sexta-feira, 19 de julho de 2013

Chaos And Creation - A biografia não autorizada da Whereland, capítulo 2

Se os Beatles e os Rolling Stones eram considdrados rivais, Whereland e The Who seriam os amantes. Literalmente. Jayne Greene e Pete Townshend namoraram por 3 anos e até chegaram a ficar noivos, mas romperam assim que Jayne descobrira que Pete passara uma noite com uma antiga namorada, Karen Astley, e que esta estava grávida.
Evelyn Blen e Keith Moon tiveram um relacionamento deveras conturbado. Noites regadas à álcool, sexo e destruição de quartos, infidelidades, e histórias curiosas, sendo a mais conhecida a em que fugiram junto com um casal de adolescentes, passaram duas semanas sumidos, e só depois foram encontrados num barco próximo do porto de Liverpool.
Roger Daltrey namorou por um ano e meio Betty Martin, com quem tivera uma filha, Sue Lee Martin.
Mas a relação entre Whereland e The Who era muito mais do que amorosa. As bandas possuem um dos maiores números de apresentações colaboradas, entre 1967 até 1978.
No primeiro show em que Whereland e The Who dividiriam o palco, também foi o show que Evelyn Blen acabou tendo o braço quebrado acidentalmente por Keith Moon, enquanto este destruía seu kit de bateria. Uma parte não muito conhecida da história seria quando Pete Townshend parara para dar uma enorme explicação sobre a próxima música que o The Who iria apresentar, mas fora cortado por Evelyn Blen, que disse:
  - Petey,  fique quieto. Eles pagaram ingresso para ouvir vocês tocarem, não para assistir uma palestra. Dê pra eles o que foi prometido.
O resto vocês já sabem. Um pequeno boato que andava era que Moon provocara o acidente intencionalmente, na tentativa de vingar o colega de banda. Mas o próprio Moon carregara Blen quando esta se feriu.
A única foto divulgada de Evelyn Blen com gesso foi tirada neste festival, enquanto esta conversava com um fã, que seria Ian Gillan, futuramente conhecido como vocalista na formação mais famosa da bem-sucedida banda de Heavy Metal, Deep Purple.
Mas nem tudo estava perdido. No dia seguinte, Blen recebeu uma ligação de uma velha amiga de infância, Mary Barton, que estava na cidade.
Após trocarem ideias por meia hora, Blen convidou-a para vir em sua casa tocar um pouco, relembrando os velhos tempos.
Após tocar vários de seus clássicos de blues favoritos, Evelyn, impressionada, exclamou:
  - Nossa Mary, você é muito boa!
  - Obrigada... Mas preciso ajeitar melhor as cordas.
  - É sério! Olha, você já tocou em alguma banda séria?
  - Fui guitarrista de uma bandinha chamada The Parkers por uns 6 meses.Gravamos um compacto, mas depois disso nos separamos.
  - Bom, já é alguma coisa... Você se importaria de trazê-lo para ouvirmos?
  - Bem, se insiste...
Meia hora depois Mary retornara com seu empoeirado compacto, colocando na vitrola de Evelyn. E ao terminarem de ouvirem, não havia mais dúvidas: Mary estava na banda, pelo menos até Evelyn Blen recuperar-se.
O que parecia uma simples substituição temporária, era na verdade um marco na história do rock n' roll como conhecemos hoje.




sexta-feira, 12 de julho de 2013

Chaos And Creation - A biografia não autorizada da Whereland, capítulo 1

"Eu me lembro muito bem daquele dia.
Tinha acabado de ganhar meu primeiro salário, e resolvi gastá-lo comprando um disco. Fui até a loja da cidade, e levei o compacto de uma banda estreante, Whereland, que continha Jeanie Liar, o primeiro hit delas. Ao ouvir, senti-me surpreso por várias coisas, o som, por exemplo, diferente, uma mistura insana de agressividade e harmonia. O vocal poderoso de Evelyn Blen, diferente de muitas vozes femininas que já ouvira. O fato de todas serem mulheres, no momento, o rock era só dos homens. E a letra controversa, que pertubava meus pais conservadores toda vez que eu colocava Jeanie Liar na vitrola de casa. Eu só sabia de uma coisa: o rock n' roll iria revolucionar o mundo."
                                         Henry Teller, colecionador de discos e um grande fã da Whereland.

As rádios inglesas iam a loucura. Havia algumas semanas que um compacto circulava entre os jovens ouvintes, causando um impacto surpreendente.

"Quem são as integrantes da Whereland? De onde elas vieram?" Eram algumas das perguntas que se fixavam nos jornais e noticiários.
Lançaram um álbum homônimo,  também um sucesso de vendas. Tudo isso foi o bastante para chamar a atenção dela. Não tinham empresário, "somos autônomas", declarava a exótica Evelyn Blen, líder da banda, quando um destes se oferecia.
Ou eram. Em 5 de novembro de 1966, às 3 horas e quinze minutos da tarde, mais uma proposta empresarial fora-lhes oferecida. E dessa vez, elas não iriam recusar.
  - De jeito nenhum. - Evelyn Blen, a loira de cabelos curtos e bagunçados e grandes óculos redondos negou friamente. - Sua proposta é no mínimo tentadora, mas não iremos receber ordens de ninguém, nem de você, srta. Hicks.
Mas Alice Hicks não era uma empresária qualquer. Em apenas 22 anos de idade, a esperta garota de óculos quadrados  já era bastante influente e uma verdadeira amante do rock n' roll.
  - Evelyn, pense bem, precisamos do dinheiro... - A ruiva baterista Elizabeth Martin, mais conhecida como Betty, sugeria.
  - É verdade... - Jayne Greene, a morena baixista, também preocupava-se com a carreira das três.
Embora boas instrumentistas, as duas eram fracas quando tratava-se de negócios, fazendo de Evelyn a cabeça criativa e dominante do grupo.
  - Boa tarde, srta. Hicks. - Ela disse com desprezo.
  - É uma pena que seja tão cabeça dura, srta. Blen. - Alice comentou tristemente. - Me pergunto o que será de Jeanie, e tantos outros personagens que estão para vir em suas futuras composições, se é que já não foram criados.
Evelyn virou seu pescoço imediatamente, mas não parecia surpresa.
  - Quem te contou sobre as músicas?
  - Ninguém. Tenho o costume de pesquisar e conhecer as coisas que empresario, não quero administrar negócios de um bando de lixos como muitos fazem.
  - Evy, ela não está mentindo. - Jayne afirmou na hora.
Evelyn pensou bem, e na hora tomou o contrato da mão de Alice, examinando todas as entrelinhas.
  - Preciso de uma caneta tinteiro.
Alice, sorridente, tirou a sua do bolso do paletó, entregando para a guitarrista, que logo passou para a baixista e baterista. O contrato estava pronto.
  - Arranjarei uma turnê por toda Europa para vocês assim que puder, vocês realmente precisam fazer sucesso em mais lugares. Ligarei assim que conseguir.
  - Toda, toda a Europa? Até a França? - Betty perguntou pasma.
  - Isso mesmo.
Betty gritou de alegria, abraçando sua nova empresária firmemente.
  - Eu sempre quis conhecer Paris! Você é incrível, Alice!
  - Mas como você vai conseguir isso? - Jayne perguntou, insegura.
  - Eu me viro, sempre dou um jeito. - Gabou-se, ajeitando seu óculos.
E não estava mentindo. Mais ou menos uma semana depois, a Whereland já estava na estrada, fazendo seu primeiro show em Dublin, Irlanda.
Já em seu quinto cigarro e décima música, Evelyn tinha ainda uma enorme energia para continuar, assim como as outras. Betty distraía o público com curtos mas eficientes solos de bateria, enquanto Jayne afinava discretamente seu baixo.
As garotas provaram naquela noite não serem apenas eficientes musicalmente, como agressivas. Uma das primeiras bandas, a primeira feminina, a fazer uma apresentação completamente agitada, consequentemente atraente para muitos ouvintes no local.
"Elas eram como animais, inquietas, selvagens e instintivas. Lembro da platéia indo ao delírio, pedindo para Evelyn Blen se agitar mais pelo palco, embora ela negasse. Sabia que seu corpo chavama atenção da platéia, cuja maioria era masculina. E realmente, para nós, o homem que levasse ela para cama naquela noite seria o mais abençoado de todos."
                    Kyle McKenna, cidadão irlandês e amante do rock n' roll.
Mas isso não era o mais importante. Horas depois, Alice acordava calmamente no quarto de um ótimo hotel irlandês, e lia as notícias sobre o show, muito bem elogiado.
"*Os Beatles pararam os Estados Unidos por 5 minutos, mas essas garotas pararam a Irlanda por mais de 2 horas." Afirmava um crítico no jornal.
Enquanto isso, Evelyn Blen assistia sentada em uma poltrona fumando um cigarro, pensando em como seria o futuro da banda.



sexta-feira, 5 de abril de 2013

Sufoco


Ocorreu-me, hoje, de ter sido roubada. Pela primeira vez. E do jeito mais idiota que há nesse mundo. Estava na rua mandando uma sms, e veio o sujeito de bicicleta e tomou meu celular. Demorei uns segundos até reparar, devido a meu comportamento lerdo, mas logo tentei correr atrás do maldito. Como de esperar, não consegui. Enfim, ainda bem que tinha meu celular antigo, inferior ao outro, mas me adaptarei (de novo) com esse pequeno. (deixando claro que não morreria sem um, mas tem muita coisa que faço com ele)
Fazer o que, né? Acontece...  (claro que tive que ouvir aquelas frases típicas e levar mais em conta essas lições de moral de sempre)
Enfim, não sei direito o que dizer nesse texto. Podia falar do ladrão, cuja pobreza o força a roubar e fazer críticas ao capitalismo. (também olha como sou a graaaaande “comunista” de plantão) Talvez um texto de humildade. Ou podia fazer umas reflexões muito loucas de lições que a vida nos ensina.
Mas, uma coisa me intriga. Todos dizem que “ah a vida ferra todo mundo” “ah viver não é fácil”. E o que muitos tentam fazer e buscar é o prazer dela. (já outros indivíduos, bem da minha laia, somos todos submetidos a reclamar em sites da internet e sermos tristinhos, “coitadinhos” de nós) Ok. Estou certa até esse ponto, não? Mas será mesmo que é a vida que quer nos ferrar, ou falar dela como a culpada do nosso sofrimento é apenas uma simples metáfora atribuída pelas pessoas desde os primórdios do planeta que vivemos sobre conseguir viver? Não seríamos nós, as pessoas, que tornamos a nossa vida e da dos outros, complicada, mesmo que não queiramos? Seria a vida mais produtiva e agradável se não houvesse certos empecilhos que tanto nos frustram?

sábado, 30 de março de 2013

Cymbaline, capítulo 1

- Mas mãe, eu não quero ir! - Protestava o pequeno Roger, choramingando e se debatendo de pirraça.
- Já chega, Rog! - Sua mãe, Mary, irritada largou sua mão e lhe deu um tapa no rosto, fazendo o garotinho se encolher e começar a chorar alto. - John, por favor leve seu irmão pra sala.
O irmão obedeceu, puxando o caçula rapidamente para dentro do lugar que se tornaria o inferno de sua vida: A escola.
Andando pelos corredores, os dois finalmente chegaram na sala aonde Roger iria estudar, e este perguntou ao seu irmão mais velho:
- Você vem?
- Não, eu estudo em outra sala... - John respondeu e abriu a porta para seu irmão. - Tchau Roger, nos vemos no recreio.
O pequeno Roger se virou para frente, vendo que o frio professor o encarava rigidamente, com um aspecto maligno.
- Diga seu nome pra classe, garoto. - O educador ordenou.
- G-George Roger Waters... - Ele respondeu, trêmulo, enquanto a classe em silêncio o olhava indiferente.
- Muito bem, Roger... Sente-se ali.
O tímido garoto logo se dirigiu até o lugar, mas não sem antes levar uma rasteira de um colega e cair no chão, provocando altas risadas da classe.
- CALADOS! - O professor gritou, olhando rispidamente para todos os alunos. - Quem deu a rasteira?
Roger não teve medo de dedurar, apontando até o garoto que o fizera cair no chão. O professor enfurecido logo foi até este, acertando sua mão com uma régua.
- E Sr. Waters, levante-se do chão. - Mandou, e Roger engoliu o choro e andou depressa até seu lugar.
Logo a aula começara. O professor iria ensinar leitura e caligrafia aos alunos, o que levaria alguns meses até a matéria de verdade começar.
Roger já sabia ler e escrever há tempos, pois sua mãe era uma professora e o ensinou, alegando que seria bom ele aprender essas coisas logo para começar a aprender de verdade. Então, as aulas foram inúteis para o garoto, que começou a fazer rabiscos na carteira e observar o lado de fora pela janela.
Mas isso não durava muito, logo o professor o chamava atenção batendo na sua mão com uma régua e mandando-o prestar atenção na aula.
E isso não fora apenas nas primeiras aulas. Este e vários professores que Roger teve iriam puni-lo psicologica ou fisicamente caso não obedecesse as regras da escola, atormentando boa parte de sua vida escolar.
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Não demorou muito até o intervalo do almoço chegar, para o alívio do pequeno Roger.
Após encher o prato com o almoço do dia, enrolado de carne, arrumou um lugar pra sentar e começou a comer.
Olhava para os lados, vendo vários grupos de amigos conversarem e rirem juntos e se sentiu solitário, encolhendo-se na cadeira por timidez.
- Olha só, o novato! - Uma voz falou ameaçadora, fazendo Roger se virar pra trás no mesmo instante. Era o mesmo colega que lhe dera uma rasteira, junto com mais outros dois delinquentes juvenis. - Rapazes, por favor...
Os dois cúmplices agarraram Roger pelos braços, o arrastando até perto do corredor do banheiro.
- Então, me dedurou não é? - O bully falou com agressividade. - Me fez levar uma reguada na mão... Pois bem, veremos se você vai gostar disso!
O garoto deu um soco no estômago de Roger, fazendo este se encolher de dor e choramingar.
- Own, o bebê chorão não gostou de apanhar? - Um dos amigos do bully provocou de deboche.
Roger levantou o rosto com ódio e já iria praguejar, mas na hora recebera um soco no rosto, que lhe proporcionou um nariz sangrando e um olho meio roxo.
- Ei, parem com isso! - Uma voz fina gritou, fazendo os três garotos olharem pro lado e verem quem era.
- Vamos embora daqui pessoal, é uma garota! - O bully que agredira Roger exclamou, e os outros dois largaram o menino e saíram correndo de lá.
A garota olhou com pena para Roger, que agonizava em dor, e foi até ele estendendo a mão e o ajudando a levantar.
- Calma, eu te levo na enfermaria. - Ela o apoiou nos ombros, o ajudando a andar.
Roger observava admirado a garota. Ela tinha cabelos castanhos claros, olhos cinzentos e era um pouco pálida, parecia uma bonequinha. O garoto a observava em transe, até chegarem a enfermaria.
A enfermeira, uma senhora bem gorda, deu duas bolsas de gelo para Roger colocar no olho roxo e na barriga, e um lenço para este preenssar no nariz, avisando ao professor que ele ficaria ali de repouso pelo resto do dia.
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- Ei, garoto, espera aí! - Uma voz chamou Roger, que estava indo para casa, sozinho, já que seu irmão fora antes, depois do término da aula. Ele se virou e viu que era a mesma garota que o ajudara mais cedo.
- O q-que foi? - Ele gaguejou tímido.
- Você está melhor? - Ela perguntou num ar de preocupação, que deixava Roger constrangido.
- Eu vou ficar... Mas então, qual é seu nome?
- Joan Powell. E o seu?
- Roger Waters...
- Prazer em conhecê-lo, Roger.
Então os dois conversaram bastante enquanto iam para suas casas, trocando várias ideias. Tinham muito em comum, Roger perdera seu pai na Segunda Guerra Mundial e Joan também, além de seu irmão mais velho voltar desta sem uma das pernas e virar um fardo para sua família.
- Mas e então... - Roger falou num tom brincalhão. - Quer me ajudar a dar uma desculpa para minha mãe sobre esse olho roxo?
Joan riu, e os dois foram para a casa de Roger, aonde a Sra. Waters preparava o almoço.
- Mãe, cheguei! - Roger falou tentado esconder ao máximo seu olho roxo.
- Por que não veio com seu irmão? - A Sra. Waters perguntou um pouco rigorosa, até notar que o filho tinha companhia.
- O relógio tinha quebrado e o professor não notou, então acabou atrasando a aula. - Joan mentiu rapidamente.
- É... - Roger falou baixinho, apoiando a mentira.
- Tudo bem... E Roger, quem é a sua amiguinha?
Joan não demorou e já fora apertar a mão da Sra. Waters, falando:
- Meu nome é Joan Powell, muito prazer em conhecê-la, Sra. Waters!
- Que gracinha... - A mãe de Roger sussurrou. - Vai lanchar conosco, Joan?
- Bem, acho que eu devia perguntar pra minha mãe antes... - A garota falou sem jeito. - Espere um momento!
Ela saiu correndo de lá, sabe-se lá pra onde.
- Acho que já vi essa menina antes, Rog... - A Sra. Waters comentou, tentando se lembrar. - Ela mora no finzinho da rua, com a mãe e o irmão inválido dela.
Roger assentiu, feliz até por saber isso.
- Agora fale a verdade... - A mãe falou num tom mais sombrio. - O que houve no seu rosto?
- C-como assim? - O garoto gaguejou, temendo que ela suspeitasse de algo.
- Andou brigando na escola?! Meu filhinho, tão novinho... Como pôde? Você podia ter se machucado pior ainda!
- Não, mãe! Foram eles que bateram em mim!
- Ah é? Espera só que eu vou falar amanhã com o seu professor sobre isso, onde já se viu!
- Não precisa mãe!
Roger temia apanhar mais ou ser vigiado constantemente por um professor de escola se aquilo acontecesse. Mas nada adiantou, nada impediria a Sra. Waters de fazer aquilo. A ausência do pai de Roger a afetara muito, fazendo ela ficar superprotetora demais, o que incomodava ele e seu irmão bastante.
Após a discussão, Roger correu para seu quarto, só saindo de lá quando Joan finalmente voltou.
A garota tentou consolá-lo, explicando que sua mãe também tinha alguns problemas parecidos, ainda mais porque tinha que cuidar de seu irmão mais velho.
Enfim, não foi o suficiente, mas ter alguém para compartilhar seu sofrimento já era alguma coisa. E desde aquele dia, Roger Waters fora apaixonado pela garota.
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Alguns anos se passaram, e logo entrou na escola também um sujeito chamado Roger Keith Barrett, que um tempo depois adotaria o apelido Syd, supostamente em homenagem a um contrabaixista de jazz local, Sid "the Beat" Barrett, apenas mudando o "i" pelo "y".
Mas enfim, isso não era o mais importante. O garoto logo ficou bastante amigo de Roger, e Joan, que acabou desenvolvendo uma paixonite de infância por ele, para o temor de Roger. Syd era muito talentoso, fazia poemas, desenhava e sabia tocar alguns instrumentos, o que encantava muito a garota, que sempre gostou de artistas.
Mas os anos naquele colégio estavam no fim. Roger e Syd logo foram para outra escola, que era apenas para garotos, e Joan para outra, que era apenas para garotas, o que fez o trio se ver um pouco menos.
E as coisas ainda continuavam tensas para Roger em relação a sua vida escolar. Odiou cada vez mais aquele sistema rigoroso de ensino, o que influenciaria muito sua vida, mesmo naquele momento não tendo ideia disso. Durante a adolescência sentiu vontade de aprender a tocar algum instrumento, em parte para chamar atenção de Joan, mas nunca conseguia e acabava desistindo rapidamente. Provavelmente acabaria fazendo arquitetura, e ficou com essa ideia até o dia de sua formatura, quando estava pensando na faculdade que iria.
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- Mas que orgulho do meu filhinho! - A Sra. Waters se gabava orgulhosa, beijando o rosto de Roger com carinho, deixando o filho embaraçado. - Se formou!
- E o que ele vai fazer? - Uma senhora que era vizinha dos Waters perguntou, dando um sorriso banguela.
- Arquitetura! - A mãe de Roger gritou orgulhosa. - Tenho certeza que será o melhor, mas me dói o coração pensar que terei que deixar meu pequeno Rog ir embora...
- Mãe, pare com isso, está me envergonhando... - Roger sussurrou sem jeito.
- Ah filhinho, mas é um momento especial! Vamos pra casa comemorar!
- Espere, eu quero falar com a Joan primeiro...
- Tudo bem Rog... Mas não demore muito! Tem um bolo guardado na geladeira só pra nós!
Roger assentiu e procurou sair de lá o mais rápido o possível para evitar mais constrangimento, indo até o local onde ele e Joan marcaram de se encontrar naquela noite.
E lá estava ela, mais linda do que nunca, com um vestido branco e o cabelo preso, sorrindo para seu amigo embaixo de um poste de luz fraca naquela densa noite.
- Bela beca. - Ela deu uma leve risada, enquanto Roger reparava na antiga beca que usava.
- É alugada - Ele explicou colocando a mão na cabeça, com cuidado para não derrubar seu capelo. - Daqui a pouco tenho que devolver...
- Teria, se eu não pegasse... Isso!
Joan logo tirou o capelo da cabeça de Roger e saiu correndo como se fosse na época que eram crianças. O recém-formado riu, correndo atrás dela até que foram parar num campo local.
- Há, te peguei! - Roger agarrou Joan por trás fazendo os dois tropeçarem e rolarem pela grama. Riram de si mesmos, e olharam para o lindo céu estrelado que aquela noite proporcionara por um tempo.
- E então... - Joan começou a puxar papo. - O que pensa em fazer?
- Arquitetura. - Roger respondeu, respirando fundo. - Uma faculdade me aceitou, porém fica em Londres...
- Que fica a 95 km de Cambridge...
- Sim... Eu vou ter que morar lá.
- Entendo, Rog. Vou te escrever todo dia, e ai de você se não responder pelo menos uma vez!
Roger riu de leve, e se levantou, estendendo a mão para Joan, o que os forneceu uma breve nostalgia do dia que se conheceram.
A garota se levantou com a ajuda do amigo, sendo abraçada por este.
- Vou sentir sua falta, JoJo...
- Eu também, Rog... Procurarei te visitar em alguns finais de semana, quando der.
- Ótimo - Ele sorriu, pegando seu capelo da mão da garota. - Eu parto amanhã, vai na estação comigo?
- Claro! Eu não perderia isso.
Os dois riam sem jeito, um pouco tímidos.
- Ei vocês dois! - Alguém gritou de longe, se aproximando. - Estão comemorando sem mim?
Era Syd, que estava com sua beca ligeiramente detonada e os olhos meio amarelados, devido ao uso do rapaz de ácidos como LSD, que preocupava as pessoas a sua volta, mesmo na época não sendo comprovado que aquilo era prejudicial. Mas sempre haviam boatos.
- Syd! - Joan deu um abraço no amigo e Roger só chegou mais perto, levando um tapinha nas costas deste. - Vai estudar aonde?
- Aqui mesmo, na Anglia Ruskin. - Ele respondeu alegre, levemente chapado.
- Artes? - Joan perguntou ansiosa.
- Isso mesmo!
- Ah meu Deus, eu também! Vamos ser colegas!
Os dois se abraçaram felizes, sendo observados por Roger, que se sentia excluído da conversa.
- Caham - Ele pigarreou, tentando cortar o clima que o incomodava severamente. - Vamos lá?
- Ah sim! - Syd concordou, mas não sem antes virar pra Joan e perguntar: Jo, você está muito linda hoje, gostaria de dançar?
- Mas é claro! - A garota concordou feliz, para a tristeza de Roger. - Ahn, Rog... Tudo bem se nós formos lá?
- C-claro! - Ele gaguejou enrolado, tentando esconder seu desânimo. - Divirtam-se!
Então os dois amigos, senão melhores, de Roger foram até lá, deixando-o sozinho e ligeiramente confuso. Mas este nem resolveu esquentar a cabeça, só foi até a festa aproveitar o que seria sua última noite em Cambridge por um bom tempo.
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Eram dez pras sete. Roger esperava na estação de Cambridge o trem que o levaria pra Londres, levando uma grande mala de rodinhas com suas coisas e algumas bolsas com livros e o dinheiro que usaria lá.
Fora um sufoco se despedir de sua mãe, que chorava alto e não queria de jeito nenhum que seu filho fosse. Mas enfim, aquilo acabara, e Roger suspirou aliviado ao pensar nisso. Agora mal esperava ver Joan, antes da Grande Partida...
E não demorou muito até ele avistar de longe a garota vindo até ele, porém não sozinha: Syd também vinha junto.
- George Roger Waters, nem pense que você vai embora sem se despedir dos seus amigos! - Joan falou chegando perto dele, o abraçando fortemente. - Quando chegar, mande um telefonema para nós.
Roger abraçou a garota de volta, sorridente, e sentiu o cheiro do cabelo dela. Tinha um leve aspecto de pêssego, que o deixava louco. O momento estaria perfeito, se Syd não viesse chamar a atenção deles para fazer um comentário:
- Quando terminar a faculdade, também irei pra Londres. Não pense que vai se livrar de min tão fácil!
Roger deu uma risada de leve, para não ilustrar um pouco da chateação que tivera por ser interrompido. Nada pessoal. Adorava Syd, era como um irmão pra ele. Porém também o invejava, pois além de ser supertalentoso, chamava a atenção de Joan, deixando-o com ciúmes.
Mas os pensamentos foram interrompidos ao escutar um apito vindo de longe: O trem se aproximava.
Roger deu um abraço rápido nos dois, pegou sua bagagem e foi até a plataforma de embarque.
Ao entrar no trem, sentou-se num lugar perto da janela abriu-a, debruçando-se para acenar para Syd e Joan, que vieram o mais próximo o possível para verem Roger indo.
Enquanto Joan acenava alegremente para Roger, Syd tomou coragem e agarrou a garota, beijando ela apaixonadamente.
Roger quase gritou indignado ao ver a cena, e se sentou em seu lugar rapidamente, desejando dormir a viagem toda para não pensar naquilo.

quarta-feira, 27 de março de 2013

O que é ser diferente?

As pessoas estão com esse padrão agora de "serem diferentes". Mas me vem a dúvida: O que é ser diferente?
Segundo nosso velho camarada Aurélio, diferente é "Que apresenta uma diferença, que não é igual."
Mas... Igual ao que? Para ser igual, precisaria ter algo em comum, certo?
Assim como a verdade, não há comum absoluto. É variado dependendo do povo, dos costumes, da cultura, hábitos, etc. E ser diferente de um desses grupos não quer dizer que você será diferente de tudo.
Tem muita gente que vê a diferença como algo bom, algo para se destacar ou boa característica. E procura exibir isso. Porém, não demorou muito para as outras pessoas, as quais esses "diferentes" consideram comuns e tentarem agir como eles para não se sentirem excluídas. É o que gera várias críticas, não?
Pois bem... Por que as pessoas sempre querem ser diferentes das outras mas sempre soltam frases como: "Somos todos iguais" ou "Temos os mesmos direitos"?
Na minha visão, ser diferente não é uma característica, e sim uma consequência. E vai ser boa ou ruim dependendo de você e de quem você se difere. Não adianta tudo que você faça para se sentir diferente dos outros, como diz a letra de All You Need is Love: "There's nothing you can do that can't be done." Enfim, sempre terá alguém que pensa e age como você, mesmo que ele esteja muito longe.
E por que é tão ruim ser igual? Talvez porque esse igual que vocês tanto criticam é ruim aos seus olhos? Pois se você se juntasse a um grupo de pessoas diferentes desses "iguais" e parecidos com você, não haveria mais diferença, certo?

sexta-feira, 15 de março de 2013

Homenagem (atrasada) ao Dia do Poeta

Ontem, numa ida à biblioteca da escola, fui informada que era Dia do Poeta, devido a uma gincana que fizeram que consistia em escrever um poema próprio ou copiar um de um poeta popular, colando na parede.
Não sou muito de ler poesias e nem tenho poetas favoritos, mas admiro a arte. Nunca me considerei nem me considero agora uma poetisa, mas resolvi colaborar fazendo uma poesia, pelo meu próprio entretenimento, e devo admitir que ficou legal, pelo menos relativamente. Aqui está:

A vida é um sofrimento
É o que todo homem diz sem consentimento
De que este mundo é tão belo
Mas ele estraga com seu ego
Em desespero, chora por sua morte
E quem sabe talvez isso seja uma sorte
Para que o sofrimento que tanto pragueja
Se finde, sem que ele veja.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Feliz Aniversário

Não lembro exatamente quando fora o dia, mas lembro a vontade que eu tive... De escutar a tão aclamada Here Comes The Sun. 
Era uma música altamente familiar aos meus ouvidos, devido a alguns covers que escutara por aí (sendo o mais conhecido destes para mim o do filme Bee Movie). Era algo mágico, me acalmava... E sempre tive uma mania de conhecer a versão original de covers (O que me levou a conhecer bandas simpáticas como Pilot e Katrina And The Waves), e logo descobri que essa música era dos Beatles. Eles já haviam sido mencionados durante a minha infância, e inclusive já escutara algumas de suas músicas, Yellow Submarine, na primeira série, e tinha uma leve lembrança da melodia de I Want To Hold Your Hand de algum lugar.
Porém nunca foram meu centro de atenções. Não tinha muitos gostos formados, principalmente na música. Escutava o que ouvia em séries de tv, já que mal sabia (ou podia) mexer em um computador, devido a vários problemas internos... Mas isso não é o ponto principal. O que vinha ao caso é que nada conhecia sobre essa banda, principalmente seus integrantes (quando Paul McCartney veio tocar no Brasil pela segunda vez, gerou uma enorme repercussão e várias matérias de jornal falando de sua época nos Beatles, e eu simplesmente fiquei impressionada em descobrir que ele era um Beatle, aliás). Mas nunca tive curiosidade (ou oportunidade) em conhecer... Então um dia aprendi como baixar músicas do jeito mais simples (4shared), e logo a vontade de baixar essa música na versão original veio. Descobri que era dos Beatles, e logo li esse nome pela primeira vez: George Harrison. Compositor e cantor dessa música. Baixei, de primeira não tendo muito interesse. Mas um tempo depois, comecei a ouvir mais vezes e quando me dei conta, já não largava de ouvir. (curioso que um dos meus fones estava quebrado, então não ouvira de primeiro a linda introdução com aquele violão tão gostoso de ouvir, só desfrutando dessa sensação tempos depois) A voz de George era incrívelmente doce, e tão natural... A música não era composta de efeitos eletrônicos e muito menos tinha uma letra fútil...  Na época estava com alguns problemas emocionais, confusa, perdida... E aquela canção veio a calhar. Logo fui conhecendo mais sobre Beatles, baixando em seguida I Want To Hold Your Hand e lendo sobre a banda, principalmente sobre George... Ele parecia tão diferente.
Eu observava pessoas (via internet) em sua maioria admirarem mais John Lennon, mas não sei por que, apenas não simpatizava tanto com este... A música de George parecia tão mais interessante aos meus ouvidos do que qualquer um deles. Era um homem tão simples. E foi o único que ouvi alguma coisinha da carreira solo, mesmo que não tanto (não se enfureçam comigo, posso não ter escutado agora mas nada garante que nunca escutarei). Sou uma admiradora tão recente dele... (um ano mais ou menos) E de música também. Mas já acho que comecei bem. As cítaras que George colocava nas músicas influenciadas pela cultura indiana eram mágicas, um som tão místico. E acho que isso me influenciou a criar um gosto por música psicodélica, por mais que eu não seja uma expert no assunto. Muitos dizem que psicodelia é tudo uso de drogas, e talvez seja mesmo. Mas o som soa tão amável no meu ouvido, me fazendo imaginar estados de paz... Não sei como explicar direito. E gosto de letras com assuntos variados, não apenas músicas românticas ou críticas sociais.
Hoje em dia não escuto tanto Beatles. Outros sons me puxaram, e me agrado com eles... Não conheço tanto ainda, mas pretendo.
Mas sempre que me dá uma vontade, ligo o Windows Media Player ou o meu celular, havendo 90% de chance de ser uma música composta por George.
Hoje este gênio faria 70 anos, se estivesse aqui. Antes meu conceito de morte era algo trágico, mas fui mudando... Por mais que ele não possa mais comemorar de fato um aniversário, o lado bom é que ele está livre, espero que aonde ele acredita ir após a morte...
Feliz aniversário, George Harrison, e muito obrigada por me fazer realmente gostar de música. 


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Blue, Red And Grey, Capítulo 16

– E o próximo... - A enfermeira olhou a prancheta. - Srta. Evelyn Blen.
Na mesma hora uma jovem com um gesso se levantou, indo até lá acompanhada de um rapaz, que a enfermeira deduziu ser seu namorado.
Logo ela foi pegar uma tesoura, começando a cortar o gesso.
– Como você machucou o braço? - Ela perguntou curiosa enquanto cortava um terço do gesso.
– Ele derrubou um tambor nele. - Evelyn respondeu apontando pra Keith, e logo viu a enfermeira fazer uma cara de espanto. - Não se preocupe, foi um acidente.
– Ah sim... - A enfermeira voltou a cortar o gesso, se calando.
– Mas se ele tentasse me atacar, pegava meu canivete e cortava a garganta dele. - Evy acrescentou com uma expressão facial de indiferença, como se já fosse acostumada com coisas desse tipo.
– M-meu Deu... - A enfermeira pulou ao ouvir isso, com medo e receando em chamar a polícia.
– Eu tava brincando! - Evelyn deu uma risada leve, mas logo voltou a fazer uma cara de séria. - Continue com o seu trabalho, por favor...
– O-ok... - Ela voltou a cortar, até que viu Keith mexendo com algumas coisas de sua mesa, como seringas. - Ei, senhor...
– Meus amigos me chamam de Keith, você me chama de John. - Ele disse com um olhar indiferente para a insegura enfermeira enquanto espetava seu dedo de leve na agulha. - Podia levar uma dessas pra botar heroína.
– Pode largar isso, por favor? - A enfermeira pediu impaciente.
– Keith, por que você não preenche aquela ficha por mim? - Evelyn pediu com calma e um ar leve de impaciência.
– Por quê? - Ele perguntou, provocando.
– Porque eu mandei – Ela respondeu com um olhar malvado – E é melhor eu não estar chateada com você depois que eu tirar esse gesso.
– Tá, tá... – Ele pegou a prancheta em cima da mesa, apertando o botão da caneta. – Nome?
– Evelyn Margareth Blen – Ela disse, com um pouco de ódio, como se não quisesse lembrar esse nome.
– Então o seu nome do meio é Margareth? – Ele comentou risonho enquanto escrevia.
– Não me lembra disso, por favor... – Evelyn grunhiu. – Eu odeio esse nome.
– Ah é? – Ele deu um riso. – Então vou te chamar de Maggie agora.
– Se foder, vai... – Evy falou mostrando o dedo do meio.
– Hummm, tá bom... – Ele olhou malicioso e voltou a olhar para a ficha. – Sexo? Essa é a mais fácil de se preencher. Todos os dias...
– Aff, você é um chato, Keith Moon – Evelyn falou risonha. – Mas eu te amo.
– Vocês dois são engraçados... – A enfermeira riu, finalmente acabando de cortar o gesso. – E esquisitos também.
– Obrigada, mas você ainda tem um gesso pra tirar. – Evy não deixou de comentar, impaciente.
– Calma... – Finalmente ela tirou o gesso da frustrada garota. – Consegue mover o braço?
– Acho que sim... – Evy começou a girar e balançar o braço aleatoriamente, tentando recuperar os movimentos. – Espera aí... Keith vem aqui...
– O que é? – Ele chegou perto e levou uma tapa no rosto, que provocou um sorriso na garota.
– Pois é, consigo mexer muito bem. – Ela sorriu diabolicamente para a enfermeira, que estava sem graça. – Agora vamos dar o fora daqui.
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Mary estava sentada no seu sofá, pensativa. Não conseguia se distrair com nada, e estava se sentindo muito sozinha. Sua situação na banda também era preocupante. Já que Evy já estava possibilitada de tocar de novo, ela ia ser dispensada e teria que arrumar outro emprego.
“Devia parar de pensar nos meus problemas” Ela pensou trêmula, tomando um gole de conhaque. “Eles me deixam nervosa demais.”
Nem tocar a distraía. Tentou dormir, mas não conseguia. Só ficava duvidosa.
Até que seus pensamentos preocupantes foram interrompidos pelo telefone tocando. Correu até o móvel perto do sofá e o tirou do gancho.
– Alô? – Ela perguntara sem um pouco de seu fôlego, devido ao breve esforço.
– Oi Mary – A voz do outro lado da linha respondeu e Mary reconheceu como Evelyn. – Como está?
– B-bem... – Ela gaguejou, temendo que fosse dispensada naquela hora. – Por que ligou?
– Nada, só que eu e o Keith vamos dar uma festinha... Queria saber se você quer ir.
– Você dando festas, Evy? Não parece muito da sua natureza.
– Não sabe que dia é hoje, não é?
– 9 de março?
– Também... Não me diga que você esqueceu...
– Ahh é... Seu aniversário, certo?
– Sim. Eu nem queria lembrar, mas quando o Keith ficou sabendo... Cara, ele ficou enchendo o saco para eu comemorar.
– Hahaha, é que horas a festa?
– Daqui a uma hora...Tempo suficiente pra você dar uma retocada e comprar um presente.
– Ok...
– É sério, se é pra todo mundo ficar me lembrando de que eu um ano mais perto de morrer quero algo pra recompensar.
– Tá certo Evy, eu compro alguma coisa...
– Então te vejo lá, tchau.
– Tchau...
Ao colocar o telefone de volta no gancho, a garota correu para o banheiro se arrumar.
– Então, o que você espera fazer nesse ano? – Dani falou enquanto via a fumaça do cigarro de Pete subir, se apoiando na parte de trás da cadeira com os braços.
– Bem... – Ele assoprou fumaça para fora da boca, e depois voltou a olhar para a namorada. – Estou pensando no próximo álbum que eu vou gravar com a banda... Tenho algumas ideias, mas ainda não estou certo.
– Ah sim... Ainda não sei o que eu vou fazer... Vou esperar a Evy ter algumas ideias e aí acho que começamos a trabalhar...
– Você não precisa depender dela, sabe...
– Pete, eu só fiz umas duas composições até agora. Dá no máximo pra fazer um single com isso. A Evy é uma máquina humana de composições...
– Vocês devem ter sorte em ter ela na banda... Mas você tem que saber ser independente também, apesar de ela ser a líder.
– Você fala isso porque é o líder da sua banda. Não quero liderar, não sei fazer isso.
– Está bem, deixa pra lá...
– Você parece estar mais calmo ultimamente. Menos ciumento.
– Acha mesmo?
– Sim...
– É que eu te amo muito, e notei que você também... Seria besteira ficar sendo possessivo.
Dani riu e o beijou carinhosamente, por uns segundos.
– Sim, te amo muito.
Então o telefone tocou, cortando o clima do casal.
– Deixa que eu atendo. – Dani falou indo até a sala, deixando Pete na varanda de casa.
Ele olhou pensativo para a garota, pensando sobre o futuro dos dois.
Os dois estavam muito bem durante esses sete meses. Mas e depois? Continuariam juntos? Ele queria pensar muito bem antes de fazer qualquer coisa, mas já estava cogitando em pedi-la em casamento. Ele a amava muito, e não se importava em passar o resto da vida junto com ela.
– Era a Evy. – Dani falou ao voltar para a varanda. – Nos convidou para a festa de aniversário dela, você vem?
– Claro... – Pete respondeu indiferente.
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– Já vai! – Evelyn gritou correndo até a porta, vendo John ao abrir. – Oi Ox, chegou cedo.
– Eu sei. – Ele falou já entrando. – Não tinha mais o que fazer, então vim pra cá direto. Cadê o Keith?
– Aqui! – Ele falou sentado em um sofá do outro lado da sala, sem fazer nada.
– Não vai fazer nada não? – John perguntou chegando perto do colega de banda, fazendo um cumprimento inventado pelos dois e sentando no sofá mais próximo.
– E você acha que eu sou trouxa de deixar ele fazer alguma coisa? – Evelyn falou enquanto olhava pros dois. – Pra depois ter alguma coisa explodida nessa casa?
– É, tem razão. – John concordou, enquanto se ajeitava no sofá.
– Acho que já tá tudo pronto... – Ela disse dando uma olhada geral no ambiente. – Agora eu quero mais é que vá tudo se fuder, vou descansar um pouco.
Então ela se jogou no sofá, enquanto John a observou caindo nele e não deixou de perguntar:
– Não vai se arrumar não?
– Eu já estou arrumada... – Ela disse com um olhar impaciente.
– Você que sabe né... – John respondeu sem jeito.
– Ei, eu já posso sair dessa cadeira? – Keith perguntou.
– Sim, pode... – Evelyn respondeu, roendo a unha. – Fica lá na porta pra poder atender quem chegar.
– Senão? – Ele perguntou em um tom desafiador.
– Você já sabe. – Ela o fitou com um olhar de predadora. – Agora vai.
– Tá... – Keith foi andando impaciente até a porta, virando pra John sussurrando: “Ela vai me matar”
Passada meia-hora, a campainha tocou de novo. Era Mary.
– Oi... – Ela disse baixinho, entrando na casa.
– Oi Mary – Evy falou deitada do sofá.
– Oi Evy... – Mary respondeu indo até mais perto da amiga, com um embrulho nas mãos. – Feliz aniversário, espero que goste do presente...
A garota pegou o pequeno embrulho das mãos da guitarrista substituta, já abrindo.
– Cordas novas? – Ela disse empolgada. – Obrigada, tava precisando.
– De nada... – Mary falou dando um sorriso tímido e procurando um lugar vago para se sentar, que coincidentemente era do lado de John, que olhava surpreso para a garota.
– Nossa Mary... – Ele disse maravilhado. – Você está muito bonita hoje.
– O-obrigada... – A garota corou, se encolhendo na poltrona onde estava sentada.
Então os quatro ficaram conversando, até que chegaram mais pessoas: Roger e Belle.
E essa segunda não ficou muito feliz de encontrar Mary lá, se sentando um pouco longe dela junto com Roger.
– Belle, não precisa ter ciúmes... – Roger falava tentando quebrar o gelo. - Eu amo você, minha pequenininha.
– Aposto como você dizia isso para Mary sempre.
– Pare de implicar com a Mary! Acabou tudo entre mim e ela. Vocês deviam ser amigas.
– Como vou ser amiga de uma rival em potencial? Ela quer tirar você de mim!
– Não quer, não.
– Como pode ter tanta certeza?
– Porque olha ela e o Ox conversando ali. Veja como estão se dando bem...
Belle olhou os dois por um breve momento, vendo que estavam mesmo se dando bem. Riam bastante.
– Então isso significa que ninguém vai te tirar de mim... – Ela riu, dando um selinho nele.
– Sim, meu amor...
Os dois sorriam um pro outro, apaixonados.
E então a campainha tocou de novo. Eram Dani e Pete.
– Eles foram os últimos convidados, posso agora fazer alguma coisa? - Keith perguntou impaciente.
– Sim. - Evy respondeu indo até ele. - Pode me beijar.
– Tá bom... - Ele a agarrou a beijando como em filmes franceses.
– Perfeito... - Ela disse mordendo os lábios levemente. - Agora pode ficar a toa, só não suma do meu ponto de vista, senão...
– Já sei, já sei...
– Ótimo.
– Ei, é impressão minha, ou a Evy está fazendo o Keith se comportar? - Pete falou pra Dani.
– Meu caro... - Evy falou indiferente. - Eu tenho que mostrar quem manda aqui nessa porra.
– E você deixa ela mandar em você, Moon? - Pete perguntou com um ar de sacanagem, rindo.
– Se você soubesse do que ela tá falando... - Keith não deixou de comentar - Nem brincava com isso.
Logo o clima ficou meio pesado, até que a campainha tocou.
– Agora deixa que eu atendo... Mas estranho, não tinha chamado mais ninguém... - Evy falou indo até a porta e abrindo.

E a pessoa que estava do outro lado da porta surpreendeu a todos. 

Blue, Red And Grey, Capítulo 15

– Não e aquela vez que... – Roger ria com John enquanto deixava a fumaça do seu cigarro subir pra cima. Logo uma pessoa chegara à porta do estúdio aonde os dois conversavam. Era Mary.

– Roger – Ela começou a dizer – Podemos conversar lá fora, sozinhos?

O vocalista do The Who deu um forte suspiro, e olhou pra John, que assentiu entendendo sua situação.

– Tudo bem... – Ele se levantou, apagando o cigarro em um cinzeiro próximo, e indo até a porta.

Quando ele saiu do lado de dentro, Mary deu um aceno rápido pra se despedir de John, que ficara sozinho lá.

– O que é? - Roger perguntou um pouco impaciente.

– Por favor, volta pra mim... – Ela colocou os braços em volta dele, dando um abraço apertado. – Não faz ideia de como sinto sua falta...

Roger fez uma expressão triste, e logo tocou no queixo de Mary levantando sua cabeça, a encarando de um jeito mais delicado o possível.

– Desculpe Mary... – Ele começou a dizer calmamente, procurando ser o mais delicado possível. – Você pode me amar ainda, mas eu não... Não como antes.

Lágrimas começaram a rolar do suave rosto da garota. Não queria perder Roger, não mais. Ele se soltou dela, ainda olhando triste.

– Não faça isso! – Ela começou a soluçar.

– Desculpe... – Ele respondeu tristemente. – Acho que nós dois sabemos que é a hora de conhecermos novas pessoas.

– Elas não importam! – Ela gritou, chorando. – O que eu quero é você!

– Mas eu não quero você. – Ele disse, enfim. E Mary sentiu seu coração rachar, bem profundamente, ao ouvir aquelas palavras.

Roger a deixou lá, enquanto voltava pro estúdio.

– E então? – John perguntou ao vê-lo entrar.

– Já conseguir dispensar ela. Ela nem era tão legal assim, sabe... – Ele respondeu aliviado. – Acho que eu vou pra casa, Ox... Estou cansado.

– Tudo bem, até mais.

– Até.

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– Sabe o que a gente esqueceu? – Dani falou quando finalmente se soltara do abraço de Pete. – Hoje completamos 7 meses de namoro.

– Ahn... – Pete falou de um jeito estranho, a deixando desconfiada.

– O que é que você andou tramando?

– Eu sabia disso... – Ele falou com um sorriso sem graça. – Ia te levar em um restaurante chique pra comemorarmos. Fiz as reservas a uma semana atrás, é um lugar meio difícil de se conseguir uma mesa.

– Awn, Pete! – Ela abraçou o seu pescoço, espalhando muitos beijos em seu rosto. – Você fez isso por mim?

– Por nós, meu doce.

Ela sorriu, dando um selinho rápido nele.

– Vou me arrumar logo e nós vamos lá! – Ela falou pegando umas roupas no armário e indo pro banheiro.

– Não demora, viu... – Ele falou rindo.

– Não vou.


E nem demorou mesmo. Uma meia hora depois Dani já estava pronta, e os dois saíram.

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John estava arrumando suas coisas para ir embora, até que ouviu um choro fino.

“Devia me preocupar com isso?” Ele se perguntou um pouco aflito.

O choro não era tão alto, mas era de se dar agonia. Logo ele ignorou seus pensamentos e foi até aonde aquele som depreciante vinha. O banheiro feminino.

– Olá? – Ele perguntou num tom de voz médio, perto da porta.

O choro se interrompeu um pouco, e uma voz fina respondera:

– O que é?

– Ouvi você chorando lá do estúdio onde eu estava. – Ele começou a explicar. – Fiquei intrigado com o que aconteceu.

Logo ele viu a maçaneta da porta girar, e uma moça saindo assim que a porta abriu.

– Não é nada demais... – Ela secava uma lágrima, com a maquiagem um pouco borrada.

– Espera, você não é a ex do Roger? – Ele perguntou prestando mais atenção em sua aparência.

– Sou... Por mais estúpido que seja, estou chorando por causa dele.

– Eu tenho umas vagas lembranças de você... Mas ele quase nunca te levava pra coisas relacionadas com a banda, e ainda mais nem chegamos a conversar... Seu nome é Mary, certo?

– É sim.

– Bom, Mary... Não fique assim por causa do Roger. Você é uma moça bonita, tenho certeza que vai achar alguém logo!

– Não tão rápido... As garotas caem matando nele, já no meu caso é meio complicado alguém se interessar tão fácil.

– Vai saber...

Logo os dois ficaram conversando no corredor por um tempo, aproveitando o momento.

Mas o que ninguém esperava é que uma forte tempestade invadiria aquela linda tarde londrina.

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Evelyn fitava o papel a sua frente, segurando um lápis com a mão esquerda, a que não estava quebrada.

Pensava loucamente em uma ideia para o próximo álbum de sua banda. Mas era meio difícil, principalmente porque não podia nem ao menos tocar alguma coisa para se inspirar. Colocara um velho vinil de Beethoven para tocar, mas música clássica já estava começando a irritá-la de certa forma.

“Que ódio estar presa sem o que fazer aqui...” Ela pensou raivosa, até que ouviu alguns trovões. “E pra piorar tudo, vai chover... Que legal.”

E na mesma hora caiu uma pancada forte de chuva, o que a fez ir para um canto se encolher. Não tinha medo de tempestades, mas aquele clima tedioso e tenebroso da tarde causava uma depressão.

E ela acabou tirando um cochilo, pois gostava de fazer isso quando se sentia deprimida.

E um tempo depois muitas batidas na sua porta a acordaram.

Quando voltou a si, viu que já era noite, e a chuva estava mais forte do que nunca.

– Evelyn! – Era Keith, que batia desesperado. – Me deixa entrar, por favor!

– Por que eu deveria? – Ela perguntou impaciente.

–Você vai me deixar nessa chuva forte? Tudo bem. Acho que vou acabar pegando uma pneumonia, mas tudo bem...

Ela suspirou impaciente e abriu a porta.

– Muito obrigado! – Ele falou, todo molhado com a chuva. – No máximo eu só pego uma gripe...

Ela o encarou com um pouco de raiva, e olhando pro chão.

– O que foi? – Ele perguntou intrigado.

– Bem... É a primeira vez em muito tempo que eu limpo esse chão. – Ela explicou. - E você tá sujando ele todo!

Ele olhou pra baixo e viu as pegadas de sujeira que havia deixado.

– Puta que pariu, Keith... – Ela grunhiu, chateada. – Olha, você tá todo sujo, é melhor você tomar um banho.

– Hummm, um banho? – Ele falou com malícia enquanto ela o empurrava até a porta do banheiro.

– Cala a boca. Depois me dá as suas roupas pra eu botar pra secar.

E então ela fechou a porta na sua frente, voltando pra sala.

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– Acho que vai chover... – Pete falou receoso, enquanto saía do carro.

– Tem razão. – Dani falou, enquanto estendia sua mão para ele. – Espero que seja depois que voltarmos. Não estou a fim de pegar uma gripe.

– Bom, acho que não devíamos nos preocupar muito com isso. Vamos lá?

– Sim.

Eles foram andando até o restaurante, e Pete foi até a recepção pedir que levassem ele e Dani a mesa que reservara. Era um lugar bem chique.

– Luz de velas, hein? – Dani falou enquanto observava o lugar. – Que romântico.

– Obrigado, obrigado... – Ele se gabou, enquanto pediu uma garrafa de champanhe. – Conheço uns lugares legais.

– Estou vendo... – Eles se beijaram por um breve momento. O garçom chegara com a garrafa em um balde, deixando em cima da mesa. - Obrigada.

– Então, vamos brindar? – Ele falou, enchendo as taças.

– A nós? – Ela perguntou segurando sua taça com os dedos.

– A nós!

Então os dois brindaram, e tomaram o champanhe.

Tudo parecia perfeito, até que um cara na outra mesa começou a fitar Dani. E é claro que Pete não gostara daquilo nem um pouco.

– Dani, você não acha que seria melhor botar o seu suéter? – Ele perguntou amargamente.

– Por quê? – Ela ficou intrigada. – Não estou com frio!

Então ela olhou para o canto e viu o cara que a paquerava, que na hora disfarçou. Claro que estava de olho nela por estar usando um vestido decotado.

– Quem é ele? – Pete perguntou meio desesperado.

– E eu vou saber? – Ela se fez de desentendida – Nunca vi mais gordo.

– Nunca se sabe...

– Pete, você está com ciúmes de novo. Para com isso, poxa! Eu te amo, não vou te trocar por qualquer um!

– Tá bom...

Logo o garçom chegou com o prato, e o casal foi se ajustar na mesa para comerem.

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A campainha da casa de Belle tocou. Ela foi correndo até lá, e quando abriu viu Roger.

– Roger! – Ela falou surpresa. – O que faz aqui?

– Belle, eu, eu... – Não falou mais nada, agarrou a garota na hora e a beijou apaixonadamente. – Eu quero você. Só você.

– R-Rog... – Ela corou, tocando seus lábios. – Sim, sim! Eu também quero você!

Belle o abraçou muito feliz, enquanto Roger acariciava seus longos cabelos negros.

Logo um trovão veio e ela se encolheu assustada.

– Você tem medo de tempestade? – Ele perguntou docemente.

– Sim... – Ela disse baixinho. – Trovões me assustam muito, eu sei que é ridículo... Pode rir de mim.

– Não, que isso... Eu te protejo.

– Awn, obrigada Roger...

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– Ei! – Evelyn bateu na porta do banheiro. – Você pode usar um roupão que está no quarto de hóspedes, amanhã as suas roupas devem estar relativamente secas pra você ir pra casa.

– Ok! – Keith gritou lá de dentro. – Mas eu vou dormir aqui então?

– A menos que você queira ir andando naquela rua alagada, sim.

Logo ela voltou pra sala pegando alguns papéis no chão e foi até seu quarto, colocá-los em cima do criado-mudo.

“Tomara que eu nunca mais tenha que passar por isso de novo.” Ela pensou um pouco frustrada.

Quando saiu do quarto, viu a porta do banheiro se abrir e muita fumaça saiu. Keith saiu de lá, com uma toalha amarrada na cintura, uma visão que deixou Evy quase babar.

– Ahn... – Ela tentou sair do transe, piscando. – O quarto de hóspedes fica ali no fim do corredor!

– Ok... – Ele disse passando por ela, e Evy pode até sentir o cheiro do seu sabão nele, a fazendo delirar.

“Mas o que eu estou fazendo?” Voltou a si, finalmente, e então após pendurar as roupas dele num varal, foi de volta para a sala, tentar escrever alguma coisa.

Ficou fitando o papel até conseguir pensar em alguma coisa, mas seus pensamentos estavam bagunçados demais.

– Que merda... - Ela xingou baixinho. – Se eu pudesse falar sobre...

Logo teve uma ideia, começando a escrever. E logo já estava ocupando metade da folha.

– O que você tá fazendo? – Keith perguntou, apoiando as mãos na mesa, colocando os braços entre ela.

– Escrevendo... – Ela suspirou nervosa. – Ainda é um protótipo, mas se quiser ver...

Então Evy tentava se concentrar, mesmo com o gesso atrapalhando e Keith colocando os braços em volta dela, o que dificultava muito.

– Quer saber? – Ela levantou, tentando disfarçar o nervosismo. – Eu faço isso depois.

Evelyn podia quase tentar fugir de lá, mas algo a impedia.

– Evy... – Ele sussurrou perto de seu ouvido.

– Sim? – Ela sussurrou também.

Nenhum dos dois disse mais nada. Ela se virou e beijou Keith com toda a vontade que tinha.

– Que se foda tudo. – Ela falou baixinho.

– É assim que se fala. - Ele riu, a beijando mais.

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– Dani, eu vou ao banheiro, ok? – Pete falou, se levantando.

– Tudo bem, meu amor... – Ela sorriu. – Vou ficar aqui esperando.

Ele foi andando até os corredores, até entrar no lugar. Após terminar de urinar, foi lavar as mãos, jogou um pouco de água no rosto e se olhou no espelho.

“Hoje a noite está ótima, nada vai estragar, nada vai estragar...” Ele torcia em seus pensamentos, procurando manter a calma.

Mas quando saiu, viu aquele mesmo cara que estava paquerando Dani ir até a mesa onde eles estavam. E ficou com um olhar odioso.

– Com licença... – Ele disse grosseiramente. – Pode sair daqui?

– Não. – Ele respondeu sem nem ter medo de Pete. – Antes eu quero o que eu pedi.

– Calma, Pete... – Dani falou, enquanto escreveu seu nome no papel, dando para o cara. - Aqui está.

– Muito obrigado! - Ele disse empolgado, enquanto saía. – Espero que vocês gravem seu próximo disco logo, estou ansioso!

– Sim! – Ela acenou, e logo voltou à atenção para seu namorado. – Era só um fã... Não tem o que se preocupar...

– Nunca se sabe... – Pete falou com um olhar desconfiado. – Vamos lá pagar a conta e ir pra casa, acho que essa chuva vai piorar.

Blue, Red And Grey, Capítulo 14

2 semanas depois

– Dani, eu já voltei do mercado... - Pete falou alto ao abrir a porta, enquanto tentava passar por essas, com um pouco de dificuldade por segurar as sacolas.
– Haha, não, você que é um amor... - Ela falou do quarto de Pete, que deduziu que esta estava no telefone, já que não ouvia mais nenhuma voz vinda de lá.
Curioso em saber quem era, pegou o telefone da sala e colocou no ouvido, procurando não fazer barulho.
E a voz do outro lado da linha era de um homem, que parecia ter muita intimidade com Dani. E isso deixou Pete irado de ciúmes.
Logo ele escutou sua namorada se despedindo do sujeito e desligando o telefone, e fez o mesmo quando ouviu os passos dela saindo de lá para a sala.
– Oi meu amor, que bom que você voltou... - Ela falou até que notou melhor a expressão facial no rosto de Pete, que não parecia nada feliz. - O que aconteceu?
– Eu ouvi você falando no telefone... - Ele disse com uma voz de desgosto.
– E o que que tem demais? - Ela perguntou, preocupada com o namorado.
– O que que tem demais? - Ele deu um sorriso forçado, altamente irônico. - O que que tem demais, Dani?
– É, pode me explicar?
– Você tá me trocando! Pensa que eu não senti a intimidade que você e aquele cara estavam?
– Para com isso, por favor... - Ah sim, e deixar você me chifrar cada vez mais é? Talvez seja melhor você deixar um cara tão sem graça como eu logo... As vezes dá um ódio de ser tão idiota...
– PETER DENNIS BLANDFORD TOWNSHEND! - Dani gritou, quase chorando. - Qual é o seu problema?
– Qual é o meu problema?! Olha só...
– Cala a boca, cala a boca! Era o meu primo que não vejo a anos no telefone, tá? Encontrei ele ontem e dei o meu número pra poder me ligar.
Pete se calou na hora. Tinha sido um imbecil, mas um grande imbecil.
– Você é muito ciumento! Olha, eu te amo demais, mas nunca vamos conseguir prosseguir com o nosso relacionamento se você continuar assim.
– Dani, eu tenho medo... Medo de ser trocado...
– Trocado? Eu nunca faria isso, a menos que você fizesse uma merda das grandes e me magoasse. Para com isso, não foi pra ser alvo constante de ciúmes que eu aceitei morar com você.
– Mas...
– Nada de mas! E você não tem moral nenhuma pra ficar falando de mim. Pensa que eu não te vi paquerar umas garotas quando saímos juntos?
E Dani estava certa. Pete era o que estava sendo mais infiel no fim das contas.
– Escuta, eu ainda te amo... - Algumas lágrimas começaram a rolar do rosto da garota - Mas você me magoou muito. Muito mesmo.
Dani saiu correndo de lá, se trancando no quarto, abandonando Pete, cheio de remorso e arrependimento pelo o que dissera.
Na mesma hora ele correu para a porta do quarto, batendo nela desesperadamente.
– Dani! Qual é... - Ele se arrastava na porta escorregando para o chão, chorando também. - Abre essa porta, por favor...
Dani ouvia ele clamar cada vez mais, porém não sabia se era uma boa abrir mesmo. Estava magoada demais.

– Por favor... – Pete batia na porta, até cair enquanto se arrastava nela até o chão.

E nesse momento Dani a abriu. Ela estava com o rosto vermelho de tanto chorar, inchado também.

– Ah meu amor... – Pete se levantou na hora, a abraçando apertadamente. – Me perdoa, por favor...

– Tá bem... – Ela disse baixinho, o apertando no abraço. – Mas para com esses ciúmes, por favor...

– Vou tentar... - Ele tocou em seu rosto, enxugando algumas lágrimas. – Prometo.

– É bom mesmo hein...

Pete empurrou o queixo dela pra cima, a beijando apaixonadamente.

– Eu te amo, saiba disso... – Ele sussurrou em seu ouvido.

– Eu também te amo, seu viado... – Os dois riram muito, se abraçando mais ainda.

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Mary entrara no estúdio, caminhando tensa.

Não havia razão de estar lá, afinal ninguém marcara um ensaio nem nada. Mas ela precisava muito vir, muito mesmo. Precisava distrair um pouco sua mente.

Conectou sua guitarra no amplificador e começou a tocar e cantar aleatoriamente. Se divertia muito com isso, fazendo até algum solinho improvisado.

– Oi, quem tá aí? – Uma voz falou do lado de fora, e Mary ouviu seus passos ficando mais altos até que esta entrou no estúdio. Era Belle. – Ah, é você...

– Sim, Belle... – Mary disse com um certo desprezo na voz.

– O que tá fazendo aqui? Não tem ensaio hoje, não tem porque ter vindo.

– Eu vim porque quis... Se importa?

– Sim, me importo. Você não faz parte da banda, é só uma música paga.

– Como se só vocês usassem esse estúdio.

– Bem, mas você vai gravar algo?

– Não...

– Então pra que veio aqui?

– Ah, e por que se importa? Tá toda puta da vida porque eu vou pegar o que me pertence de volta né?

– O Roger? Se ele te pertencesse mesmo não teriam terminado...

– Ah, cala a boca!
Então Mary bateu no rosto de Belle, com ódio.

– Então você quer briga? – Ela gritou para a guitarrista substituta. – Tudo bem!
Ela pegou dois pratos de bateria, atirando na direção de Mary, que se desviou rapidamente.

– Ora sua... – Mary pegou na hora dois cabos, fazendo de chicote e lançando nela.

As duas brigaram muito, destruindo o estúdio inteiro. Evy e Dani não tinham nem ideia do que estava acontecendo com elas agora, mas tenho certeza de que quando soubessem, ficariam iradas.

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Evelyn estava abrindo a porta para sair, quando viu alguém deitado na varanda de sua casa. Era Keith. Este abriu os olhos e se levantou devagar na mesma hora.

– Não acredito, você dormiu aqui? – Ela perguntou não muito preocupada, porém surpresa.

– Pois é... – Ele disse se espreguiçando.

– Nossa, você curte mesmo insistir em ir atrás de mim, né... É o que pareceu nessas últimas semanas.

Ele nada disse, apenas deu uma risada leve, mas Evy pareceu continuar séria.

– Agora dá licença que eu vou à padaria... – Ela disse, se afastando. Mas Keith a seguiu. De novo. – Você é insistente hein...

– E você adora bancar a difícil. – Ele respondeu. – Mas não tem problema... É assim mesmo que é interessante.

Quando os dois chegaram à padaria, Evelyn foi atrás de pães franceses e nem viu o que Keith ficou fazendo. Tinha sumido.

“Aleluia” Ela pensou aliviada. “Achei que ele não ia sumir mais.”

Ele ficara indo atrás dela, praticamente todo o dia naquelas duas semanas. Podia jurar que tinha algum interesse nela. Mas nunca se sabe né? Podia estar querendo usá-la.

– São cinco libras. – O caixa falou,enquanto Evy desdobrava algumas notas de seu bolso.

– Aqui. – Ela botou umas notas encardidas no balcão, enquanto o caixa entregou o saco de pães. – Muito obrigada.

Então ela saiu de lá, e viu que Keith estava lá fora.

– Sabia que tinha algo estranho... – Ela disse ironicamente. – Você não ia sumir tão cedo.

– Eu fui comprar sorvete... – Ele estendeu-os, dando um pra ela.

– Obrigada, eu acho... Como sabe que eu gosto de morango?

– Não sabia, comprei por acaso.

– Ah tá...

Então ela ia andando de volta, irritada com ele seguindo como sempre, lambendo o sorvete.

– Para de olhar eu lambendo! – Ela falou impaciente para Keith, que a fitava com um olhar malicioso.

– Sua língua é bonita, fazer o que? – Ele deu uma mordida no sorvete, rindo levemente.

– E você é um grande pervertido hein...

– Muito obrigado.

Evy mostrou o dedo médio, fazendo uma careta.

– Você consegue ser irritante e engraçado ao mesmo tempo... - Ela disse não deixando de rir um pouco. – Curioso...

– Sou almaldiçoado...

– Pior que deve ser mesmo.

Eles ficavam conversando, discutindo um pouco, até que chegaram à porta da casa de Evelyn.

– Tchau Keith, e não durma na minha varanda de novo! – Ela quase gritou, deixando claro que falava sério.

– Mas antes vou fazer isso... – Então no mesmo minuto puxou a garota e a beijou, o que durou por uns dois segundos e meio, até que ela largou-se dele e deu um soco no rosto.

– Eu hein, você pirou?! – Ela gritou surpresa.

– Sempre... – Ele tocou na área aonde levara o soco. – Mas eu sei que você gosta de mim, eu sinto isso...

– Não mais... Cara, pare de ficar atrás de mim.

– Para de bancar a difícil, Evy... Eu gosto de você.

– Não gosta não. Só está com remorso do que aconteceu.

– Isso vai demorar mais do que eu pensava...

– Você não me convenceu, Keith! Vai ter que fazer mais para conseguir isso.

Então ela fechou a porta na cara dele, com um pouco de ódio. Mas curiosamente começou a imaginar aquela cena de novo.

Blue, Red And Grey, Capítulo 13

– Boa tarde, meninas. - Evelyn falou ao entrar no estúdio, com um pouco de dificuldades por causa do gesso. - Prontas pra ensaiar?

– Evy - Belle falou com uma cara mal humorada e desanimadora. - Você quebrou o braço, quem vai tocar?

– Eu. - Uma figura atrás da vocalista se manifestou, sendo que ninguém a notara antes.

– Quem é você? - Dani falou a encarando, achando ela familiar. - Mary?

– Sim! - Ela sorriu, fazendo Dani ficar bem feliz.

– Caramba! - A baixista correu pra abraçá-la. - Você tinha sumido, nem mandou uma carta ao menos.

– Pois é - Ela disse um pouco sem jeito.

– Mas quem é a Mary, não conheço... - Belle falou com uma expressão de perdida.

– Nossa amiga de infância. - Evelyn começou a explicar. - Nós até tínhamos uma bandinha, mas ela se mudou... Você não chegou a conhecê-la.

– Mas como achou a gente? - Dani perguntou curiosa.

– Eu estava na cidade e fiquei sabendo que a Evy quebrou o braço. Então procurei o número dela na lista telefônica e sugeri tocar guitarra na banda enquanto ela se recupera.

– Mas eu continuo cantando. - Evelyn acrescentou, pois não queria parecer inútil. - E vamos ter que pagar, a Mary não vai fazer isso de graça.

– Quanto? - Belle perguntou tentando se achar na conversa.

– 30 por demo, 40 por single ou faixa de álbum, 10 por cada música em show e 100 por álbum gravado.

– Porra, tudo isso... - Dani falou desanimada.

– São os tempos modernos Dani, o que posso fazer? - Mari falou sem expressão. - Tenho direito de ganhar bem também, sabe...

– Mas ela vai tocar apenas o que pedirmos e não vai interferir nas composições. - Evelyn falou, mesmo isso não mudando nada para as outras duas.

– Tudo bem, tudo bem... - Belle falou, tentando quebrar o gelo. - Vamos ensaiar ou não?

– Vamos. - Dani falou, já levantando da cadeira, enquanto Evelyn e Mary iam atrás delas.

– Então, estava compondo isso semana passada... - Dani falou, distribuindo algumas folhas para as colegas.

– Que ótimo, Dani! - Evelyn se empolgou, enquanto lia a folha dela. - Gostei da letra.

– Obrigada - Ela disse sorrindo de leve, enquanto voltava a falar. - Então, queria que ensaiássemos ela, só pra ver como fica.

– Tá bem. - Belle falou enquanto terminava de memorizar a parte dela.
– Vamos. - Dani falou, já levantando da cadeira, enquanto Evelyn e Mary iam atrás delas.

– Então, estava compondo isso semana passada... - Dani falou, distribuindo algumas folhas para as colegas.

– Que ótimo, Dani! - Evelyn se empolgou, enquanto lia a folha dela. - Gostei da letra.

– Obrigada - Ela disse sorrindo de leve, enquanto voltava a falar. - Então, queria que ensaiássemos ela, só pra ver como fica.

– Tá bem. - Belle falou enquanto terminava de memorizar a parte dela.

Evelyn tentou ajeitar o microfone, com um pouco de dificuldade.

– Quer uma ajuda, Evy? - Mary perguntou ao perceber.

– Não, obrigada. - Ela disse meio frustrada, pois não queria ser tratada diferente por estar com o braço engessado. - Eu estou bem.

– Ok... - Mary respondeu sem acrescentar mais nada, enquanto pegava uma palheta do bolso.

– E 1, 2, 3, 4... - Dani começou a falar.

E o ensaio começara.

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___

– Chega... - Evelyn falou, com um pouco de dor no braço. - Acho que já deu por hoje, vamos embora, por favor...

– Tá bem, Evy - Dani falou, com pena dela. - Tchau pra vocês...

Logo ela e Belle saíram do estúdio, enquanto Mary terminava de ajeitar algumas coisas.

– Você teve um ótimo desempenho, Mary. - Ela falou com um leve sorriso, enquanto observava ela arrumar algumas cordas.

– Obrigada, Evy... - Ela agradeceu enquanto se concentrava nas cordas desalinhadas.

Naquela mesma hora entrara uma mulher de uns prováveis 40 anos na sala. Era a secretária.

– Srta. Blen, tem alguém querendo falar com você. - Ela avisou, enquanto Evelyn deu de ombros.

– Aonde é o telefone? - Ela perguntou sem muita curiosidade.

– Não. - Ela corrigiu. - Lá fora.

– Ah sim... - Evelyn virou o olhar para Mary, que parecia ocupada. - Eu vou lá então, tá bem Mary?

– Sim, até mais... - Ela acenou, demostrando que estaria tudo bem.

– Ok, vamos lá. - Evelyn falou virando para a secretária, a acompanhando.

Apesar das dificuldades, ela estava até tranquila sobre a sua situação. Mary não era uma guitarrista medíocre e até poderia contribuir com algumas músicas, e talvez ela até poderia realizar uma vontade que queria: Fazer um show pendurada de cabeça pra baixo uma camisa de força.

"Até que foi útil isso..." Ela sorriu um pouco. "Mas ainda quero matar aquele merda do Keith."

E logo voltou a sentir um pouco de raiva.

E falando no diabo, olha só quem estava lá. Evelyn não ficou nada empolgada ao vê-lo.

– Oi Evelyn... - Ele disse acenando.

– O que você quer? - Ela disse friamente, queimando de ódio por dentro.

– Saber como você está.

– Bom, eu estou bem, ou estava antes de você aparecer.

– Hummmmm... Então você está melhor ainda?

– Não enche. Aliás, nem devia ficar atrás de mim, sabe. Se não fosse por esse gesso te dava um soco agora.

– Não faz mal, você fica sexy sendo violenta.

Evelyn lutou pra não corar, e então fez uma cara de desgosto.

– Ah, cala a boca. - Ela disse de mau humor. - Pare de me procurar, ok?

– E se fazendo de difícil também... - Ele comentou com uma cara maliciosa, o que irritava e excitava a garota mais ainda.

– Não vou perder meu tempo com você, até mais. Ela saiu de lá, mas Keith a seguiu. De novo.

– Escuta, por que você gosta tanto de me seguir, hein? - Ela perguntou, sem graça.

– É legal. - Foi o que apenas respondeu.

– Mas e se eu estiver indo pro inferno, você vai também?

– Eu vou pra lá mesmo sem depender de você, que diferença faz?

– Mas pra que você quer ficar atrás de mim, porra?

– É uma noite perigosa, principalmente para uma garota de braço engessado.

– Eu não ligo. Sei me defender.

– Mas com gesso vai ser complicado...

– Quer saber? Foda-se, se quer me seguir, que me siga.

_________________________________

Pete estava sentado no sofá de sua sala, cantarolando qualquer coisa enquanto tomava uma latinha de cerveja. Tudo estava muito quieto, e solitário.

Mas logo a campainha tocou, interrompendo o silêncio.

– Já vai... - Ele disse arrumando forças pra se levantar, indo destrancar a porta.

Ao abrí-la, Dani o abraçou na hora e o beijou com vontade, fazendo-o ficar surpreso.

– Oi... - Ela sussurrou pra ele, enquanto pressionava seus lábios contra os dele. - Senti sua falta...

– Eu também. - Ele falou, sem parar de beijá-la.

– Nós mal tivemos tempo pra nós nesse mês... São tantas coisas e shows pra fazer...

– É complicado mesmo, mas então vamos aproveitar essa hora.

E ao dizer isso empurrou ela contra a parede, botando os braços em volta para impedir que ela escapasse (como se ela fizesse isso).

– Hum, mas quanta atitude hein...

Pete riu da cara maliciosa que ela fazia, excitado.

– Agora você está encurralada...

– Oh, mas eu sou uma moça indefesa, seja cuidadoso comigo por favor! - Ela falava de um jeito que poderia ser considerado dramático, se não estivesse rindo.

– Nananinanão mocinha... - Ele disse cada vez mais em clima de brincadeira. - Ninguém diz o que eu devo fazer.

Então ele a agarrou e começou a beijar, depois descendo os beijos para seu pescoço, enquanto Dani gemia incessávelmente.

Era uma noite pra se aproveitar, não?

_________________________________

Mary estava terminando de arrumar suas coisas, até que ouviu alguns passos e uma voz familiar.

– Belle, você está aí? - É o que ela dizia.

Logo ela saiu do estúdio, olhando para o lado e viu quem era.

– Oi, Roger... - Ela disse com um jeito meio triste, sem fazer contato visual direto.

– Mary? - Ele olhou surpreso. - O que faz aqui?

– Fui contratada por uma amiga minha pra tocar guitarra na banda dela temporariamente, ela quebrou o braço e não pode tocar por um mês...

– Você conhece a, a... Evelyn, acho que esse é o nome dela...

– Claro, é a minha amiga de infância.

– Ah sim... Mas como você está?

– Com saudades...

Ele olhou para Mary desentendidamente.

– Desculpa, Mary... - Ele falou. - Estou interessada em uma outra garota agora.

– Volta comigo, por favor... - Ela tocou em seu rosto, alisando seus cabelos loiros.

– Não sei...

Mary tentou beijá-lo, mas logo foi interrompida por um...

– ROGER! - Grito. Era Belle, tinha voltado pro estúdio, pois esquecera seu casaco. - O que é isso?!

– Um casal voltando, não está vendo? - Mary falou enquanto tentava abraçar Roger, que a impedia.

– Mary... - Belle falou, quase vermelha de raiva. - Vamos lá fora... Pra conversar.

– Belle, não é isso que você está pensando. - Roger falou tentando impedi-las.

– Não importa, mas fica aí. - Belle falou, o encarando de um jeito raivoso. - É uma ordem.

Roger resolveu não discutir, ficando lá então. Belle levou Mary para o lado de volta do estúdio, com uma cara de ódio.

– E então? - Belle começou a reclamar. - O que há entre você e o Roger?

– Ele é meu ex. - Ela disse sem medo da baterista. - Mas eu ainda quero ele, por que quer saber?

– Desculpa, mas a fila andou...

– Como assim?

– O Roger quer a mim agora, foi mal... Perdeu sua chance.

– Haha, vai sonhando... Ele não resiste a mim.

– Ora sua...

Belle não se controlou, logo deu um soco na garota.

– Então você quer briga? - Mary gritou, passando a mão na parte do rosto onde Belle socara, e logo a socou também. - Pois briga você terá!

E então as duas começaram a se bater, puxar os cabelos, se chutar...

– BELLE! MARY! PAREM COM ISSO! - Roger gritou horrorizado com a cena, indo no meio delas impedindo que se batessem.

– Não me impeça, Roger! - Belle gritou endurecida, olhando para Mary com ódio.

– Esquece essa briga ridícula! - Mary rosnou. - Eu vou pra casa!

– Espera aí, Mary! - Roger falou preocupado.

– O que?! - Belle falou indignada. - Está mais preocupado com ela?! Ah, Roger Daltrey, seu canalha... Vou pra casa também, sozinha!

E Roger não soube qual das duas seguir, ficando sozinho no meio da entrada do estúdio.

Blue, Red And Grey, Capítulo 12

 Depois de Roger ter deixado Pete com o nariz sangrando, os dois estavam com mais ódio um do outro do que nunca. A turnê foi uma catástrofe. Durante alguns shows, ambos tentavam roubar a atenção do público para si mesmos, se metendo em discussões e parando shows pela metade. Depois que eles voltaram, John e Keith tentavam fazer os dois pararem, mas não adiantava nada. Nem ao menos queriam chegar perto um do outro e enquanto gravavam alguma demo ou single em algum estúdio, exigiam gravar em estúdios separados.

Estavam muito piores do que antes, de fato, chegando até a apelar pra violência em algumas ocasiões.

– Nós temos que fazer eles pararem com isso logo, senão a banda vai acabar... - John falava pra Keith, nervoso.

– Mas eles não param... A única vez que eu lembro que eles ficaram quietos foi quando a Dani estava aqui... - Keith olhou para cima com um olhar de quem teve uma idéia. - Já sei!

– O que?

– Bem, acho que o Pete gosta de parecer "civilizado" perto da namorada... E como ela toca numa banda, melhor ainda, se fizéssemos um show juntos, talvez o Pete e o Roger se lembrassem que ainda podem trabalhar juntos, apesar de se odiarem.

John até ficou pasmo, mas gostou da idéia.

– Agora temos que falar isso com elas, não é...

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– Parece uma boa idéia... - Dani falou enquanto afinava uma corda. - Não gosto de ver aqueles dois brigando, é horrível. Perdi as contas de quantas noites eu tive que fazer um curativo ou compressa de água pro Pete.

– Eu topo também. - Belle comentou animada, quase pulando. - Ainda mais porque posso me aproximar mais do Roger...

– Mas temos que falar com a Evelyn também, sem a decisão dela não dá. - Dani mordeu os lábios.

– Eu o que? - Essa mesma falou, olhando pra John e Keith com uma expressão de desinteresse. - O que eles fazem aqui?

Então os dois explicaram a história toda para a líder do Whereland, que não pareceu muito empolgada.

– Não sei... - Ela olhava para os lados segurando um cigarro nos dedos. - Será uma boa idéia?

– Por favor, Evy... - Belle implorava, quase chorando. - Por favor...

– Hum... - Ela deu uma rápida olhada para os dois membros do Who de novo, que olhavam esperançosos por um sim. - Tudo bem... Mas não quero um mindinho do Townshend tocando na minha guitarra, prefiro ela inteira do que destruída, sabe...

– Nós damos um jeito. - John riu um pouco. - Agora temos que convencer o Roger e o Pete, o que vai ser um pouco mais complicado...

E foi mesmo. Nem Pete nem Roger sabiam das reais intenções de seus colegas de banda, mas este primeiro achou uma ótima idéia. Roger não estava certo ainda.

– Vamos fazer show com elas só porque é a sua namorada que está naquela banda ou porque são elas são boas, hein Townshend?

– Cala a boca. - Pete deu uma cortada odiosa. - Elas são ótimas sim, eu comprei o disco delas e gostei do som.

– Quero ouvir antes pra saber... - Roger falou num tom de desprezo.

– Tudo bem... - O guitarrista falou com um olhar irônico. - Mas Roger, você tem uma voz boa, só que não ajuda em praticamente nada. Quem pensa que é pra falar assim?

– Ora seu... - Roger estava quase avançando em cima dele, de tanto ódio.

– Vamos ouvir a porra desse disco ou não?! - John gritou impaciente, o que surpreendeu os outros três, já que ele era o mais calado.

– Tá bem, tá bem... - Roger deu um olhar gélido pra Pete enquanto eles botavam o disco na vitrola.

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Já estava tudo acertado, no fim das contas. A maioria dos fãs das duas bandas ficara animado, empolgados para ir. O show ia ser em um pequeno festival que estava ocorrendo na cidade.

Seria assim: A cada três músicas tocadas de uma das bandas, esta parava de tocar e começava a tocar a outra. E a Whereland acabou sendo a primeira neste rodízio.

Então as três entraram e uma boa parte da platéia começou a vibrar.
– Olá, pessoas que tiveram a coragem de gastar seu dinheiro pra encher o bolso dos outros e ver nosso show! - Evelyn gritou descaradamente sem se importar com a reação do público. - Bom, vocês não querem ficar me ouvindo falar né, vamos ao que interessa pra parecer que não foi perda de tempo.

Então ela começou a tocar alguns acordes enquanto Dani e Belle a acompanhavam. Ela optou por tocar uma música das não muito conhecidas, Where Mr. Gene lives?, ao invés de alguma popular, como Jeanie Liar, que a maioria das pessoas esperavam provavelmente.

Mr. Gene, what a nice guy

But nobody know where he lives

I tried to follow him, but he disappeared

Maybe is he a witch?

Nobody believes me, but one day he invited me to meet his house

And I went there for curiosity

Apesar de não ser o que a platéia esperava, eles aproveitaram enquanto a banda tocava. Evelyn ficava frustrada por receber mais atenção do que as outras duas, mas o que ela podia fazer? Dani e Belle eram tímidas demais pra chamar atenção.

Logo prosseguiram com Katie's Brother e Just Looking to Your (Stupid) Face, e então o The Who entrou, ocupando a outra parte do palco.

Don't mind, other guys dancing with my girl

That's fine, I know them all pretty well

But I know sometimes I must get out in the light

Better leave her behind with the kids, they're alright

The kids are alright

Espantosamente, a teoria de Keith estava certa. Nem Pete nem Roger moveram um dedo contra o outro, tocavam como "pessoas civilizadas".

As três observavam eles tocando, Belle paquerando Roger, enquanto este mandava algumas piscadelas pra ela, Dani acenando discretamente pra Pete, que sorria e Evelyn apenas observando eles tocarem, enquanto apreciava as músicas.

Logo o show corria bem, ambas bandas cooperavam perfeitamente e a platéia estava agitada.

O Who fechou o show, tocando My Generation. E claro que não podia faltar Pete e Keith quebrarem os instrumentos.

Pete foi o primeiro, batendo com ela muito forte, fazendo ela rachar na primeira tentativa e se partir na segunda.

Logo Keith começou a chutar os tambores da bateria para os lados, enquanto a platéia gritava animada.

Mas ninguém contava que um dos tambores iria na direção das meninas, que observavam eles tocarem.

Dani e Belle escaparam de lá na hora, só que Evelyn estava distraída e não saiu a tempo suficiente e...

BAM.

O tambor acertara a garota em cheio, fazendo ela se encolher no chão de dor.

– Meu Deus, Evelyn! - Dani correu desesperada para a amiga, que agonizava em dor.

– Ai... - Ela falou segurando o choro. - Acho que quebrei o braço...

– Alguém me ajuda aqui! - Dani gritou desesperada, enquanto Pete e John foram até elas, segurando Evelyn pelos braços, fazendo a garota gritar de dor.

– AI, CARALHO! - Ela gritou de dor. - É aí que tá doendo, merda!

– Me dá ela aqui! - Keith falou rápido, e antes que Pete ou John reagissem, ele pegou a garota pelos braços e saiu correndo procurando uma enfermaria.

– Me larga, Moon! - Ela gritava esperneando, com ódio.

– Se você quiser ficar aqui com o braço quebrado, por mim tudo bem.

Evelyn viu que seria babaquice, e então deixou ele a carregar até achar uma enfermaria.

Quando chegaram lá, Keith ficou esperando do lado de fora enquanto a enfermeira foi examinar Evelyn.

– Não quero usar gesso! - Ela reclamava, gemendo de dor. - Pode tentar colocar meu osso no lugar de novo, eu aguento a dor...

– Srta. Blen, você não deslocou seu osso... - Ela falou enquanto preparava o gesso. - Você o fraturou. Desculpe, mas vai ter que usar gesso sim.

– Merda... Por quanto tempo?

– Um mês.

– UM MÊS?! Mas como eu vou tocar assim?

– Simples, não vai. Vai ficar repousando até esse tempo passar.

Evelyn ficou com raiva, era muito tempo. Logo a enfermeira colocou o gesso, a liberou e ela saiu.

– E então? - Keith perguntou quando viu a garota sair de lá.

Ela o olhou com certo desprezo, mas logo respondeu:

– Estou presa a essa merda de gesso por um mês.

– Nem é tanto tempo... Pensei que era pior...

– Que seja... Mas por que me levou até aqui?

– Bem, eu estava me sentindo culpado... É a segunda mancada que eu faço com você, isso é o mínimo que eu podia fazer.

Ela o encarou desconfiada.

– Segunda?

– Pois é... - Ele falou meio sem jeito. - Eu lembrei o que aconteceu naquela noite.

– E não falou nada?

– Bem... Não. Lembrei um tempo depois que você saiu.

– Nossa... Você é inacreditável, Keith Moon.

– Meus amigos me chamam de Keith... Você me chama de John.

– Eu vou é te chamar de filho da puta, isso sim.

Ele riu um pouco, mas Evelyn continuava séria.

– Tá certo que eu fiz merda, mas não precisa ficar xingando a minha mãe... - Ele falou adorando provocar a garota. - Não foi tudo culpa dela.

– Tem razão. - Ela disse mostrando a língua. - Aposto que ela esperava ter um filho melhorzinho...

– Obrigado, hein, também concordo.

– Você é chato, viu...

– Você também.

Enquanto eles conversavam/discutiam, chegaram Dani, Pete, Belle, Roger e John até lá.

– E então, Evy? - Dani perguntou nervosa, preocupada com a amiga. - Como você tá?

– Bem... - Ela falou com um tom sarcástico. - Não é a melhor sensação do mundo ter um braço quebrado, mas até que não é muito ruim...

Dani riu um pouco, enquanto conversavam mais. Alguns fãs vieram até lá ver como ela estava.

– Mas você está bem mesmo? - Um jovem fã da Whereland, chamado Ian, perguntava isso toda hora para Evy.

– Sim, sim, vou ficar bem... Eu espero.

Blue, Red And Grey, Capítulo 11

Uma semana se passou. As meninas da Whereland haviam voltado pra Inglaterra, enquanto Pete e Dani foram separados de novo, já que ele e o resto do The Who estavam ainda no meio de sua turnê.
Evelyn estava trabalhando no novo disco da banda, compondo mais músicas. Ela já havia deixado para lá o que rolara com Keith, na verdade nem o vira mais depois daquele dia.
Seu foco agora era compor, ensaiar e gravar algumas demos.
Belle e Roger não haviam ainda definido o relacionamento atual de ambos. Roger não a pedira em namoro nem nada, o que deixava a garota meio frustrada. Ela estava disposta a criar um relacionamento sério com o rapaz, mesmo só o conhecendo a uma semana.
Dani se concentrava em tentar compor mais. No tempo que passara com Pete em Paris, enquanto não estavam tendo encontros românticos, ele a ajudava a ter alguma inspiração. E isso a ajudava bastante.
E Evelyn estava lá para ajudar a amiga, caso precisasse.
– O que acha desses acordes, Evy? - Dani perguntou enquanto os reproduzia no baixo.
– Está legal, mas acho que podia adicionar alguma coisa a mais. - Ela disse enquanto apoiava o queixo no lápis.
– Como o que?
– Talvez isso...
Ela reproduziu o mesmo som que Dani fizera, adicionando algumas notas extras.
– O que acha? - Evelyn olhou para a amiga, que assentiu sorrindo de leve.
– Ficou ótimo, espera que eu vou anotar essas notas... - Ela pegou o lápis ao lado e escreveu no papel. - E obrigada por me ajudar.
– De nada.
No mesmo tempo, Belle entrou segurando uma caixa.
– Oi meninas! - Ela disse animada, com um pouco de dificuldade ao entrar com aquela caixa.
– Espero que você tenha um bom motivo pra ter chegado atrasada. - Evelyn falou um pouco impaciente. - Vai precisar.
– Calma, calma... - Ela disse um pouco vermelha de calor, pois estava cansada. - Eu trouxe sorvete!
– SORVETE? - A guitarrista quase teve um ataque do coração ao ouvir isso, pulando. - ATRASO PERDOADO, CHEGA DE ENSAIAR E VAMOS COMER!
As outras duas riram enquanto Evelyn avançava na caixa, a abrindo loucamente.
– Que coisa linda esse creme gelado de morango... - Evelyn dizia enquanto elas tomavam o sorvete. - Modelos anoréxicas nojentas só perdem resistindo a essa tentação de congelar o cérebro. Mas o bom que sobra mais pra mim.
– Hahahaha - Dani ria enquanto colocava a colher na boca. - Mas está bom mesmo, aonde você comprou, Belle?
– Na padaria da esquina. - Ela falou enquanto dava mais uma colherada.
– A gente mal tem parado pra conversar, não é... - Dani comentou pensativa. - Ultimamente tem sido só compor e ensaiar...
– Verdade... - Belle falou com ar triste. - Como vai você e o Pete?
– Estamos ótimos, apesar de um pouco distantes por causa das turnês. - Ela falou calmamente, enquanto botava um pouco mais de sorvete no pote. - Só espero que ele não arrume nenhuma garota por aí.
– Eu ainda me pergunto se o Roger vai tomar atitude e me pedir em namoro...
– Mas vocês mal se conhecem, Belle... - Dani falou com um pouco de desgosto, enquanto enchia a colher de sorvete. - E se foi que nem a Evy e o Keith, só uma ficada?
– Não me lembre disso, por favor... - Evelyn disse um pouco cabisbaixa, mesmo não estando prestando muito atenção na conversa das garotas.
– Desculpa Evy... - Dani falou enquanto olhava a garota com pena.
Evelyn era orgulhosa demais pra assumir, mas sentira alguma coisa por ele. Só que agora mal dava para saber se esse sentimento era bom ou ruim.
– Mas bem, como eu ia dizendo... - Dani virou a cabeça para a baterista, que se servia mais de sorvete. - Odeio cortar suas esperanças, mas não fica achando que isso vai acontecer, ok... Será melhor pra você, acredite.
– Mas eu acho que ele gosta de mim, Dani! - Belle falou um pouco animada. - Ninguém nunca me defendera que nem ele, quando aquele palerma me xingou, foi muito cavalheirismo dele ir até lá bater nele, pelo menos é o que eu acho.
– Tudo bem, você que sabe... - Dani falou enquanto pegava o restinho de sorvete no pote.
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__"Meu Deus, como é que eu vou fazer isso?" Roger soava nervoso enquanto olhava Pete tomando uma garrafa de vodka no outro lado do quarto de hotel. "Não é tão fácil assim, ainda mais que ele me odeia."
Mas logo o loiro tomou coragem e chegou mais perto do tão odiado colega de banda.
John e Keith não estavam lá, o que facilitava um pouco as coisas.
– Ahn, Townshend... - Ele já começou a falar sem jeito.
– O que é, Roger? - Ele se virou para o vocalista, com uma expressão um pouco desprezível.
– Nada, s-só estava querendo ver se você estava afim de conversar...
– Não vou te emprestar meu dinheiro nem nada disso, se é o que você quer, esqueça.
– Não quero seu dinheiro. Mas... Hum, e você? Vai ligar pra sua namorada hoje?
– Não, por que quer saber?
– N-nada demais...
– Me fala Roger Harry Daltrey! Qual é o seu interesse na Daniele, posso saber?
– Nenhum, eu só...
– Nem vem com esse papo. Eu lembro que quando eu a apresentei para você, o John e o Keith, você estava a paquerando!
– Mas isso foi a meses!
– Não interessa!
Roger vira que não conseguiria nada, vendo que Pete era muito cabeça-dura e ciumento.
– Mas pra que essa preocupação, Pete? - Ele olhou de um jeito desafiador, alimentando as paranóias do guitarrista de que ele estava interessado em roubar sua namorada. - É muito frouxo pra manter um relacionamento, fazendo com que todas te troquem?
– Ora seu... - Pete não pensou no momento, avançando em cima de Roger com um soco. - Vai se fuder, não fale assim de mim!
Roger, enfurecido e impaciente, deu um soco de volta, bem no nariz, fazendo Pete cair no chão imediatamente. Então o loiro o observou com uma cara de desprezo.
– Você é um idiota, Townshend. - Ele disse rindo da cara de Pete, que estava botando a mão no nariz ensanguentado. - Eu só queria saber se você podia pedir pra Daniele que ela me passasse o número da amiga dela, a Belle. Mas esse seu orgulho, seus ciúmes e essa sua insegurança de não conseguir continuar com seu relacionamento fuderam você.
Roger se dirigia até a porta deixando Pete lá, sangrando.
– Você é patético. - Roger disse com desprezo, enquanto saía.
E Pete ficou lá um pouco duvidoso, provavelmente bem inseguro depois do que Roger dissera.

Blue, Red And Grey, Capítulo 10

– Bom dia garotas... - Dani falou entrando no quarto, vendo Roger e Belle se beijando apaixonadamente. - Hã, acho que entrei na hora errada...
Por sorte eles já estavam vestidos, só estavam aos beijos sentados no sofá mesmo. Mas ao Dani entrar pararam.
– Não, tudo bem... - Roger falou, levantando do sofá. - Então, Belle, nos vemos mais tarde né?
– Sim, sim... - Ela falou corada. - Até mais.
Roger deu um beijo na sua testa, acenou pra Dani e saiu do quarto.
– Belle, me conta tudo! - Dani falou empolgada, chegando mais perto da amiga.
– Claro!
Belle falou desde que ele a convidou para a festa até quando beijara Roger no hospital. Mais tarde, os médicos liberaram ele, então os dois foram para o hotel.
No corredor, ele começou a beijá-la sedentamente. Ela abriu a porta do quarto aonde ela e as outras estavam hospedadas, e viu que não havia ninguém. Então, aproveitaram o momento para se "conhecerem melhor".
– E dei muita sorte de nem você nem a Evelyn terem vindo pra cá... - Ela falou, com vergonha. - Ia ser meio constrangedor...
– Espera, então a Evy não veio pra cá? - Dani perguntou, curiosa.
– Não... Não a vejo desde fomos pra festa, ela foi se embebedar e sumiu.
– Que estranho... Onde será que ela pode estar?
Até que alguém abriu a porta. E era a própria Evelyn.
– O-oi meninas... - Ela falou baixinho, fechando a porta, sem olhar para o rosto delas.
Dani e Belle repararam que ela estava meio detonada e um pouco mais suja do que de costume. Não disseram nada, só a observaram.
– Aonde você estava? - Dani perguntou curiosa.
– Por aí... - Ela respondeu, pegando sua guitarra. - Vou lá embaixo tomar café da manhã e ensaiar um pouco.
Então ela saiu, um pouco apressadamente, como se estivesse tentando fugir delas.
– Ela tá escondendo alguma coisa... - Belle falou, com um olhar desconfiado.
– Sim... - Dani assentiu. - Mas ela não vai contar pra gente tão fácil.
– Então acho que devíamos investigar...
– É uma boa.
Então as duas amigas saíram, indo atrás de Evelyn discretamente.
A vocalista andou até o refeitório, pegando alguns pães para comer e sentou na mesa.
Ela comeu devagar, parecendo pensativa.
– Acho que só descobriremos o que houve se voltarmos no salão. - Belle sugeriu, vendo que poderia ser inútil segui-la.
– Boa ideia... - Dani falou e as duas foram até lá.
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– Ah sim... - O barman falou, lembrando da noite passada. - Eu lembro, ela estava bebendo aqui, acho que quando estava na segunda garrafa, vieram dois rapazes sentar do lado dela.
– Que rapazes? - Dani perguntou.
– Os dois eram morenos... Um de olhos azuis e outro de olhos castanhos... O de olhos azuis não ficou muito tempo lá, então ela ficou conversando com o outro, enquanto iam bebendo.
– Ok... - Belle falou atenta. - E depois?
– Eles beberam, beberam pra caralho. Logo ela pediu mais umas duas garrafas e os dois saíram de lá, levando elas. Só isso que eu sei.
– Tudo bem, obrigada... - Dani agradeceu e então saíram de lá.
– Dani, tenho uma hipótese de quem devem ser os caras... - Belle falou enquanto iam andando pelo hotel.
– Quem?
– Bom, o John e o Keith foram beber um pouco depois da Evy. Não fiquei prestando atenção, mas vi isso. E quando o Roger desmaiou, só o John veio ajudar, o Keith havia sumido. E eles batem com a descrição.
– Então será que é o que eu estou pensando?
– Acho que sim... Eles passaram a noite juntos.
– Mas por que ela não contou isso pra gente?
– Sei lá...
– Devíamos ir perguntar pra ela.
– Sim, então vamos...

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Evelyn estava no quarto, tentando tocar alguma coisa.

Então logo viu Dani e Belle entrarem, e não disse nada.
– Evelyn, não precisa fugir da gente. - Dani falou calma, olhando para ela.
– Sabemos o que aconteceu noite passada. - Belle falou de braços cruzados, encarando a amiga.
– Sabem? - Ela falou baixinho, erguendo a cabeça para olhar pra elas.
– Sim. Você dormiu com o Keith, não é? - Dani falou sem deixar de olhar para a amiga.
Evelyn não disse nada, apenas assentiu.
– Mas então por que não contou nada? - Belle falou intrigada. - Somos suas amigas, pode falar tudo...
– É que não era pra ter acontecido... - Ela disse olhando pro lado. - Vou contar pra vocês o que rolou.

Flashback

Lá estava eu, numa noite desinteressante, nem sabendo por que havia aceitado vir nessa festa. O máximo que eu poderia fazer era me embebedar um pouco, e depois voltar pro quarto.
Pedi algumas garrafas, e logo vieram dois caras sentarem do meu lado.
– Oi. - Um deles cumprimentou, estendendo a mão para mim. - Sou John Entwistle.
– Evelyn Blen. - Respondi apertando sua mão.
– Keith Moon. - Ele, ao invés de estender a mão, estendeu o pé. Também estendi o meu, tocando-o no dele, achando o cumprimento engraçado.
– Acho que já ouvi falar de vocês... - Falei observando os dois. - Tocam no The Who, não é?
– Sim. - Os dois responderam em sincronia.
– Ah sim... - Falei enquanto tomava um copo em whisky. - Minha amiga Daniele namora o Pete, ela já falou um pouco de vocês pra mim.
Então ficamos conversando por um tempo, até que uma garota qualquer começou a flertar com John.
– Não quer dançar? - John sugeriu a ela.
– Sim. - Ela estendeu sua mão e John a segurou, levando-a pro meio do salão.
Eu e Keith ficamos ali então, conversando e bebendo.
Ele era bem estranho, como eu. Ria de algumas coisas que ele falava e trocávamos algumas idéias.
Então durante a conversa, tomei um copo inteiro de whisky de uma só vez. E ele a ver isso, pediu dois de uma vez, tomando-os ao mesmo tempo.
Percebi o que ele queria. Me desafiara para ver quem bebia mais.
Então bebemos muito, até ficarmos completamente sem noção dos nossos atos.
Eu já estava cansada de lá, e então pedi duas garrafas e saí. Mas ele me seguiu.
– Aonde a senhorita pensa que vai? - Ele falou com uma voz bêbada, me segurando pela cintura.
– Ah, para com isso, Keith... - Eu ria muito, então me soltei dele e saí correndo, enquanto ele ia atrás de mim.
Chegamos na piscina, aonde sentei na borda e abri uma garrafa. Logo ele veio, sentando do meu lado e abrindo a outra.
Ficamos falando coisas aleatórias, até que ele me perguntou:
– Você gosta de água?
– É, acho que gosto... - Falei risonha, de tão bêbada que eu estava.
– Então acho que vai gostar disso! - Ele me empurrou na piscina, quando eu voltei a superfície, ele estava rindo de mim.
– Socorro! Não sei nadar! - Fiquei me debatendo pela água e afundei por um tempo.
– Evelyn! - Keith chegou mais perto da borda, observando.
Logo voltei para a superfície de novo e o puxei, rindo muito.
– Você me enganou, sua danadinha... - Ele falou com um ar brincalhão, e ao mesmo tempo, atrevido.
– Sim - Fiquei rindo. O que vai fazer?
Logo ele começou a jogar água em mim, e eu retribuí, e então ficamos fazendo uma guerra de ondas.
– Chega, chega... - Eu falei ofegante, rindo.
Então ele chegou mais perto de mim e me beijou.
O beijei de volta na hora, ficamos ali por mais uns 10 minutos.
Depois que saímos da piscina, ele não parava de me beijar. Às vezes eu não o deixava alcançar minha boca, então ele espalhava vários beijos pelo meu pescoço.
Eu soltava alguns gemidos leves enquanto ele fazia isso.
Depois começamos a nos beijar mais intensamente. Eu sabia quais eram suas intenções, e não iria impedi-lo, pois não podia me controlar.
Logo fomos para o seu quarto, onde sentamos na sua cama, enquanto nos beijávamos mais e mais rápido.
Ele me empurrou para eu deitar no colchão, enquanto começava a tirar minhas roupas e eu as dele.
Ia ser uma longa noite.

Fim do Flashback

– E foi isso. - Evelyn falou olhando para a parede, como se enxergasse a cena. - De manhã eu acordei, e lembrei de tudo. Ele estava dormindo, então peguei minhas roupas espalhadas, me vesti e saí de lá, vindo pra cá.
– Você já falou com ele hoje, Evy? - Belle perguntou, e a garota virara o rosto para a baterista.
– Não... - Evelyn balançou a cabeça horizontalmente. - Talvez eu vá depois.
– É melhor ir mesmo, pra acertar as coisas. - Dani falou indiferente. - Mas já pensou na hipótese de vocês ficarem juntos? Combinam muito, e você anda precisando de um namorado, convenhamos.
– Não sei, Dani... - Evelyn respondeu meio sem emoção. - Acho que prefiro ficar solteira.
– Que pena, ia ser uma graça... - Belle falou de um jeito fofo. - Pelo o que você contou, pareciam bem felizes.
– Estávamos bêbados. - Evelyn falou com um sorriso magrelo e amarelado. - Vocês sabem que eu rio de tudo quando bebo muito.
– Verdade... - Dani falou rindo um pouco.
Então as três ficaram conversando por mais algumas horas.
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Keith estava sentado em uma mesa perto da piscina, lendo um jornal qualquer.
– Oi... - Evelyn falou, sentando em uma cadeira ao lado.
– Oi. - Ele falou, deixando o jornal em cima da mesa.
– Escuta... - Evelyn começou a falar, um pouco nervosa. - Sobre a noite passada, foi só uma noite né? Devíamos esquecer e voltar para as nossas vidas.
– Mas do que você está falando?
– Ué, você não sabe?
– Não... A única coisa que eu sei é que estou com uma dor de cabeça terrível.
– Não lembra do que aconteceu mesmo?
– Não. Por que? Eu deveria?
Evelyn respirou fundo e pensou um pouco no que ia falar.
– Deixa pra lá... - Ela disse, se levantando. - Tenha uma boa tarde, Keith.
Então ela saiu de lá, e ninguém sabia dizer se estava triste ou aliviada.