segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Blue, Red And Grey, Capítulo 16

– E o próximo... - A enfermeira olhou a prancheta. - Srta. Evelyn Blen.
Na mesma hora uma jovem com um gesso se levantou, indo até lá acompanhada de um rapaz, que a enfermeira deduziu ser seu namorado.
Logo ela foi pegar uma tesoura, começando a cortar o gesso.
– Como você machucou o braço? - Ela perguntou curiosa enquanto cortava um terço do gesso.
– Ele derrubou um tambor nele. - Evelyn respondeu apontando pra Keith, e logo viu a enfermeira fazer uma cara de espanto. - Não se preocupe, foi um acidente.
– Ah sim... - A enfermeira voltou a cortar o gesso, se calando.
– Mas se ele tentasse me atacar, pegava meu canivete e cortava a garganta dele. - Evy acrescentou com uma expressão facial de indiferença, como se já fosse acostumada com coisas desse tipo.
– M-meu Deu... - A enfermeira pulou ao ouvir isso, com medo e receando em chamar a polícia.
– Eu tava brincando! - Evelyn deu uma risada leve, mas logo voltou a fazer uma cara de séria. - Continue com o seu trabalho, por favor...
– O-ok... - Ela voltou a cortar, até que viu Keith mexendo com algumas coisas de sua mesa, como seringas. - Ei, senhor...
– Meus amigos me chamam de Keith, você me chama de John. - Ele disse com um olhar indiferente para a insegura enfermeira enquanto espetava seu dedo de leve na agulha. - Podia levar uma dessas pra botar heroína.
– Pode largar isso, por favor? - A enfermeira pediu impaciente.
– Keith, por que você não preenche aquela ficha por mim? - Evelyn pediu com calma e um ar leve de impaciência.
– Por quê? - Ele perguntou, provocando.
– Porque eu mandei – Ela respondeu com um olhar malvado – E é melhor eu não estar chateada com você depois que eu tirar esse gesso.
– Tá, tá... – Ele pegou a prancheta em cima da mesa, apertando o botão da caneta. – Nome?
– Evelyn Margareth Blen – Ela disse, com um pouco de ódio, como se não quisesse lembrar esse nome.
– Então o seu nome do meio é Margareth? – Ele comentou risonho enquanto escrevia.
– Não me lembra disso, por favor... – Evelyn grunhiu. – Eu odeio esse nome.
– Ah é? – Ele deu um riso. – Então vou te chamar de Maggie agora.
– Se foder, vai... – Evy falou mostrando o dedo do meio.
– Hummm, tá bom... – Ele olhou malicioso e voltou a olhar para a ficha. – Sexo? Essa é a mais fácil de se preencher. Todos os dias...
– Aff, você é um chato, Keith Moon – Evelyn falou risonha. – Mas eu te amo.
– Vocês dois são engraçados... – A enfermeira riu, finalmente acabando de cortar o gesso. – E esquisitos também.
– Obrigada, mas você ainda tem um gesso pra tirar. – Evy não deixou de comentar, impaciente.
– Calma... – Finalmente ela tirou o gesso da frustrada garota. – Consegue mover o braço?
– Acho que sim... – Evy começou a girar e balançar o braço aleatoriamente, tentando recuperar os movimentos. – Espera aí... Keith vem aqui...
– O que é? – Ele chegou perto e levou uma tapa no rosto, que provocou um sorriso na garota.
– Pois é, consigo mexer muito bem. – Ela sorriu diabolicamente para a enfermeira, que estava sem graça. – Agora vamos dar o fora daqui.
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Mary estava sentada no seu sofá, pensativa. Não conseguia se distrair com nada, e estava se sentindo muito sozinha. Sua situação na banda também era preocupante. Já que Evy já estava possibilitada de tocar de novo, ela ia ser dispensada e teria que arrumar outro emprego.
“Devia parar de pensar nos meus problemas” Ela pensou trêmula, tomando um gole de conhaque. “Eles me deixam nervosa demais.”
Nem tocar a distraía. Tentou dormir, mas não conseguia. Só ficava duvidosa.
Até que seus pensamentos preocupantes foram interrompidos pelo telefone tocando. Correu até o móvel perto do sofá e o tirou do gancho.
– Alô? – Ela perguntara sem um pouco de seu fôlego, devido ao breve esforço.
– Oi Mary – A voz do outro lado da linha respondeu e Mary reconheceu como Evelyn. – Como está?
– B-bem... – Ela gaguejou, temendo que fosse dispensada naquela hora. – Por que ligou?
– Nada, só que eu e o Keith vamos dar uma festinha... Queria saber se você quer ir.
– Você dando festas, Evy? Não parece muito da sua natureza.
– Não sabe que dia é hoje, não é?
– 9 de março?
– Também... Não me diga que você esqueceu...
– Ahh é... Seu aniversário, certo?
– Sim. Eu nem queria lembrar, mas quando o Keith ficou sabendo... Cara, ele ficou enchendo o saco para eu comemorar.
– Hahaha, é que horas a festa?
– Daqui a uma hora...Tempo suficiente pra você dar uma retocada e comprar um presente.
– Ok...
– É sério, se é pra todo mundo ficar me lembrando de que eu um ano mais perto de morrer quero algo pra recompensar.
– Tá certo Evy, eu compro alguma coisa...
– Então te vejo lá, tchau.
– Tchau...
Ao colocar o telefone de volta no gancho, a garota correu para o banheiro se arrumar.
– Então, o que você espera fazer nesse ano? – Dani falou enquanto via a fumaça do cigarro de Pete subir, se apoiando na parte de trás da cadeira com os braços.
– Bem... – Ele assoprou fumaça para fora da boca, e depois voltou a olhar para a namorada. – Estou pensando no próximo álbum que eu vou gravar com a banda... Tenho algumas ideias, mas ainda não estou certo.
– Ah sim... Ainda não sei o que eu vou fazer... Vou esperar a Evy ter algumas ideias e aí acho que começamos a trabalhar...
– Você não precisa depender dela, sabe...
– Pete, eu só fiz umas duas composições até agora. Dá no máximo pra fazer um single com isso. A Evy é uma máquina humana de composições...
– Vocês devem ter sorte em ter ela na banda... Mas você tem que saber ser independente também, apesar de ela ser a líder.
– Você fala isso porque é o líder da sua banda. Não quero liderar, não sei fazer isso.
– Está bem, deixa pra lá...
– Você parece estar mais calmo ultimamente. Menos ciumento.
– Acha mesmo?
– Sim...
– É que eu te amo muito, e notei que você também... Seria besteira ficar sendo possessivo.
Dani riu e o beijou carinhosamente, por uns segundos.
– Sim, te amo muito.
Então o telefone tocou, cortando o clima do casal.
– Deixa que eu atendo. – Dani falou indo até a sala, deixando Pete na varanda de casa.
Ele olhou pensativo para a garota, pensando sobre o futuro dos dois.
Os dois estavam muito bem durante esses sete meses. Mas e depois? Continuariam juntos? Ele queria pensar muito bem antes de fazer qualquer coisa, mas já estava cogitando em pedi-la em casamento. Ele a amava muito, e não se importava em passar o resto da vida junto com ela.
– Era a Evy. – Dani falou ao voltar para a varanda. – Nos convidou para a festa de aniversário dela, você vem?
– Claro... – Pete respondeu indiferente.
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– Já vai! – Evelyn gritou correndo até a porta, vendo John ao abrir. – Oi Ox, chegou cedo.
– Eu sei. – Ele falou já entrando. – Não tinha mais o que fazer, então vim pra cá direto. Cadê o Keith?
– Aqui! – Ele falou sentado em um sofá do outro lado da sala, sem fazer nada.
– Não vai fazer nada não? – John perguntou chegando perto do colega de banda, fazendo um cumprimento inventado pelos dois e sentando no sofá mais próximo.
– E você acha que eu sou trouxa de deixar ele fazer alguma coisa? – Evelyn falou enquanto olhava pros dois. – Pra depois ter alguma coisa explodida nessa casa?
– É, tem razão. – John concordou, enquanto se ajeitava no sofá.
– Acho que já tá tudo pronto... – Ela disse dando uma olhada geral no ambiente. – Agora eu quero mais é que vá tudo se fuder, vou descansar um pouco.
Então ela se jogou no sofá, enquanto John a observou caindo nele e não deixou de perguntar:
– Não vai se arrumar não?
– Eu já estou arrumada... – Ela disse com um olhar impaciente.
– Você que sabe né... – John respondeu sem jeito.
– Ei, eu já posso sair dessa cadeira? – Keith perguntou.
– Sim, pode... – Evelyn respondeu, roendo a unha. – Fica lá na porta pra poder atender quem chegar.
– Senão? – Ele perguntou em um tom desafiador.
– Você já sabe. – Ela o fitou com um olhar de predadora. – Agora vai.
– Tá... – Keith foi andando impaciente até a porta, virando pra John sussurrando: “Ela vai me matar”
Passada meia-hora, a campainha tocou de novo. Era Mary.
– Oi... – Ela disse baixinho, entrando na casa.
– Oi Mary – Evy falou deitada do sofá.
– Oi Evy... – Mary respondeu indo até mais perto da amiga, com um embrulho nas mãos. – Feliz aniversário, espero que goste do presente...
A garota pegou o pequeno embrulho das mãos da guitarrista substituta, já abrindo.
– Cordas novas? – Ela disse empolgada. – Obrigada, tava precisando.
– De nada... – Mary falou dando um sorriso tímido e procurando um lugar vago para se sentar, que coincidentemente era do lado de John, que olhava surpreso para a garota.
– Nossa Mary... – Ele disse maravilhado. – Você está muito bonita hoje.
– O-obrigada... – A garota corou, se encolhendo na poltrona onde estava sentada.
Então os quatro ficaram conversando, até que chegaram mais pessoas: Roger e Belle.
E essa segunda não ficou muito feliz de encontrar Mary lá, se sentando um pouco longe dela junto com Roger.
– Belle, não precisa ter ciúmes... – Roger falava tentando quebrar o gelo. - Eu amo você, minha pequenininha.
– Aposto como você dizia isso para Mary sempre.
– Pare de implicar com a Mary! Acabou tudo entre mim e ela. Vocês deviam ser amigas.
– Como vou ser amiga de uma rival em potencial? Ela quer tirar você de mim!
– Não quer, não.
– Como pode ter tanta certeza?
– Porque olha ela e o Ox conversando ali. Veja como estão se dando bem...
Belle olhou os dois por um breve momento, vendo que estavam mesmo se dando bem. Riam bastante.
– Então isso significa que ninguém vai te tirar de mim... – Ela riu, dando um selinho nele.
– Sim, meu amor...
Os dois sorriam um pro outro, apaixonados.
E então a campainha tocou de novo. Eram Dani e Pete.
– Eles foram os últimos convidados, posso agora fazer alguma coisa? - Keith perguntou impaciente.
– Sim. - Evy respondeu indo até ele. - Pode me beijar.
– Tá bom... - Ele a agarrou a beijando como em filmes franceses.
– Perfeito... - Ela disse mordendo os lábios levemente. - Agora pode ficar a toa, só não suma do meu ponto de vista, senão...
– Já sei, já sei...
– Ótimo.
– Ei, é impressão minha, ou a Evy está fazendo o Keith se comportar? - Pete falou pra Dani.
– Meu caro... - Evy falou indiferente. - Eu tenho que mostrar quem manda aqui nessa porra.
– E você deixa ela mandar em você, Moon? - Pete perguntou com um ar de sacanagem, rindo.
– Se você soubesse do que ela tá falando... - Keith não deixou de comentar - Nem brincava com isso.
Logo o clima ficou meio pesado, até que a campainha tocou.
– Agora deixa que eu atendo... Mas estranho, não tinha chamado mais ninguém... - Evy falou indo até a porta e abrindo.

E a pessoa que estava do outro lado da porta surpreendeu a todos. 

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