuta, por que você gosta tanto de me seguir, hein? - Ela perguntou, sem graça.

– É legal. - Foi o que apenas respondeu.

– Mas e se eu estiver indo pro inferno, você vai também?

– Eu vou pra lá mesmo sem depender de você, que diferença faz?

– Mas pra que você quer ficar atrás de mim, porra?

– É uma noite perigosa, principalmente para uma garota de braço engessado.

– Eu não ligo. Sei me defender.

– Mas com gesso vai ser complicado...

– Quer saber? Foda-se, se quer me seguir, que me siga.

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Pete estava sentado no sofá de sua sala, cantarolando qualquer coisa enquanto tomava uma latinha de cerveja. Tudo estava muito quieto, e solitário.

Mas logo a campainha tocou, interrompendo o silêncio.

– Já vai... - Ele disse arrumando forças pra se levantar, indo destrancar a porta.

Ao abrí-la, Dani o abraçou na hora e o beijou com vontade, fazendo-o ficar surpreso.

– Oi... - Ela sussurrou pra ele, enquanto pressionava seus lábios contra os dele. - Senti sua falta...

– Eu também. - Ele falou, sem parar de beijá-la.

– Nós mal tivemos tempo pra nós nesse mês... São tantas coisas e shows pra fazer...

– É complicado mesmo, mas então vamos aproveitar essa hora.

E ao dizer isso empurrou ela contra a parede, botando os braços em volta para impedir que ela escapasse (como se ela fizesse isso).

– Hum, mas quanta atitude hein...

Pete riu da cara maliciosa que ela fazia, excitado.

– Agora você está encurralada...

– Oh, mas eu sou uma moça indefesa, seja cuidadoso comigo por favor! - Ela falava de um jeito que poderia ser considerado dramático, se não estivesse rindo.

– Nananinanão mocinha... - Ele disse cada vez mais em clima de brincadeira. - Ninguém diz o que eu devo fazer.

Então ele a agarrou e começou a beijar, depois descendo os beijos para seu pescoço, enquanto Dani gemia incessávelmente.

Era uma noite pra se aproveitar, não?

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Mary estava terminando de arrumar suas coisas, até que ouviu alguns passos e uma voz familiar.

– Belle, você está aí? - É o que ela dizia.

Logo ela saiu do estúdio, olhando para o lado e viu quem era.

– Oi, Roger... - Ela disse com um jeito meio triste, sem fazer contato visual direto.

– Mary? - Ele olhou surpreso. - O que faz aqui?

– Fui contratada por uma amiga minha pra tocar guitarra na banda dela temporariamente, ela quebrou o braço e não pode tocar por um mês...

– Você conhece a, a... Evelyn, acho que esse é o nome dela...

– Claro, é a minha amiga de infância.

– Ah sim... Mas como você está?

– Com saudades...

Ele olhou para Mary desentendidamente.

– Desculpa, Mary... - Ele falou. - Estou interessada em uma outra garota agora.

– Volta comigo, por favor... - Ela tocou em seu rosto, alisando seus cabelos loiros.

– Não sei...

Mary tentou beijá-lo, mas logo foi interrompida por um...

– ROGER! - Grito. Era Belle, tinha voltado pro estúdio, pois esquecera seu casaco. - O que é isso?!

– Um casal voltando, não está vendo? - Mary falou enquanto tentava abraçar Roger, que a impedia.

– Mary... - Belle falou, quase vermelha de raiva. - Vamos lá fora... Pra conversar.

– Belle, não é isso que você está pensando. - Roger falou tentando impedi-las.

– Não importa, mas fica aí. - Belle falou, o encarando de um jeito raivoso. - É uma ordem.

Roger resolveu não discutir, ficando lá então. Belle levou Mary para o lado de volta do estúdio, com uma cara de ódio.

– E então? - Belle começou a reclamar. - O que há entre você e o Roger?

– Ele é meu ex. - Ela disse sem medo da baterista. - Mas eu ainda quero ele, por que quer saber?

– Desculpa, mas a fila andou...

– Como assim?

– O Roger quer a mim agora, foi mal... Perdeu sua chance.

– Haha, vai sonhando... Ele não resiste a mim.

– Ora sua...

Belle não se controlou, logo deu um soco na garota.

– Então você quer briga? - Mary gritou, passando a mão na parte do rosto onde Belle socara, e logo a socou também. - Pois briga você terá!

E então as duas começaram a se bater, puxar os cabelos, se chutar...

– BELLE! MARY! PAREM COM ISSO! - Roger gritou horrorizado com a cena, indo no meio delas impedindo que se batessem.

– Não me impeça, Roger! - Belle gritou endurecida, olhando para Mary com ódio.

– Esquece essa briga ridícula! - Mary rosnou. - Eu vou pra casa!

– Espera aí, Mary! - Roger falou preocupado.

– O que?! - Belle falou indignada. - Está mais preocupado com ela?! Ah, Roger Daltrey, seu canalha... Vou pra casa também, sozinha!

E Roger não soube qual das duas seguir, ficando sozinho no meio da entrada do estúdio.

Blue, Red And Grey, Capítulo 12

 Depois de Roger ter deixado Pete com o nariz sangrando, os dois estavam com mais ódio um do outro do que nunca. A turnê foi uma catástrofe. Durante alguns shows, ambos tentavam roubar a atenção do público para si mesmos, se metendo em discussões e parando shows pela metade. Depois que eles voltaram, John e Keith tentavam fazer os dois pararem, mas não adiantava nada. Nem ao menos queriam chegar perto um do outro e enquanto gravavam alguma demo ou single em algum estúdio, exigiam gravar em estúdios separados.

Estavam muito piores do que antes, de fato, chegando até a apelar pra violência em algumas ocasiões.

– Nós temos que fazer eles pararem com isso logo, senão a banda vai acabar... - John falava pra Keith, nervoso.

– Mas eles não param... A única vez que eu lembro que eles ficaram quietos foi quando a Dani estava aqui... - Keith olhou para cima com um olhar de quem teve uma idéia. - Já sei!

– O que?

– Bem, acho que o Pete gosta de parecer "civilizado" perto da namorada... E como ela toca numa banda, melhor ainda, se fizéssemos um show juntos, talvez o Pete e o Roger se lembrassem que ainda podem trabalhar juntos, apesar de se odiarem.

John até ficou pasmo, mas gostou da idéia.

– Agora temos que falar isso com elas, não é...

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– Parece uma boa idéia... - Dani falou enquanto afinava uma corda. - Não gosto de ver aqueles dois brigando, é horrível. Perdi as contas de quantas noites eu tive que fazer um curativo ou compressa de água pro Pete.

– Eu topo também. - Belle comentou animada, quase pulando. - Ainda mais porque posso me aproximar mais do Roger...

– Mas temos que falar com a Evelyn também, sem a decisão dela não dá. - Dani mordeu os lábios.

– Eu o que? - Essa mesma falou, olhando pra John e Keith com uma expressão de desinteresse. - O que eles fazem aqui?

Então os dois explicaram a história toda para a líder do Whereland, que não pareceu muito empolgada.

– Não sei... - Ela olhava para os lados segurando um cigarro nos dedos. - Será uma boa idéia?

– Por favor, Evy... - Belle implorava, quase chorando. - Por favor...

– Hum... - Ela deu uma rápida olhada para os dois membros do Who de novo, que olhavam esperançosos por um sim. - Tudo bem... Mas não quero um mindinho do Townshend tocando na minha guitarra, prefiro ela inteira do que destruída, sabe...

– Nós damos um jeito. - John riu um pouco. - Agora temos que convencer o Roger e o Pete, o que vai ser um pouco mais complicado...

E foi mesmo. Nem Pete nem Roger sabiam das reais intenções de seus colegas de banda, mas este primeiro achou uma ótima idéia. Roger não estava certo ainda.

– Vamos fazer show com elas só porque é a sua namorada que está naquela banda ou porque são elas são boas, hein Townshend?

– Cala a boca. - Pete deu uma cortada odiosa. - Elas são ótimas sim, eu comprei o disco delas e gostei do som.

– Quero ouvir antes pra saber... - Roger falou num tom de desprezo.

– Tudo bem... - O guitarrista falou com um olhar irônico. - Mas Roger, você tem uma voz boa, só que não ajuda em praticamente nada. Quem pensa que é pra falar assim?

– Ora seu... - Roger estava quase avançando em cima dele, de tanto ódio.

– Vamos ouvir a porra desse disco ou não?! - John gritou impaciente, o que surpreendeu os outros três, já que ele era o mais calado.

– Tá bem, tá bem... - Roger deu um olhar gélido pra Pete enquanto eles botavam o disco na vitrola.

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Já estava tudo acertado, no fim das contas. A maioria dos fãs das duas bandas ficara animado, empolgados para ir. O show ia ser em um pequeno festival que estava ocorrendo na cidade.

Seria assim: A cada três músicas tocadas de uma das bandas, esta parava de tocar e começava a tocar a outra. E a Whereland acabou sendo a primeira neste rodízio.

Então as três entraram e uma boa parte da platéia começou a vibrar.
– Olá, pessoas que tiveram a coragem de gastar seu dinheiro pra encher o bolso dos outros e ver nosso show! - Evelyn gritou descaradamente sem se importar com a reação do público. - Bom, vocês não querem ficar me ouvindo falar né, vamos ao que interessa pra parecer que não foi perda de tempo.

Então ela começou a tocar alguns acordes enquanto Dani e Belle a acompanhavam. Ela optou por tocar uma música das não muito conhecidas, Where Mr. Gene lives?, ao invés de alguma popular, como Jeanie Liar, que a maioria das pessoas esperavam provavelmente.

Mr. Gene, what a nice guy

But nobody know where he lives

I tried to follow him, but he disappeared

Maybe is he a witch?

Nobody believes me, but one day he invited me to meet his house

And I went there for curiosity

Apesar de não ser o que a platéia esperava, eles aproveitaram enquanto a banda tocava. Evelyn ficava frustrada por receber mais atenção do que as outras duas, mas o que ela podia fazer? Dani e Belle eram tímidas demais pra chamar atenção.

Logo prosseguiram com Katie's Brother e Just Looking to Your (Stupid) Face, e então o The Who entrou, ocupando a outra parte do palco.

Don't mind, other guys dancing with my girl

That's fine, I know them all pretty well

But I know sometimes I must get out in the light

Better leave her behind with the kids, they're alright

The kids are alright

Espantosamente, a teoria de Keith estava certa. Nem Pete nem Roger moveram um dedo contra o outro, tocavam como "pessoas civilizadas".

As três observavam eles tocando, Belle paquerando Roger, enquanto este mandava algumas piscadelas pra ela, Dani acenando discretamente pra Pete, que sorria e Evelyn apenas observando eles tocarem, enquanto apreciava as músicas.

Logo o show corria bem, ambas bandas cooperavam perfeitamente e a platéia estava agitada.

O Who fechou o show, tocando My Generation. E claro que não podia faltar Pete e Keith quebrarem os instrumentos.

Pete foi o primeiro, batendo com ela muito forte, fazendo ela rachar na primeira tentativa e se partir na segunda.

Logo Keith começou a chutar os tambores da bateria para os lados, enquanto a platéia gritava animada.

Mas ninguém contava que um dos tambores iria na direção das meninas, que observavam eles tocarem.

Dani e Belle escaparam de lá na hora, só que Evelyn estava distraída e não saiu a tempo suficiente e...

BAM.

O tambor acertara a garota em cheio, fazendo ela se encolher no chão de dor.

– Meu Deus, Evelyn! - Dani correu desesperada para a amiga, que agonizava em dor.

– Ai... - Ela falou segurando o choro. - Acho que quebrei o braço...

– Alguém me ajuda aqui! - Dani gritou desesperada, enquanto Pete e John foram até elas, segurando Evelyn pelos braços, fazendo a garota gritar de dor.

– AI, CARALHO! - Ela gritou de dor. - É aí que tá doendo, merda!

– Me dá ela aqui! - Keith falou rápido, e antes que Pete ou John reagissem, ele pegou a garota pelos braços e saiu correndo procurando uma enfermaria.

– Me larga, Moon! - Ela gritava esperneando, com ódio.

– Se você quiser ficar aqui com o braço quebrado, por mim tudo bem.

Evelyn viu que seria babaquice, e então deixou ele a carregar até achar uma enfermaria.

Quando chegaram lá, Keith ficou esperando do lado de fora enquanto a enfermeira foi examinar Evelyn.

– Não quero usar gesso! - Ela reclamava, gemendo de dor. - Pode tentar colocar meu osso no lugar de novo, eu aguento a dor...

– Srta. Blen, você não deslocou seu osso... - Ela falou enquanto preparava o gesso. - Você o fraturou. Desculpe, mas vai ter que usar gesso sim.

– Merda... Por quanto tempo?

– Um mês.

– UM MÊS?! Mas como eu vou tocar assim?

– Simples, não vai. Vai ficar repousando até esse tempo passar.

Evelyn ficou com raiva, era muito tempo. Logo a enfermeira colocou o gesso, a liberou e ela saiu.

– E então? - Keith perguntou quando viu a garota sair de lá.

Ela o olhou com certo desprezo, mas logo respondeu:

– Estou presa a essa merda de gesso por um mês.

– Nem é tanto tempo... Pensei que era pior...

– Que seja... Mas por que me levou até aqui?

– Bem, eu estava me sentindo culpado... É a segunda mancada que eu faço com você, isso é o mínimo que eu podia fazer.

Ela o encarou desconfiada.

– Segunda?

– Pois é... - Ele falou meio sem jeito. - Eu lembrei o que aconteceu naquela noite.

– E não falou nada?

– Bem... Não. Lembrei um tempo depois que você saiu.

– Nossa... Você é inacreditável, Keith Moon.

– Meus amigos me chamam de Keith... Você me chama de John.

– Eu vou é te chamar de filho da puta, isso sim.

Ele riu um pouco, mas Evelyn continuava séria.

– Tá certo que eu fiz merda, mas não precisa ficar xingando a minha mãe... - Ele falou adorando provocar a garota. - Não foi tudo culpa dela.

– Tem razão. - Ela disse mostrando a língua. - Aposto que ela esperava ter um filho melhorzinho...

– Obrigado, hein, também concordo.

– Você é chato, viu...

– Você também.

Enquanto eles conversavam/discutiam, chegaram Dani, Pete, Belle, Roger e John até lá.

– E então, Evy? - Dani perguntou nervosa, preocupada com a amiga. - Como você tá?

– Bem... - Ela falou com um tom sarcástico. - Não é a melhor sensação do mundo ter um braço quebrado, mas até que não é muito ruim...

Dani riu um pouco, enquanto conversavam mais. Alguns fãs vieram até lá ver como ela estava.

– Mas você está bem mesmo? - Um jovem fã da Whereland, chamado Ian, perguntava isso toda hora para Evy.

– Sim, sim, vou ficar bem... Eu espero.

Blue, Red And Grey, Capítulo 11

Uma semana se passou. As meninas da Whereland haviam voltado pra Inglaterra, enquanto Pete e Dani foram separados de novo, já que ele e o resto do The Who estavam ainda no meio de sua turnê.
Evelyn estava trabalhando no novo disco da banda, compondo mais músicas. Ela já havia deixado para lá o que rolara com Keith, na verdade nem o vira mais depois daquele dia.
Seu foco agora era compor, ensaiar e gravar algumas demos.
Belle e Roger não haviam ainda definido o relacionamento atual de ambos. Roger não a pedira em namoro nem nada, o que deixava a garota meio frustrada. Ela estava disposta a criar um relacionamento sério com o rapaz, mesmo só o conhecendo a uma semana.
Dani se concentrava em tentar compor mais. No tempo que passara com Pete em Paris, enquanto não estavam tendo encontros românticos, ele a ajudava a ter alguma inspiração. E isso a ajudava bastante.
E Evelyn estava lá para ajudar a amiga, caso precisasse.
– O que acha desses acordes, Evy? - Dani perguntou enquanto os reproduzia no baixo.
– Está legal, mas acho que podia adicionar alguma coisa a mais. - Ela disse enquanto apoiava o queixo no lápis.
– Como o que?
– Talvez isso...
Ela reproduziu o mesmo som que Dani fizera, adicionando algumas notas extras.
– O que acha? - Evelyn olhou para a amiga, que assentiu sorrindo de leve.
– Ficou ótimo, espera que eu vou anotar essas notas... - Ela pegou o lápis ao lado e escreveu no papel. - E obrigada por me ajudar.
– De nada.
No mesmo tempo, Belle entrou segurando uma caixa.
– Oi meninas! - Ela disse animada, com um pouco de dificuldade ao entrar com aquela caixa.
– Espero que você tenha um bom motivo pra ter chegado atrasada. - Evelyn falou um pouco impaciente. - Vai precisar.
– Calma, calma... - Ela disse um pouco vermelha de calor, pois estava cansada. - Eu trouxe sorvete!
– SORVETE? - A guitarrista quase teve um ataque do coração ao ouvir isso, pulando. - ATRASO PERDOADO, CHEGA DE ENSAIAR E VAMOS COMER!
As outras duas riram enquanto Evelyn avançava na caixa, a abrindo loucamente.
– Que coisa linda esse creme gelado de morango... - Evelyn dizia enquanto elas tomavam o sorvete. - Modelos anoréxicas nojentas só perdem resistindo a essa tentação de congelar o cérebro. Mas o bom que sobra mais pra mim.
– Hahahaha - Dani ria enquanto colocava a colher na boca. - Mas está bom mesmo, aonde você comprou, Belle?
– Na padaria da esquina. - Ela falou enquanto dava mais uma colherada.
– A gente mal tem parado pra conversar, não é... - Dani comentou pensativa. - Ultimamente tem sido só compor e ensaiar...
– Verdade... - Belle falou com ar triste. - Como vai você e o Pete?
– Estamos ótimos, apesar de um pouco distantes por causa das turnês. - Ela falou calmamente, enquanto botava um pouco mais de sorvete no pote. - Só espero que ele não arrume nenhuma garota por aí.
– Eu ainda me pergunto se o Roger vai tomar atitude e me pedir em namoro...
– Mas vocês mal se conhecem, Belle... - Dani falou com um pouco de desgosto, enquanto enchia a colher de sorvete. - E se foi que nem a Evy e o Keith, só uma ficada?
– Não me lembre disso, por favor... - Evelyn disse um pouco cabisbaixa, mesmo não estando prestando muito atenção na conversa das garotas.
– Desculpa Evy... - Dani falou enquanto olhava a garota com pena.
Evelyn era orgulhosa demais pra assumir, mas sentira alguma coisa por ele. Só que agora mal dava para saber se esse sentimento era bom ou ruim.
– Mas bem, como eu ia dizendo... - Dani virou a cabeça para a baterista, que se servia mais de sorvete. - Odeio cortar suas esperanças, mas não fica achando que isso vai acontecer, ok... Será melhor pra você, acredite.
– Mas eu acho que ele gosta de mim, Dani! - Belle falou um pouco animada. - Ninguém nunca me defendera que nem ele, quando aquele palerma me xingou, foi muito cavalheirismo dele ir até lá bater nele, pelo menos é o que eu acho.
– Tudo bem, você que sabe... - Dani falou enquanto pegava o restinho de sorvete no pote.
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__"Meu Deus, como é que eu vou fazer isso?" Roger soava nervoso enquanto olhava Pete tomando uma garrafa de vodka no outro lado do quarto de hotel. "Não é tão fácil assim, ainda mais que ele me odeia."
Mas logo o loiro tomou coragem e chegou mais perto do tão odiado colega de banda.
John e Keith não estavam lá, o que facilitava um pouco as coisas.
– Ahn, Townshend... - Ele já começou a falar sem jeito.
– O que é, Roger? - Ele se virou para o vocalista, com uma expressão um pouco desprezível.
– Nada, s-só estava querendo ver se você estava afim de conversar...
– Não vou te emprestar meu dinheiro nem nada disso, se é o que você quer, esqueça.
– Não quero seu dinheiro. Mas... Hum, e você? Vai ligar pra sua namorada hoje?
– Não, por que quer saber?
– N-nada demais...
– Me fala Roger Harry Daltrey! Qual é o seu interesse na Daniele, posso saber?
– Nenhum, eu só...
– Nem vem com esse papo. Eu lembro que quando eu a apresentei para você, o John e o Keith, você estava a paquerando!
– Mas isso foi a meses!
– Não interessa!
Roger vira que não conseguiria nada, vendo que Pete era muito cabeça-dura e ciumento.
– Mas pra que essa preocupação, Pete? - Ele olhou de um jeito desafiador, alimentando as paranóias do guitarrista de que ele estava interessado em roubar sua namorada. - É muito frouxo pra manter um relacionamento, fazendo com que todas te troquem?
– Ora seu... - Pete não pensou no momento, avançando em cima de Roger com um soco. - Vai se fuder, não fale assim de mim!
Roger, enfurecido e impaciente, deu um soco de volta, bem no nariz, fazendo Pete cair no chão imediatamente. Então o loiro o observou com uma cara de desprezo.
– Você é um idiota, Townshend. - Ele disse rindo da cara de Pete, que estava botando a mão no nariz ensanguentado. - Eu só queria saber se você podia pedir pra Daniele que ela me passasse o número da amiga dela, a Belle. Mas esse seu orgulho, seus ciúmes e essa sua insegurança de não conseguir continuar com seu relacionamento fuderam você.
Roger se dirigia até a porta deixando Pete lá, sangrando.
– Você é patético. - Roger disse com desprezo, enquanto saía.
E Pete ficou lá um pouco duvidoso, provavelmente bem inseguro depois do que Roger dissera.

Blue, Red And Grey, Capítulo 10

– Bom dia garotas... - Dani falou entrando no quarto, vendo Roger e Belle se beijando apaixonadamente. - Hã, acho que entrei na hora errada...
Por sorte eles já estavam vestidos, só estavam aos beijos sentados no sofá mesmo. Mas ao Dani entrar pararam.
– Não, tudo bem... - Roger falou, levantando do sofá. - Então, Belle, nos vemos mais tarde né?
– Sim, sim... - Ela falou corada. - Até mais.
Roger deu um beijo na sua testa, acenou pra Dani e saiu do quarto.
– Belle, me conta tudo! - Dani falou empolgada, chegando mais perto da amiga.
– Claro!
Belle falou desde que ele a convidou para a festa até quando beijara Roger no hospital. Mais tarde, os médicos liberaram ele, então os dois foram para o hotel.
No corredor, ele começou a beijá-la sedentamente. Ela abriu a porta do quarto aonde ela e as outras estavam hospedadas, e viu que não havia ninguém. Então, aproveitaram o momento para se "conhecerem melhor".
– E dei muita sorte de nem você nem a Evelyn terem vindo pra cá... - Ela falou, com vergonha. - Ia ser meio constrangedor...
– Espera, então a Evy não veio pra cá? - Dani perguntou, curiosa.
– Não... Não a vejo desde fomos pra festa, ela foi se embebedar e sumiu.
– Que estranho... Onde será que ela pode estar?
Até que alguém abriu a porta. E era a própria Evelyn.
– O-oi meninas... - Ela falou baixinho, fechando a porta, sem olhar para o rosto delas.
Dani e Belle repararam que ela estava meio detonada e um pouco mais suja do que de costume. Não disseram nada, só a observaram.
– Aonde você estava? - Dani perguntou curiosa.
– Por aí... - Ela respondeu, pegando sua guitarra. - Vou lá embaixo tomar café da manhã e ensaiar um pouco.
Então ela saiu, um pouco apressadamente, como se estivesse tentando fugir delas.
– Ela tá escondendo alguma coisa... - Belle falou, com um olhar desconfiado.
– Sim... - Dani assentiu. - Mas ela não vai contar pra gente tão fácil.
– Então acho que devíamos investigar...
– É uma boa.
Então as duas amigas saíram, indo atrás de Evelyn discretamente.
A vocalista andou até o refeitório, pegando alguns pães para comer e sentou na mesa.
Ela comeu devagar, parecendo pensativa.
– Acho que só descobriremos o que houve se voltarmos no salão. - Belle sugeriu, vendo que poderia ser inútil segui-la.
– Boa ideia... - Dani falou e as duas foram até lá.
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– Ah sim... - O barman falou, lembrando da noite passada. - Eu lembro, ela estava bebendo aqui, acho que quando estava na segunda garrafa, vieram dois rapazes sentar do lado dela.
– Que rapazes? - Dani perguntou.
– Os dois eram morenos... Um de olhos azuis e outro de olhos castanhos... O de olhos azuis não ficou muito tempo lá, então ela ficou conversando com o outro, enquanto iam bebendo.
– Ok... - Belle falou atenta. - E depois?
– Eles beberam, beberam pra caralho. Logo ela pediu mais umas duas garrafas e os dois saíram de lá, levando elas. Só isso que eu sei.
– Tudo bem, obrigada... - Dani agradeceu e então saíram de lá.
– Dani, tenho uma hipótese de quem devem ser os caras... - Belle falou enquanto iam andando pelo hotel.
– Quem?
– Bom, o John e o Keith foram beber um pouco depois da Evy. Não fiquei prestando atenção, mas vi isso. E quando o Roger desmaiou, só o John veio ajudar, o Keith havia sumido. E eles batem com a descrição.
– Então será que é o que eu estou pensando?
– Acho que sim... Eles passaram a noite juntos.
– Mas por que ela não contou isso pra gente?
– Sei lá...
– Devíamos ir perguntar pra ela.
– Sim, então vamos...

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Evelyn estava no quarto, tentando tocar alguma coisa.

Então logo viu Dani e Belle entrarem, e não disse nada.
– Evelyn, não precisa fugir da gente. - Dani falou calma, olhando para ela.
– Sabemos o que aconteceu noite passada. - Belle falou de braços cruzados, encarando a amiga.
– Sabem? - Ela falou baixinho, erguendo a cabeça para olhar pra elas.
– Sim. Você dormiu com o Keith, não é? - Dani falou sem deixar de olhar para a amiga.
Evelyn não disse nada, apenas assentiu.
– Mas então por que não contou nada? - Belle falou intrigada. - Somos suas amigas, pode falar tudo...
– É que não era pra ter acontecido... - Ela disse olhando pro lado. - Vou contar pra vocês o que rolou.

Flashback

Lá estava eu, numa noite desinteressante, nem sabendo por que havia aceitado vir nessa festa. O máximo que eu poderia fazer era me embebedar um pouco, e depois voltar pro quarto.
Pedi algumas garrafas, e logo vieram dois caras sentarem do meu lado.
– Oi. - Um deles cumprimentou, estendendo a mão para mim. - Sou John Entwistle.
– Evelyn Blen. - Respondi apertando sua mão.
– Keith Moon. - Ele, ao invés de estender a mão, estendeu o pé. Também estendi o meu, tocando-o no dele, achando o cumprimento engraçado.
– Acho que já ouvi falar de vocês... - Falei observando os dois. - Tocam no The Who, não é?
– Sim. - Os dois responderam em sincronia.
– Ah sim... - Falei enquanto tomava um copo em whisky. - Minha amiga Daniele namora o Pete, ela já falou um pouco de vocês pra mim.
Então ficamos conversando por um tempo, até que uma garota qualquer começou a flertar com John.
– Não quer dançar? - John sugeriu a ela.
– Sim. - Ela estendeu sua mão e John a segurou, levando-a pro meio do salão.
Eu e Keith ficamos ali então, conversando e bebendo.
Ele era bem estranho, como eu. Ria de algumas coisas que ele falava e trocávamos algumas idéias.
Então durante a conversa, tomei um copo inteiro de whisky de uma só vez. E ele a ver isso, pediu dois de uma vez, tomando-os ao mesmo tempo.
Percebi o que ele queria. Me desafiara para ver quem bebia mais.
Então bebemos muito, até ficarmos completamente sem noção dos nossos atos.
Eu já estava cansada de lá, e então pedi duas garrafas e saí. Mas ele me seguiu.
– Aonde a senhorita pensa que vai? - Ele falou com uma voz bêbada, me segurando pela cintura.
– Ah, para com isso, Keith... - Eu ria muito, então me soltei dele e saí correndo, enquanto ele ia atrás de mim.
Chegamos na piscina, aonde sentei na borda e abri uma garrafa. Logo ele veio, sentando do meu lado e abrindo a outra.
Ficamos falando coisas aleatórias, até que ele me perguntou:
– Você gosta de água?
– É, acho que gosto... - Falei risonha, de tão bêbada que eu estava.
– Então acho que vai gostar disso! - Ele me empurrou na piscina, quando eu voltei a superfície, ele estava rindo de mim.
– Socorro! Não sei nadar! - Fiquei me debatendo pela água e afundei por um tempo.
– Evelyn! - Keith chegou mais perto da borda, observando.
Logo voltei para a superfície de novo e o puxei, rindo muito.
– Você me enganou, sua danadinha... - Ele falou com um ar brincalhão, e ao mesmo tempo, atrevido.
– Sim - Fiquei rindo. O que vai fazer?
Logo ele começou a jogar água em mim, e eu retribuí, e então ficamos fazendo uma guerra de ondas.
– Chega, chega... - Eu falei ofegante, rindo.
Então ele chegou mais perto de mim e me beijou.
O beijei de volta na hora, ficamos ali por mais uns 10 minutos.
Depois que saímos da piscina, ele não parava de me beijar. Às vezes eu não o deixava alcançar minha boca, então ele espalhava vários beijos pelo meu pescoço.
Eu soltava alguns gemidos leves enquanto ele fazia isso.
Depois começamos a nos beijar mais intensamente. Eu sabia quais eram suas intenções, e não iria impedi-lo, pois não podia me controlar.
Logo fomos para o seu quarto, onde sentamos na sua cama, enquanto nos beijávamos mais e mais rápido.
Ele me empurrou para eu deitar no colchão, enquanto começava a tirar minhas roupas e eu as dele.
Ia ser uma longa noite.

Fim do Flashback

– E foi isso. - Evelyn falou olhando para a parede, como se enxergasse a cena. - De manhã eu acordei, e lembrei de tudo. Ele estava dormindo, então peguei minhas roupas espalhadas, me vesti e saí de lá, vindo pra cá.
– Você já falou com ele hoje, Evy? - Belle perguntou, e a garota virara o rosto para a baterista.
– Não... - Evelyn balançou a cabeça horizontalmente. - Talvez eu vá depois.
– É melhor ir mesmo, pra acertar as coisas. - Dani falou indiferente. - Mas já pensou na hipótese de vocês ficarem juntos? Combinam muito, e você anda precisando de um namorado, convenhamos.
– Não sei, Dani... - Evelyn respondeu meio sem emoção. - Acho que prefiro ficar solteira.
– Que pena, ia ser uma graça... - Belle falou de um jeito fofo. - Pelo o que você contou, pareciam bem felizes.
– Estávamos bêbados. - Evelyn falou com um sorriso magrelo e amarelado. - Vocês sabem que eu rio de tudo quando bebo muito.
– Verdade... - Dani falou rindo um pouco.
Então as três ficaram conversando por mais algumas horas.
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Keith estava sentado em uma mesa perto da piscina, lendo um jornal qualquer.
– Oi... - Evelyn falou, sentando em uma cadeira ao lado.
– Oi. - Ele falou, deixando o jornal em cima da mesa.
– Escuta... - Evelyn começou a falar, um pouco nervosa. - Sobre a noite passada, foi só uma noite né? Devíamos esquecer e voltar para as nossas vidas.
– Mas do que você está falando?
– Ué, você não sabe?
– Não... A única coisa que eu sei é que estou com uma dor de cabeça terrível.
– Não lembra do que aconteceu mesmo?
– Não. Por que? Eu deveria?
Evelyn respirou fundo e pensou um pouco no que ia falar.
– Deixa pra lá... - Ela disse, se levantando. - Tenha uma boa tarde, Keith.
Então ela saiu de lá, e ninguém sabia dizer se estava triste ou aliviada.

Blue, Red And Grey, Capítulo 9

Já era quase meio-dia, Dani e Belle esperavam dentro do aeroporto, quase impacientes.

Havia um certo amontoado de gente, provavelmente fãs do The Who indo receber a banda. E haviam alguns seguranças também, para o caso de problemas.

– Está demorando demais... - Dani falava toda hora, preocupada. - Será que o vôo se atrasou?

– Calma Dani, seja paciente. - Belle falava tentando quebrar o gelo. - Eles vão chegar logo, você vai ver.

Então se passou mais uma meia hora, até que finalmente eles chegaram. Dani tentou se manifestar, mas uma pequena multidão fez isso antes.

Muitos vieram pedir autógrafos ou até fotos com os integrantes, que deram atenção para somente alguns por uns 5 minutos, logo vieram alguns seguranças barrando a multidão.

– Vem, Belle! - Dani falou e puxou a amiga pela mão no mesmo segundo, sendo que esta nem tempo para dizer algo teve.

Tentaram passar espremidas pela multidão, enquanto os rapazes se afastavam, menos Pete, que parecia procurar por ela.
– Parada aí, moça. - Um segurança falou rigidamente entrando em sua frente. - Aonde pensa que vai
– Me encontrar com o meu namorado... - Dani falou impaciente com o brutamontes na sua frente. - Se importa?

– Onde ele está?

– Lá.

Ela apontou para Pete, que ainda a procurava, e o segurança quase teve um ataque de risos.

– Você está me dizendo que Pete Townshend é seu namorado? - Ele segurou o riso. - Boa tentativa garota, mas não me convenceu...

– É verdade! - Belle protestou, também irritada.

– Eu posso provar! - Dani falou, dando um jeito de passar pelo segurança e correu até Pete.

– Detenham ela! - O segurança gritou para os outros colegas, que a barraram.

Dani viu que não tinha outra escolha além de gritar.

– PETE! - Ela gritou com todas as forças que pôde.

E ele escutou.

– Dani? - Ele se virou e viu ela lutando contra os seguranças que a barravam. - Ei, larguem ela!

– A conhece, Sr. Townshend? - O mesmo segurança que barrara Dani antes perguntou.

– Claro! Ela é minha namorada, seus palermas! - Ele reclamou com raiva do tratamento que os seguranças deram para Dani.

Os seguranças largaram ela, e Pete chegou mais perto a abraçando.

– Você está bem, meu amor? - Ele perguntou do jeito mais carinhoso o possível.

– Estou... - Ela falou baixinho no seu ouvido, choramingando sabe lá se era de agonia pelo sufoco ou de emoção. - Senti saudades de você...

– Eu também, minha querida, eu também...

Pete fez um gesto com a cabeça pedindo para os seguranças irem para outro lugar.

Logo que eles se afastaram e Pete a beijou com vontade, como se não fizesse aquilo a séculos.

Dani o beijou de volta instantâneamente, achando o momento perfeito.

– Com licença... - Um segurança chegou perto deles, fazendo o casal quebrar o beijo. - Mas vocês conhecem aquela garota?

Ele apontou para Belle, que parecia estar sendo atolada pelos seguranças.

– Sim, ela é minha amiga. - Dani explicou para o segurança. - Deixem ela vir, ela está comigo.

Então eles liberaram Belle, que veio até Pete e Dani dizendo:

– Awn, mas vocês são tão lindos juntos...

Dani sorriu para a amiga.

– Acho que você ainda não conheceu a Belle, não é Pete?

– Só de vista...

– Prazer em conhecê-lo! - Belle estendeu a mão para cumprimentá-lo, e ele a apertou.

– O mesmo... - Ele falou educadamente. - O que aconteceu com a Evelyn?

– Ela ficou no hotel, está cansada... - Dani falou com pena da amiga. - Mas então, vamos lá?

– Claro, os outros estão mais na frente. - Pete falou tomando a mão de Dani, e indo, enquanto Belle os seguia.

John e Roger estavam mais a frente, meio preocupados.

– Ei galera, o que houve? - Pete perguntou.

– O Keith sumiu. - John respondeu irritado. - Ele disse que ia no banheiro, mas não voltou até agora.

– Vamos procurar ele, ué! - Pete falou, também preocupado. - Caralho, ele sempre inventa alguma...

– Com licença... - Um segurança chegou falando com eles, arrastando ninguém menos do que Keith. - Vocês conhecem esse cara?

– Sim, conhecemos. - Roger falou sério, olhando rigidamente pra Keith. - Aonde ele estava?

– Na esteira de malas. Peguei ele subindo lá, e o impedi. Ele disse que era o baterista do The Who, e me pediu para achar vocês.

– Porra Keith, você e suas idéias... - John reclamou, olhando duramente para o amigo.

Logo o segurança o soltou, deu um sermão curto e se retirou de lá.

– Teria sido divertido se não fosse esse filho da puta... - Keith falou, frustrado.

Dani e Belle deram uma risada descreta, até que Roger olhou bem para a segunda.

– Ei, nem tinha te notado aí... - Ele falou para a baterista com uma voz sedutora. - Qual o seu nome, madame?

– Belle... - Ela falou baixinho, corada.

– É um lindo nome para uma garota tão linda como você. - Ele piscou para Belle, enquanto os dois trocavam olhares românticos.

Mais tarde todos eles foram indo para o hotel, aonde o Who ia se hospedar também.

Evelyn acordara e estava em seu quarto, escrevendo alguma coisa em um caderno, até que Belle entrou.

– Oi Evy... - Ela acenou para a amiga, enquanto tirava as sandálias. - Já está se sentindo melhor?

– Sim... - Ela assentiu com um leve sorriso. - A Dani foi sair com o Pete, não é?

– É claro! - Belle falou empolgada. - Que casal vai a Paris e não passeia por lá? É a cidade do amor...

– Amor, paixão, que seja. - Evelyn falou sem dar muita importância. - Mas o bom é que ela está feliz.

– Sim... - Belle falou suspirando. - Os colegas de Pete são legais. Principalmente o Roger... Acho que ele gostou de mim, Evy!

– Que bom pra você... - Ela deu outro sorriso magro, enquanto escrevia. - Por que não vai falar com ele?

– Se eu tivesse coragem... - Belle falou baixinho, suspirando.

Então a campainha tocou, e Belle foi atender. Eram Roger, John e Keith.

– Oi Belle... - Roger acenando pra ela. - Ficamos sabendo que está tendo uma festa lá embaixo, então eu estava pensando se você queria ir com a gente.

– É claro que eu vou! - Ela falou saltitante. - Quer dizer, sim, parece ser legal...

– E você, aí, também vai? - Roger perguntou olhando pra Evelyn.

– Acho que não, não curto festas... - Ela respondeu sem olhar pra o loiro, concentrada no que escrevia.

– Ah Evy, vem com a gente, por favor! - Belle pediu puxando a amiga. - Você mal sai daqui, precisa respirar um ar puro!

Evelyn recusava, mas Belle insistiu tanto que a vocalista acabou aceitando.

Os cinco desceram, Keith e John conversavam e Belle parecia rir de algumas coisas que Roger falava.

Logo chegaram na festa, aonde Evelyn foi para a mesa de drinques, o único lugar aonde ela se divertia numa festa. John e Keith ficaram conversando até que foram para lá também, e Roger chamou Belle para dançar.

Era uma música empolgada, e os dois se mexiam muito no salão.

– Sua dança é engraçada... - Roger fez um comentário olhando para os pés da garota.

– Hahahaha, sempre me falam isso...

Os dois riam felizes, se divertindo.

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– Não é lindo? - Dani virou sua cabeça pra Pete, que a segurava pela cintura, enquanto contemplavam o Rio Sena.

– Sim... - Ele a beijou por alguns segundos, e depois os dois voltaram a observar o rio.

– Ahn, com licença? - Um jovem rapaz com uma câmera chamou a atenção deles. - Gostariam de tirar uma foto? Sabe, pra guardar de lembrança...

– O que você acha? - Pete perguntou pra Dani, que assentiu.

Então os dois sorriram se abraçando enquanto o jovem fotógrafo apertava o botão e viera o flash de luz. Uma foto saiu da câmera, e o fotógrafo pegou para ver.

– Aqui está. Ficou linda. - Ele disse entregando a foto para Pete.

– Quanto é que custa? - Pete perguntou pegando sua carteira.

– Nem estou cobrando por essa, guarde seu dinheiro. - Ele disse enquanto guardava sua câmera. - Tenham uma boa tarde.

Então ele deixou o jovem casal lá, se retirando.

_________________________________

– Eu vou lá comer alguma coisa, já volto. - Roger falou deixando Belle no canto da pista de dança.

Os dois estavam se dando muito bem, e ela estava até nervosa com isso.

– Ei gracinha, não quer dançar? - Um cara perguntou já agarrando Belle.

– Não, obrigada, já estou acompanhada. - Belle se soltou do cara, tentando se afastar.

– Mas é só uma dança... - O brutamontes insistia, e Belle pedia ajuda.

– Ei, larga ela! - Roger protestou presenciando a cena.

Belle se soltou e foi rápido até Roger, fazendo com que o cara ficasse com raiva.

– Vai lá então com ele, vadia. - Ao dizer essas palavras, Roger ficou enfurecido com o cara.

– Ei, peça desculpas, seu merda! - Roger gritou com ele.

– E por que eu deveria?

– Por isso...

Então Roger deu um soco forte no cara, que caiu no chão.

– Você vai ver! - Ele recuperou forças e se levantou rapidamente, desferindo um soco no vocalista.

Então eles começaram a brigar feio, Roger o arrastou na mesa do bar, quebrando copos de vidro.

Belle observava a cena assustada, sem saber o que fazer.

Os dois já estavam até sangrando quando o cara desistiu, dando um jeito de fugir.

Roger ficou parado em pé, ofegante.

– Roger, você está bem? - Belle perguntou preocupada.

– Sim, eu acho... - Ao dizer isso ele desmaiou, caindo duro no chão.

– MEU DEUS! ALGUÉM ME AJUDE!

Logo veio John, tentando acordar Roger, porém sem sucesso.

– Vamos levar ele pro hospital. - John falou levantando Roger pelos braços. - Segure as pernas dele.

Então Belle obedeceu, e os dois carregaram o vocalista desmaiado até acharem um taxi, onde foram até o hospital.

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Pete e Dani chegaram no hotel, indo até os corredores, onde ele a agarrou e começou a beijá-la intensamente.

Os dois entraram em seu quarto, que ele havia pedido somente pra ele especialmente para esse caso.

Os dois mal viam aonde andavam e caíram na cama.

Enquanto Pete beijava seu pescoço, Dani delirava, querendo que ele nunca parasse.

Então começaram a se despir, se desejando mais do que nunca.

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Belle estava desesperada olhando para Roger na cama do hospital.

A enfermeira dissera que ele tinha levado uma pancada feia, mas ia ficar bem. Só não sabia quando ele ia acordar.

John estava lá um pouco antes, mas saíra, provavelmente para ir atrás de uma das enfermeiras de lá.

– Por favor, acorda logo... - Belle falou, chorando.

Uns minutos depois, os olhos azuis de Roger se abriram, vendo Belle.

– Ahn, o que aconteceu? - Ele perguntara, perdido.

– Você desmaiou depois de brigar com aquele cara. John e eu te trouxemos pra cá... Estava preocupada com você!

– Acho que eu estou bem... - Roger tentou se levantar e conseguiu. - Só que a minha cabeça dói um pouco...

– Por que fez aquilo, Roger?

Ele sorriu para a garota, segurando sua mão.

– Não podia deixar ele te chamar assim sair impune...

Logo Belle teve algum surto dentro de si. Sem pensar muito, o puxou pela camisa e o beijou apaixonadamente.

Blue, Red And Grey, Capítulo 8

Dezembro de 1966.

Já fazia um mês desde que as garotas saíram em turnê. Passaram por vários países da Europa, e agora estavam em Paris, no quarto de hotel. Pareceria algo muito bom, se não fosse por algo. Estavam trancadas no quarto, com Evelyn rindo e falando coisas sem sentido constantemente, e um tédio infernal que irritava Dani e Belle.

Dani sentia saudades de Pete. Sempre um deles ligava um pro outro todos os dias, procurando trocar novidades. Pete lhe contara que o The Who terminara de gravar seu álbum, que eles intitularam A Quick One. Dani ficou entusiasmada e tinha dito que estava louca para ouvi-lo quando tivesse tempo. Ele também falou que podia acabar saindo em turnê também, e ambos torciam que conseguissem se encontrar em alguma hora de repente.

O relacionamento dos dois estava ótimo. Houveram algumas discussões e intrigas, porém sempre conseguiam se resolver depois.

Mas ele não ligara hoje. E Dani estava quase enlouquecendo com isso.

"Queria ouvir a voz dele pelo menos hoje..." Pensava tristonha.

– Mas mãe, eu não quero comer espinafre... - Evelyn falava rindo, deitada em sua cama apontando para o teto como se fosse uma criança de 5 anos.

Belle batucava tentando se distrair, também frustrada.

Até que o telefone tocou, fazendo a baixista agarrá-lo deseperada.

– Alô? - Ela perguntou animada, esperando que fosse Pete.

– Olá querida... Eu te acordei? - A voz do outro lado quase fez a garota pirar. Era ele mesmo.

– Não, não... - Ela deu uma risada leve mordendo os lábios. - Eu já estava acordada, na verdade aqui está um tédio.

– Você está aonde agora?

– Paris...

– EI IAN! LARGUE MEUS BOLINHOS! - Evelyn gritou alto, fazendo com Pete escutasse e tomasse um susto.

– É a Evelyn aí? - Ele perguntou enfiando um dedo no ouvido.

– Sim... - Ela disse baixinho. - Doparam ela com aquele tranquilizante que os dentistas usam... É a única coisa que acalma ela totalmente. Mas está melhor do que antes, ela estava super agitada.

– O que aconteceu aí?

– É uma longa história... Está disposto a ouvir?

– Estou, se quiser contar...

– Tudo bem...

Flashback

Nós estávamos numa apresentação mais cedo. Evelyn estava nervosa demais, ela teve laringite semana passada e não sabia se podia dar conta de fazer um show hoje. Mas ela não queria cancelá-lo. Então fomos fazê-lo. No começo estávamos indo muito bem, e Evelyn não tivera nenhum problema.

Na verdade ela estava elétrica demais. Não parava quieta. Teve uma hora em que ela se jogou no chão e ficou tocando lá, girando por ele. Eu não sabia se deixava ela lá ou a tirava, mas decidi deixar ela fazer o que quiser então.

A platéia ia ao delírio. Ela dava até uns berros de vez em quando. Mas com isso, uma hora ela acabou desafinando numa hora muito importante, o que levou muita gente a vaiarnos.

Ela, já muito agitada, ficou completamente enfurecida. Uma pessoa na platéia, acompanhando o público insatisfeito, atirou uma maçã nela. Evelyn pegou a fruta, e olhou com frieza para a platéia.

– Que idiotas vocês... - Ela falou com desprezo, em uma enorme ira. - Sem falar que costumam atirar tomates, não maçãs.

Então ela pegou a fruta e atirou na mesma pessoa que a lançara.

– Eu vi você lançando, babaca. - Ela gritou furiosa. - Qual é o seu problema hein?

Ela pegou o suspensor do microfone, o agarrando como um bastão de baseball.

– Anda, joguem mais coisas! - Ela reclamava enquanto o mexia. - Minha rebatida é ótima.

Alguns pensaram e até fizeram isso, mas assim como Evelyn falou, rebateu tudo que tacaram nelas.

– Vocês vieram aqui para ver o show ou fazer isso, seus merdas? Caralho, espero que vocês todos que fizeram isso vão para o inferno!

Se ninguém fizesse nada, ela podia acabar pulando na platéia e bater em todos, então eu e Belle largamos os nossos instrumentos e a agarramos, a tirando do palco.

Ela estava muito, mais muito agitada. Levamos ela para a enfermaria, onde eu pedi que lhe dessem aquele tranquilizante. Então ela ficou calma, enfim. Mas a merda é que tivemos que ficar aqui no quarto de hotel, a vigiando.

Fim do flashback

– Que chato isso... - Pete falou tentando acompanhar o desânimo da namorada. - Estou até sentindo pena da Evelyn, mesmo eu nunca imaginando que falaria isso.

– Sim, foi sacanagem aquilo... - Dani falou cansada, bocejando. - Mas enfim, acho que eu volto para Londres em uma semana...

– Bom, mas eu tenho algo para lhe contar...

– Fale.

– Eu e os outros estamos indo aí para Paris também, amanhã.

Dani quase gritou e pulou no momento, ficou super animada.

– Eu e as meninas vamos encontrar vocês no aeroporto, que tal? - Ela disse feliz da vida.

– Tudo bem... - Pete riu um pouco. - E o bom que vamos matar nossas saudades.

– Sim... Eu preciso muito te ver de novo.

– Eu também...

Então os dois apaixonados ficaram conversando pelo resto da noite, até que Dani teve de desligar porque já estava cansada.

Mas dormira com um sorriso no rosto.

Blue, Red And Grey, Capítulo 7

– Uhhhhh... - Depois das três cantarem em harmonia
assim, Evelyn e Dani pararam de mexer nas cordas e Belle parara de bater nos
tambores com as baquetas. A última canção para o disco havia finalmente
terminado de ser gravada.
Após desligarem os aparelhos de gravação, Evelyn olhou para as outras garotas,
que estavam cansadas, porém felizes.
– Bem gente, agora é só esperarmos... - Sim... - Dani falou, aliviada. - Foi
tão legal gravar, estou tão ansiosa pra quando lançarem!
– Eu só peço para que vocês sejam fortes... - Evelyn comentou acendendo um
cigarro. - Vão precisar.
– Por que? - Belle perguntou intrigada, enquanto guardava suas baquetas.
– Bom... - Evelyn começou a falar enquanto guardava sua guitarra. - A gente não
sabe quantos irão comprar, e ainda virão os críticos de merda tentar nos
avacalhar se não gostarem.
– Pois é... - Dani comentou um pouco desanimada.
– Acho um crime eles ganharem tanto pra dar uma porra de opinião, sendo que o
ponto de vista de todos são diferentes. E alguns nem conseguem entender o
verdadeiro conceito de arte. - Evelyn comentava, sem expressão. - Mas é melhor
nem ficarmos pensando nisso. É melhor esperarmos para ver no que dá.
As outras duas apenas assentiram.
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Passou-se um mês, e já dava para ver cópias do primeiro disco da Whereland nas
lojas de música. De primeira só alguns compraram, mas com um tempo, o álbum já
estava no sétimo lugar nas paradas, e logo mais chegou no segundo até que
finalmente chegou em primeiro durante uns dois meses. Incrivelmente foi bem
recebido pelas críticas também.
"É um som diferente e interessante para a nossa geração." Foi o que
disse um critico no jornal.
– Impressionante, não esperava por isso. - Foi o que Evelyn falou quando
descobriu que o álbum delas chegara em primeiro lugar nas paradas da
Inglaterra.
Logo a Whereland foi chamada para participar de diversos eventos, houveram mais
público em seus shows e até que um belo dia...
– Vamos numa entrevista. - Belle falou ao ler o conteúdo de uma carta.
– O que? - Dani virou a cabeça para a baterista, que estava sentada em uma mesa
lendo o conteúdo da carta.
– Aqui, leia! – Belle chegou perto de Dani e entregou a
carta.
“Olá garotas da Whereland. Meu nome é James Perky, mas vocês
já devem me conhecer pelo meu programa, The Perky Night Show. Convido vocês a irem
ao meu programa, no dia 20 de novembro. Aguardo sua resposta até lá, o telefone
está no envelope.”

James Perky

– Então, a gente vai ou não? – Dani perguntou, mostrando a
carta para Evelyn, que estava sentada no chão, como de costume.
– Hum, não sei... – Evelyn ficou lendo a carta, até que a
devolveu pra Dani. – Não gosto de entrevistas.
– Mas talvez nos ajudasse na popularidade. – Belle falou um
pouco animada. – E eu sempre quis ir numa entrevista!
– O que você acha, Dani? – Evelyn perguntou, ela
aparentemente não se importava em ir, mesmo que não estivesse a fim.
– Acho que a gente devia ir... – A baixista respondeu, não
sabendo muito bem o que dizer.
– Então vamos ligar para ele. –
Evelyn concluiu, vendo que seria a melhor opção.
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– Boa noite, espectadores! E com vocês mais um The Perky
Night Show, com seu apresentador favorito, James Perky! – Anunciou um locutor,
ao som de um jingle.
Logo, entrou James Perky, um homem aparentemente nos seus 40
anos, cabelo um pouco grisalho e roupas chiques.
– Boa noite! Hoje nós receberemos as integrantes de uma
banda que fez um recente sucesso e chegou ao topo das paradas faz uma semana!
Com vocês, as Srtas. Evelyn Blen, Daniele Greene e Cibele Martin!
Uma salva de palmas invadira o ambiente enquanto as três garotas entraram.
– Muito bem... - James deu mais um de suas risadas treinadas, enquanto se ajeitava em sua poltrona. - De onde vocês vieram?
– Liverpool. - As três responderam em uma sintonia praticamente perfeita.
– Ora, ora, então vocês são tipo as garotas de Liverpool? - Ele fez um comentário do jeito mais falso possível.
– Não nos compare com os Beatles, por favor... - Evelyn falou com um tom frustrante. - Eles são ótimos, mas não estamos aqui para ficar falando sobre eles, nem ao menos nos declaramos versões femininas. E além do mais somos só três.
– Tudo bem, tudo bem... - O apresentador soltou mais uma das suas risadas treinadas, que irritava Evelyn pelo tamanho da falsidade.

– Preferia não ter vindo aqui... – Resmungou baixinho, sem que ninguém percebesse.

Então ele fazia várias perguntas, às vezes ela respondia, outras eram Dani e outras eram Belle. O programa até que corria bem.

Então Evelyn pegou uma caixa de cigarros e tirou um de dentro, o acendendo.

– Hã... – James falou sem graça. – Você precisa mesmo fumar aqui?

– Sim, por quê? – Ela deu uma esbaforada no ar. – Não fuma, Jimmy?

– Sim, mas... – Ele continuava sem jeito. – Acho que aqui não é um bom lugar.

Evelyn o ignorou, e logo se levantou da poltrona, andando até a frente do palco aonde havia um público assistindo. Dani e Belle ficaram caladas, olhando a colega de banda se manifestar.

– Quem aqui não é fumante? – Ela perguntou em voz alta, e certo número de pessoas se manifestara. – Vocês estão muito longe daqui, então acho que não vai incomodar tanto.

Então ela se sentou de novo, encarando o apresentador.

– Continue. – Ela disse ao notar o silêncio.

– Então tudo bem... – Ele riu de novo, deixando Evelyn ainda mais irritada. – Por que esse jeito tão, tão... Largado?

– Por que essa atitude tão falsa, Jimmy? – Ela respondeu após dar mais uma tragada, logo dando a língua.

– Mas é intrigante... São poucas as mulheres que usam calça.

– E quem disse que eu sou como todas as mulheres? E saias me irritam.

– Mas, mas...

– Escuta, chega de fazer perguntas pra mim, vá fazer perguntas pra Dani e pra Belle também. Por favor.

– Ok... – James foi olhar para as outras duas garotas, que permaneceram quietas durante aquele tempo. – Como é trabalhar com a Evelyn?

– Peraí! Pode parar com essa sacanagem! – A garota protestou enfurecida. – Não faça perguntas sobre mim pra elas, faça perguntas que nem as minhas!

– É legal! – Dani respondeu, ignorando a guitarrista. – Mesmo ela sendo doida.

– Então não é impressão minha, ela é doida mesmo... – James ao fazer o comentário, viu a plateia morrer de rir.

– Sou mesmo, e daí? – Evelyn falou sem ligar para a opinião alheia, dando uma risada macabra.

– Você não está chapada, está? – O apresentador perguntou indiscretamente, um pouco duvidoso.

– E quem te disse que eu uso drogas, Jimmy? – Evelyn respondeu na maior tranquilidade.

– Sei, sei... – James falou sarcasticamente, e aparentemente ninguém acreditou nela.

– É verdade, pergunte ao meu médico. Estou perfeitamente sã das minhas ações. – Evelyn falou calma, nem dava para dizer se falava a verdade ou mentia. – Só sou alcoólatra e fumante mesmo. Mas só uso tabaco.

– Ok, ok... – James cortou o papo, mesmo não acreditando ainda. – Vamos falar de outra coisa.

E passou-se mais uma hora, até que o programa fora encerrado e as três voltaram pra casa.

Mas no dia seguinte, Evelyn recebeu uma ligação, e chamou as duas amigas para contar da novidade. Quando elas chegaram, Evelyn as recebeu e esperou sentarem no sofá para falar.

– Então, o que é? – Belle perguntou curiosa.

– Nós iremos fazer uma turnê.